Viagem Roubada

Capítulo 21

Gabriela.

Os dias pareciam uma eternidade, passavam devagar e a cada um deles eu perdia as esperanças. Confio em Alice, sei que ela esta me procurando, mas temo que não consiga me encontrar.

Não sabia qual era a situação, será que o Antônio estava ajudando ela?

Dmitri mal dava comida pra gente, ficávamos dentro das celas e algumas de nós éramos levadas conforme os dias iam passando.

As mulheres que vieram comigo ainda estavam aqui, ficamos todas juntas. Eles falavam que éramos especiais, que íamos ter um final melhor.

Não entendi o que ele queria dizer com isso mas tenho certeza que coisa boa não seria. 

Eu chorava praticamente todas as noites, era desesperador dormir e acordar ali. Eu estava enlouquecendo!

Um certo dia Dmitri tirou meu grupo das celas e pediu que seus seguranças levassem todas para experimentar roupas em alguma das salas daquele lugar.

Não sabia o que estava por vir até que Simone me contou, ela disse que era uma das etapas para sermos vendidas. Tínhamos que ficar apresentáveis para os possíveis compradores.

Não adiantava gritar, espernear ou ter ódio. Eu estava simplesmente sem reação.

Eu seria vendida!

Simone tentou conversar comigo algumas vezes para me tranquilizar, nós arrumaríamos um jeito de fugir na hora da venda. Teria que dar certo! 

Quando escureceu seus seguranças colocaram algemas em todas nós e  sacos pretos nas nossas cabeças. Entramos em um carro ou uma van e depois de um tempo em um avião.

Não sei quanto tempo mas chegamos em um lugar, todas estávamos em silêncio, algumas choravam outras rezavam.. eu só conseguia pensar nas palavras de Simone, só conseguia pensar em uma forma de sair daquele lugar.

Conseguia ouvir alguns saltos, pessoas falando e uma música suave ao fundo. Subimos algumas escadas e de repente não ouço mais tantos barulhos.

Dmitri tirou o saco da minha cabeça e eu abri os olhos, estávamos dentro de uma sala de vidro que tinha acesso a parte de baixo de onde estávamos. Pude olhar aquelas várias pessoas lá embaixo, parecia ser um leilão.

Olhei rapidamente a minha volta e eu tinha sido separada das meninas. Senti o medo subir por todo o meu corpo, minha cabeça estava uma confusão e minhas mãos tremiam.

Sozinha eu não sei se seria capaz de sair dali.

Ele segurou meu maxilar e direcionou meu olhar para uma parte específica da sala, lá estava Alice nos braços do Antônio.

-É a sua amiga, né? A nova putinha do Antônio. - Ele disse esfregando minha cara no vidro para que eu olhasse.

-O que a Alice está fazendo ali? - Me limitei a dizer só isso.

Silêncio...

Ver Alice ali, bem vestida, com uma taça de champanhe e agarrada naquele homem fez com que um  sentimento avassalador de raiva pairasse sobre mim. Ela estava aproveitando o leilão no meio daquelas pessoas.

Quanto mais eu piscava mais não acreditava no que eu estava vendo.

Alice estaria ali por vontade própria mesmo sabendo que eu estou desaparecida?

-Sua amiga tá curtindo a vida que o Bretonni tá dando pra ela, e você? Tá aqui presa. - Ele ria. - Não se preocupe que irei arrumar um ótimo comprador pra você minha linda. - Ele pôs suas mãos no meu rosto e eu tentei virar a cabeça.