Capítulo 18

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Chloe.

Com tudo arrumado tomo um banho e vou dormir.

Acordo cedo, pego as coisas e coloco o pé na estrada. Uma música alta domina o carro, ligo o GPS e nem percebo em que momento me perco nos meus pensamentos.

Ver as fotos do Antônio naquele baú me causou uma estranha sensação.

Tá tudo tão escuro dentro de mim, tão confuso que não sei o que pensar exatamente. Eu matei pessoas, é egoísmo pensar isso, mas se não fosse elas seria eu e ainda não posso morrer.
Preciso realinhar meus pensamentos, firmar meus próximos passos e garantir que não vou ter mais imprevistos. Dmitri ainda não mandou mensagem, isso de certa forma me preocupa, não sei o que ele pode estar pensando ou planejando. Assim que voltar irei até ele.

Acredito que a vovó vai poder me esclarecer sobre o baú ou pelo menos o porquê daquelas coisas estarem lá. Fico em looping repetindo as fotos que vi.

Nossa família sempre foi repleta de segredos e tá na hora disso acabar. A verdade precisa vir à tona!

Trouxe comigo o envelope mas ainda não abri, quero saber primeiro o que a vovó tem para me dizer. Estarei mentindo se eu disser que não estou doida para saber o conteúdo da carta, mas acima de tudo preciso me preparar para o que irei encontrar.

Depois de algumas horas chego no meu destino, faço check in no hotel da cidade e subo para o quarto. Abro a mochila, deixo algumas coisas no guarda roupa e desço para comer algo.

Como em um restaurante que havia na esquina do hotel, escolhi ele por ficar apenas 5min da casa de respouso.

A hora parece me torturar, não passa, isso me deixa agoniada . Verifico o celular milhares de vezes até finalmente chegar o momento.
Saio do restaurante e caminho até o local, chegando lá preciso assinar algumas folhas e mostrar meu documento.

Um enfermeiro me leva para um jardim muito bonito e cheio de flores. Me sento em uma das mesas do local, ele pede para que eu aguarde um pouco para ir buscar minha avó no quarto.
Faz alguns anos que não nos vemos, não sei qual será a reação dela e não sei se ela ainda me reconhece. Avisto eles vindo em minha direção, meu coração dispara e fico nervosa.

-Oi vovó. - Pego em sua mão ajudando ela sentar.

-Oi Chloe, pensei que nunca mais iria me ver. - Ela disse sorrindo.

-Muito trabalho vovó, fiquei sem tempo..

-E como você tá, ein? E sua mãe? - Ela tem Alzheimer e está bem avançado, às vezes não lembrava que minha mãe morreu. O enfermeiro dela me contou que ela sofreu muito com a notícia, ele me orientou a não tocar no assunto.

-Estamos bem, vovó. - Tirei o papel da bolsa e mostrei na esperança dela lembrar.- Será que a senhora sabe o que tem neste envelope?
Ela ficou pálida, era notório que sabia o que tinha ali. Vovó olhou dentro dos meus olhos, colocou a mão em meu rosto e perguntou se eu realmente queria saber sobre o passado.
Respondi que sim, obviamente e então ela começou a contar sobre o início da vida adulta da minha mãe.

Chloe/Vovó Antonieta.

Sua mãe havia feito uma viagem para Paris nas férias de verão, e ficou na casa da minha irmã. Depois de duas noites lá, fez algumas amizades e decidiram ir a uma festa em uma balada no centro de Paris. Lá ela disse que conheceu o amor da vida dela, Martin Bretonni.

"Martin Bretonni" repeti o nome baixinho tentando me dar conta do que ela havia acabado de falar.

Eles trocaram o telefone naquela noite e se encontraram durante todo o verão. Ele era um homem muito requisitado, importante no meio da máfia. Afinal, era futuro chefe da máfia francesa. Quando sua mãe veio embora eles mantiveram contato mas ele sumiu, não disse mais nada, não ligava e sua mãe ficou louca. Não deixei ela ir atrás, ele que tinha que procurá-la se a amava tanto quanto dizia.

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