Capítulo 1

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Ri Yue não tinha família quando chegou à Capital, ele veio sozinho quando sua pequena aldeia foi atacada por saqueadores durante a noite. Eles não deixaram ninguém viver, nem as crianças e nem os mais velhos. Ri Yue foi salvo pelos seus pais a tempo e eles o disseram para correr sem parar na direção norte até chegar em um lugar com grandes portões. Ele correu tanto e quando suas pernas ficaram entorpecidas ele parou e olhou para trás com o rosto choroso. Tudo se iluminou com fogo e gritos a uma longa distância. Ri Yue voltou a correr e suas forças voltaram por causa do puro medo. 

Era o início da manhã quando ele chegou e os portões eram enormes e faziam parte de um grande muro alto que parecia não ter fim. Ri Yue atravessou o grande portão e se viu rodeado por pessoas que andavam de um lado para o outro sem parar. Ele nunca viu tantas pessoas juntas dessa maneira. Ri Yue andou sem saber o que fazer e quando a fome começou a incomodar seu estômago ele tentou pedir alguma coisa para comer na porta de alguns restaurantes, mas sempre era expulso com gritos e insultos.

A noite chegou e Ri Yue se sentou no chão sujo de uma viela escura para tentar se esconder do movimento noturno de homens bêbados e pessoas de atitudes suspeitas. Não demorou muito para que ele começasse a chorar de fome e desespero. Tudo que ele conseguia pensar agora era que todas as pessoas que ele conhecia estão mortas e ele sozinho nesse lugar estranho. Ri Yue segurou as pernas perto do peito e abaixou a cabeça para continuar a chorar.

Uma porta foi aberta em meio a escuridão e dela saíram um homem e uma mulher rindo um para o outro. O homem parecia muito bêbado e a mulher parecia pegar alguma coisa dentro das roupas dele. A luz do lado de dentro revelou a pequena figura lamentável de Ri Yue e assim que a mulher pegou o que queria, ela se virou e viu Ri Yue encolhido no chão em frente a porta. Ela se aproximou dele e colocou a mão em sua cabeça. “Qual é o problema? Está perdido?”

Ri Yue levantou a cabeça e com os olhos vermelhos respondeu: “Minha casa foi atacada por pessoas ruins....!”

A mulher apertou os lábios já entendendo o que havia acontecido e disse: “Não chore. Você está com fome?”

Ri Yue balançou a cabeça fortemente e seguiu a mulher para dentro sem demora. Ela o segurou pela mão e o levou até os fundos do lugar e deu comida a ele. Ri Yue comeu muito e passou as mãos sobre a barriga inchada se sentindo satisfeito. 

“Se sente melhor agora?”

“Sim, obrigado!”

A mulher o levou até à uma dispensa e arrumou uma pequena cama improvisada no chão para ele e o colocou deitado. “Você deve dormir agora!”

“Obrigado, senhora!”

“Me chame de Mee!”

Ri Yue balançou a cabeça levemente e disse: “Boa noite, Mee!”

“Boa noite!”

Mee saiu e fechou a porta com cuidado para não fazer nenhum barulho. Ela passou pela cozinha e voltou para o salão onde estavam outras mulheres e homens bebendo ao som de música animada. Ri Yue não entendia onde ele estava e nem quem era a Mee ou o que ela fazia para ganhar a vida. 

“Aonde você estava?” A senhora Tong puxou a Mee pelo braço.

“Eu fui à cozinha!”

“Tudo bem, volte ao trabalho!”

Ri Yue não conseguia dormir por causa da música alta e então ele saiu da dispensa escondido. Ele se escondeu entre algumas cortinas e olhou para o salão movimentado. Ele viu uma mulher com os seios para fora e isso o fez virar o rosto rapidamente para o lado com um grito. O movimento foi percebido por um homem alto e ele encarou a cortina ao lado. Ri Yue moveu o rosto pronto para voltar, mas ele foi capturado pelo homem que sorria com alegria como se estivesse segurando um filhote de javali.

“Olhem o que eu achei!”

Ri Yue estava sendo balançado no ar de um lado pro outro enquanto todos se divertiam com isso, ele lutou para ser colocado no chão, mas isso só divertia ainda mais as pessoas presentes. Mee viu de longe o que acontecia e rapidamente correu até ele o pegando no colo. A senhora Tong se aproximou e a empurrou para a cozinha enquanto pedia com um sorriso que a música continuasse. “O que está fazendo? De onde veio esse menino?”

Mee colou Ri Yue no chão e respondeu: “Ele não tem ninguém e estava com fome!”

“Aqui não há espaço para ele ficar, livre-se dele!”

Mee segurou Ri Yue perto dela e disse: “Por favor, ele pode trabalhar aqui, na cozinha!”

A senhora Tong encarou Ri Yue por um tempo e perguntou: “O que uma criança pode fazer?”

Ri Yue deu um passo à frente e respondeu rapidamente: “Eu sei fazer pães de todos os tipos!”

A senhora Tong franziu a testa e perguntou: “Sabe fazer pães doces e recheados?”

Ri Yue sorriu animado e respondeu: “Sei fazer pães no vapor e coloridos também. Posso fazer de todos os tipos!”

“Tudo bem, ele pode ficar, mas a responsabilidade por ele é sua!” A senhora Tong bateu o leque no braço esquerdo de Mee e saiu da cozinha rapidamente. 

Ri Yue sorriu muito feliz e a Mee devolveu o sorriso com o mesmo sentimento. Agora Ri Yue teria um lugar para morar e Mee poderá cuidar dele. “Agora vá dormir!”

Ri Yue correu de volta para a dispensa e se deitou na cama improvisada. Mee voltou para o salão e precisou aguentar muitas piadas descaradas sobre ela ter um filho agora. Ela nunca quis ter esse tipo de vida, tudo que ela queria era se casar e ter seus filhos, mas ela foi enganada pelo homem que dizia amá-la. Depois de ser abandonada sem a pureza de uma moça, ela foi expulsa de casa pelos pais como uma vergonha da família e acabou trabalhando na casa da senhora Tong para tentar sobreviver.

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