ANOS ANTES
Ele tinha apenas 10 anos quando tudo aconteceu. Estava pintando uma página em um livro de colorir na cozinha, quando seu avô, preparando a próxima refeição, o perguntou:
— E aí, meu netinho? Tá com fome já? Vamo comer? Tem calzone, torta de frango, um monte de coisa na mesa, do jeitinho que você gosta.
— Não sei, vovô.
— Que cara é essa? Tá tudo bem?
— Vovô, posso te fazer uma pergunta?
— Sim, claro, filho. Qualquer uma.
— Por que a minha mamãe foi embora? — O avô da criança ficou completamente imóvel, sem reação alguma. — Me responde, vovô. Por favor, não fica com essa cara de assustado. Eu preciso saber — continuou ao não obter resposta, começando a chorar.ATUALMENTE
Enquanto se lamentava por ter descoberto que Paulo matou Henrique, Miguel tentou se recompor e ligar para a irmã:
— Gi-Gio, tá podendo falar?
— Meu Deus, Miguel. Que voz é essa? Tá tudo bem?
— Sinceramente, não. Você pode vir aqui?
— Onde você tá? Eu tô agora ajudando os meninos a fazerem as malas.
— Por favor, Gio. Tô na minha antiga casa, onde eu morava com o papai, antes de conhecer a nossa mãe.Quando Giovanna desligou, Pietro a questionou:
— Mãe? Tá tudo bem? Aconteceu alguma coisa?
— Não sei. Preciso ver o tio de vocês. Continuem sem mim. Prometo que não vou demorar.
A mãe dos garotos se retirou às pressas e o menino decidiu mandar uma mensagem para Miguel perguntando como era seu estado, porém logo ficou atualizado das notícias:
— Isa? Meu Deus! Você viu isso?
— Claro que vi.
— Por que não me falasse nada?
— Achei que já tinha visto e eu também vi a pouco tempo.
— Quem será que denunciou? O Miguel foi atrás dele? Porque eu acho difícil.
Isabela não respondeu.
— Isa? Você não...
— Talvez. Tá. É... Fui eu, sim. Eu que denunciei. Miguel consegue perdoar muito facilmente e tem o coração mole, mas eu não e eu faria tudo de novo. Não sei como eu namorei aquele ridículo.
— E eu não sei como fui o melhor amigo dele. Você poderia ter me contado. Ele ainda não sabe, né?
— Miguel? Se viu, com certeza deve ter pensado que fui eu, você é que ele não vai pensar.
— Obrigado por me achar um idiota.
— De nada, irmãozinho.Oliver se mostrava repleto de expectativas enquanto Bryan o levava até o apartamento que em breve ele chamaria de lar. Subindo as escadas para o andar certo, sentiu seu coração bater mais rápido de empolgação. Bryan abriu a porta do apartamento com ansiedade, usando apenas uma de suas mãos, já que a outra cobria os olhos de Oliver. Quando a retirou, com o intuito de que ele enxergasse, beijou e acariciou seu ombro, dizendo:
— A gente vai construir vários momentos perfeitos aqui.
Ao fazer isso, Oliver ficou impressionado com o que viu. A sala de estar estava inundada de luz natural, graças às grandes janelas que ofereciam uma vista encantadora da cidade. As paredes eram decoradas com arte colorida e as estantes continham uma coleção de livros que instantaneamente o cativou, já que ele adorava ler, além de ter uma vitrola, com vários dos discos que gostava ao lado do aparelho e ficou impressionado pelo novo namorado ter o mesmo gosto musical que o seu.
— É tudo perfeito. Não sei o que te dizer.Giovanna desceu do carro rapidamente, abriu as portas da mesma forma, escutou um barulho vindo de um cômodo, até encontrar o irmão ajoelhado no chão de madeira:
— Miguel, o que é isso? — perguntou antes de entrar no quarto, o vendo apenas através da porta.
— Entre e veja com os seus próprios olhos.
E assim, ela fez.
— Meu Deus. Eu-Eu não...
Giovanna, ao se deparar com a parede cheia de fotos e post-its colocados ali com o intuito de matar seu pai, ficou em estado de choque, alheia, sem entender nenhuma parte do que estava a acontecer.
— Eu sei. Me perdoa, Giovanna, por tudo.
— O quê? Do que você tá falando?
— Ele é meu pai. Não acredito que eu tô falando isso, mas meu pai fez isso com o seu. Me perdoa por olhar para o meu rosto e se lembrar disso — falou olhando nos olhos dela e segurando o choro.
— Ei. Me escuta. Eu te amo. Você não tem culpa de nada, me ouviu? — disse abraçando, acariciando sua cabeça e dando início ao choro, focando sua visão na parede com inúmeras informações sobre a rotina de Henrique, continuando em sussurro — Nada. Nada.
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Os Albuquerque
Teen FictionA família Albuquerque se vê diante de uma mudança significativa ao se estabelecer na agitada cidade do Rio de Janeiro. Enquanto enfrentam os desafios comuns do cotidiano, são surpreendidos pela notícia de que uma das integrantes se casou novamente...