Capítulo 13

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Eles se reencontraram do lado de fora da faculdade, sob uma árvore frondosa e antiga, cercada por folhas amareladas pelo outono. Pietro se aproximou, sorrindo, a abraçou de forma calorosa como uma âncora em meio a um mar de lembranças há muito tempo adormecidas.
— Alice? É você? Não tô acreditando! Faz tanto tempo!
Quando o vê, é como se uma onda de sentimentos a invadisse. Há uma felicidade genuína, mas por trás desse sorriso, tem determinação. A garota de cabelos pretos, olhos escuros, bochechas suavemente definidas, lábios bem desenhados e sardas leves nas bochechas, reagiu como ele, com seus olhos brilhando de felicidade:
— Pietro? Socorro! Como assim você também tá aqui? Quer dizer... Faz muito mesmo. Olha, eu até tenho algo para te mostrar.

Para ele, rolou um flashback de lembranças. É uma mistura de emoções — nostalgia, carinho e, por mais louco que pareça, uma pitada de força. A imagem antiga trouxe à tona algo profundo, um lembrete de onde ele esteve e do quanto cresceu desde então, percebendo o que sua irmã havia dito anteriormente, enquanto preparavam seus hambúrgueres especiais e únicos. Ela tirou uma foto antiga de sua mochila, era uma em que ela usava óculos escuros pretos e um vestido vermelho bufante. Pietro pegou a imagem com carinho e os seus olhos dilataram de emoção:
— Fui eu que tirei essa foto.
— Sim. Foi você. Eu carrego ela comigo o tempo todo. Pra me reconectar com essa menininha. —Brilhavam como estrelas ressurgindo em uma noite escura, iluminando a nostalgia do passado.

— Eu tenho as nossas fotos também. Minha mãe me deu uma caixa cheia delas esses dias e eu achei ontem, como presente. Incrível, não é? E agora eu tô aqui falando com você... Como o tempo voa.
Pietro e Alice se entreolharam com uma expressão de nostalgia e admiração mútua. Relembrar aquelas memórias os transportaram a um tempo em que a vida era mais simples e cheia de inocência.
— Como a gente se reencontrou em meio a tudo isso? Quer dizer... Quais as chances? — Pietro questionou sereno.
— Uma em um milhão. Mas acontece.
— Você tá fazendo fotografia?
— Chuta. Tenho cara de quê?
— De que continua com a mesma cara de boba de sempre — falou após envolvê-la com seu braço. — Melhor me contar. Sou péssimo em adivinhar as coisas.
— Você tem um tempinho depois da aula? Já que não vou para a mesma sala que você, meu querido fotógrafo.
— Mas eu nem te...
— Falei? Eu te conheço melhor que qualquer pessoa, Albuquerque.
Ela ajeitou a alça de sua bolsa no ombro e seguiu em direção a sua sala. Já um pouco distante, ordenou:
— Padaria aqui do lado, na hora do almoço. Não se atrasa.

Oliver sentiu um calafrio e ficou visivelmente pálido ao ver a presença inesperada de Caio, seu ex-namorado, bem ali na sua frente. Como se o tempo tivesse congelado por um instante e o passado inundasse sua mente como um filme acelerado, sentindo um turbilhão de emoções:
— Como eu te achei? Eu conseguia ver sua localização no seu celular, não lembra?
Ao escutar isso, arregalou seus olhos e olhou nos dele, fixamente, enquanto engolia em seco. A tensão no ar era densa, pairando entre eles como uma tempestade prestes a desabar.
— Não sei se você se esqueceu ou era um sinal pra eu te encontrar.
— Você ficou maluco? Por que eu iria querer te ver, Caio? Depois de tudo o que você fez?
— Você também me machucou muito, Oliver. Mais do que você pensa e talvez mais do que eu te machuquei.
— Você não pode comparar.
— E muito menos você.
— O que tá acontecendo? O que aconteceu com você? Com a gente? Olha onde você tá! Veio parar em São Paulo?
— Eu estou muito melhor e mais feliz aqui. Nunca senti nem metade disso lá no Rio.
— Tu tá mentindo.
— Não. Não estou.
— Eu te conheço. Sei que sente falta de lá. Você precisa voltar. Precisa voltar pra mim. Eu tô muito arrependido de tudo. A gente pode fazer dar certo dessa vez.
— Não me conhece, Caio. Sei que não conhece. E não vai dar certo. Por que daria? Já vivemos o que tínhamos para vivermos juntos e talvez até um pouco mais.
— Vai ser diferente porque eu vou te assumir para os 4 cantos do planeta e talvez até um pouco mais. — O respondeu com as mãos nos bolsos de sua jaqueta de couro preta que usava com frequência e dando de ombros com uma expressão séria.
— Eu duvido que você faça isso. De qualquer forma, estou com alguém que eu amo, que me entende e que sente o mesmo por mim.
— Está blefando. Se fosse verdade, não diria.
— Entenda como quiser. Não vou perder meu tempo tentando te fazer acreditar em alguma coisa.
— Eu acredito que você me ama e que eu te amo. Eu te amo demais, mais do que eu esperava que amasse.
— Engraçado que você nunca disse esse tipo de coisa. A frase de que só dão valor quando perdem, nunca fez tanto sentido.

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