Eles se reencontraram do lado de fora da faculdade, sob uma árvore frondosa e antiga, cercada por folhas amareladas pelo outono. Pietro se aproximou, sorrindo, a abraçou de forma calorosa como uma âncora em meio a um mar de lembranças há muito tempo adormecidas.
— Alice? É você? Não tô acreditando! Faz tanto tempo!
Quando o vê, é como se uma onda de sentimentos a invadisse. Há uma felicidade genuína, mas por trás desse sorriso, tem determinação. A garota de cabelos pretos, olhos escuros, bochechas suavemente definidas, lábios bem desenhados e sardas leves nas bochechas, reagiu como ele, com seus olhos brilhando de felicidade:
— Pietro? Socorro! Como assim você também tá aqui? Quer dizer... Faz muito mesmo. Olha, eu até tenho algo para te mostrar.Para ele, rolou um flashback de lembranças. É uma mistura de emoções — nostalgia, carinho e, por mais louco que pareça, uma pitada de força. A imagem antiga trouxe à tona algo profundo, um lembrete de onde ele esteve e do quanto cresceu desde então, percebendo o que sua irmã havia dito anteriormente, enquanto preparavam seus hambúrgueres especiais e únicos. Ela tirou uma foto antiga de sua mochila, era uma em que ela usava óculos escuros pretos e um vestido vermelho bufante. Pietro pegou a imagem com carinho e os seus olhos dilataram de emoção:
— Fui eu que tirei essa foto.
— Sim. Foi você. Eu carrego ela comigo o tempo todo. Pra me reconectar com essa menininha. —Brilhavam como estrelas ressurgindo em uma noite escura, iluminando a nostalgia do passado.— Eu tenho as nossas fotos também. Minha mãe me deu uma caixa cheia delas esses dias e eu achei ontem, como presente. Incrível, não é? E agora eu tô aqui falando com você... Como o tempo voa.
Pietro e Alice se entreolharam com uma expressão de nostalgia e admiração mútua. Relembrar aquelas memórias os transportaram a um tempo em que a vida era mais simples e cheia de inocência.
— Como a gente se reencontrou em meio a tudo isso? Quer dizer... Quais as chances? — Pietro questionou sereno.
— Uma em um milhão. Mas acontece.
— Você tá fazendo fotografia?
— Chuta. Tenho cara de quê?
— De que continua com a mesma cara de boba de sempre — falou após envolvê-la com seu braço. — Melhor me contar. Sou péssimo em adivinhar as coisas.
— Você tem um tempinho depois da aula? Já que não vou para a mesma sala que você, meu querido fotógrafo.
— Mas eu nem te...
— Falei? Eu te conheço melhor que qualquer pessoa, Albuquerque.
Ela ajeitou a alça de sua bolsa no ombro e seguiu em direção a sua sala. Já um pouco distante, ordenou:
— Padaria aqui do lado, na hora do almoço. Não se atrasa.Oliver sentiu um calafrio e ficou visivelmente pálido ao ver a presença inesperada de Caio, seu ex-namorado, bem ali na sua frente. Como se o tempo tivesse congelado por um instante e o passado inundasse sua mente como um filme acelerado, sentindo um turbilhão de emoções:
— Como eu te achei? Eu conseguia ver sua localização no seu celular, não lembra?
Ao escutar isso, arregalou seus olhos e olhou nos dele, fixamente, enquanto engolia em seco. A tensão no ar era densa, pairando entre eles como uma tempestade prestes a desabar.
— Não sei se você se esqueceu ou era um sinal pra eu te encontrar.
— Você ficou maluco? Por que eu iria querer te ver, Caio? Depois de tudo o que você fez?
— Você também me machucou muito, Oliver. Mais do que você pensa e talvez mais do que eu te machuquei.
— Você não pode comparar.
— E muito menos você.
— O que tá acontecendo? O que aconteceu com você? Com a gente? Olha onde você tá! Veio parar em São Paulo?
— Eu estou muito melhor e mais feliz aqui. Nunca senti nem metade disso lá no Rio.
— Tu tá mentindo.
— Não. Não estou.
— Eu te conheço. Sei que sente falta de lá. Você precisa voltar. Precisa voltar pra mim. Eu tô muito arrependido de tudo. A gente pode fazer dar certo dessa vez.
— Não me conhece, Caio. Sei que não conhece. E não vai dar certo. Por que daria? Já vivemos o que tínhamos para vivermos juntos e talvez até um pouco mais.
— Vai ser diferente porque eu vou te assumir para os 4 cantos do planeta e talvez até um pouco mais. — O respondeu com as mãos nos bolsos de sua jaqueta de couro preta que usava com frequência e dando de ombros com uma expressão séria.
— Eu duvido que você faça isso. De qualquer forma, estou com alguém que eu amo, que me entende e que sente o mesmo por mim.
— Está blefando. Se fosse verdade, não diria.
— Entenda como quiser. Não vou perder meu tempo tentando te fazer acreditar em alguma coisa.
— Eu acredito que você me ama e que eu te amo. Eu te amo demais, mais do que eu esperava que amasse.
— Engraçado que você nunca disse esse tipo de coisa. A frase de que só dão valor quando perdem, nunca fez tanto sentido.
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Os Albuquerque
Dla nastolatkówA família Albuquerque se vê diante de uma mudança significativa ao se estabelecer na agitada cidade do Rio de Janeiro. Enquanto enfrentam os desafios comuns do cotidiano, são surpreendidos pela notícia de que uma das integrantes se casou novamente...