Parte 2

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As coisas mal começaram e April já pensava no seu fim. Não podia deixar de sentir aflição com o pensamento quando tudo tiver acabado e ela prosseguir sua vida sem as marcas daqueles olhos castanhos que já eram familiares para existir apenas dentro dos limites de sua mente. Pensar no final de sua paixão passageira era uma forma que encontrou de proteger seus sentimentos da dor que acariciava todos os finais, era uma tentativa amarga de diminuir o que sentia, ela não percebia o mal que estava causando a si mesma invalidando seus sentimentos. Porque para ela os sentimentos não haviam uma explicação para estar coexistindo dentro de suas artérias, mas no seu íntimo, era porque ela nunca soube lidar com o final de tudo que tocava. Nunca assimilou que assim como a flor que crescia na primavera, degradava sua existência embaixo da terra na virada de outra estação. Era tudo muito confuso e solitário. April prendeu sua atenção para o que realmente importava ponderar; física. Ela sempre teve problemas com essa matéria na escola, sempre que pensava ter entendido o conteúdo apareciam mais fórmulas para confundir sua mente e tudo se tornava mais desgastante para aprender, tanto que a matéria que mais assustava ela era o princípio da atração e repulsão. Entretanto, com tantos corpos diferentes dividindo o mesmo ambiente, ela começou a sentir atração para o garoto que estava no quadro terminando de escrever a terceira lei de Newton em sua letra perfeitamente desenhada, mesmo tentando lutar contra, os desejos eram mais fortes dentro de sua mente que tentava dissipar apertando seus dedos fortemente contra a caneta. Ele era... ela estava se perdendo no que estava acontecendo agora. Involuntariamente ajeitou sua postura e começou escrever o título da matéria em seu caderno, o olhar de Caio era tão frio quando seus olhos se encontraram que ela se encolheu na cadeira e começou a achar-se novamente estupida por sempre desejar o garoto. Estupida porque mesmo que ele estivesse indiferente, ela não conseguia evitar de achá-lo muito atraente ensinando a matéria que muitas pessoas tem dificuldades para compreender, Caio ensinou de uma maneira tão fácil que pensou que não poderia ser possível existir alguém tão inteligente assim. April se repreendeu porque não achava certo pensar dessa maneira lasciva sobre o garoto que era seu professor, além disso, qualquer pensamento que não fosse sobre estudos que surgiam em sua mente, tentava inutilmente trancafiálos em seu subconsciente para que voltasse a realidade agradável que era compartilhar com aqueles olhos castanhos. Entretanto, quando o garoto passou do seu lado não deixou de notar que seu cabelo era levemente pintado de ruivo avermelhado e usava corrente e anéis em sua mão que deixava-o fascinante em meio a tanto vestimentas similares. Ela estava nesse padrão porque quando seu visual. April estava perdida em seus pensamentos quando o relógio bateu exatamente quatro e meia da tarde, no mesmo instante, seu corpo ficou estático e suas mãos geladas, ela não queria sentir isso, parecia tolice contrair e soltar suas mãos na tentativa falha de diminuir sua pressão. Ela não queria mais sentir isso. April analisava como seus colegas pareciam sossegados e movimentos leves que pensou que tinha algum problema com ela. De certo, algum problema tinha. Ela nunca soube, nunca quis saber. -- Bom dia, April— Essa voz que ela poderia facilmente distinguir em qualquer lugar ressoou dogaroto parado na sua frente com um sorriso encantador, ele não parecia o mesmo que estava encarando-a com os olhos frios quando estava lecionando a matéria. Seus olhos resplandeciam de uma maneira agradável que April não conseguia esconder seu sorriso acompanhado de nervosismo. -- Bom dia, Caio-- Ela não entendia porque ele passava pelo outros sem dirigir uma palavra, mas o seu coração gostava. O seu tolo, pobre e miserável coração entendia que aquele pequeno gesto poderia significar um interesse por ela. Interesse por ela. O garoto apenas continuava seu trabalho, seus pensamentos giravam em torno de números e questões universais da física. Interesse pela April, isso certamente poderia existir. Poderia! A física era mais importante, o que tem de mais ponderável além da física? Coração tolo e miserável. Caio estendeu sua mão para pegar o celular de April para que seja possível realizar o simulado, April apenas encarou ele e abaixou sua cabeça de volta para a folha envergonhada. Ela não entendeu por que tinha feito isso e muito menos ele. Ninguém entende certas atitudes. Nem mesmo quando lá fora, ela pegou seu celular para verificar se alguém ia buscá-la, só que não esperava que Caio estava observando-a usando o telefone. Ele sorriu.

 -- O que você está usando, April? -- Caio tinha um sorriso satisfeito por ter conseguido assustar a pequena garota que guardou o celular receosa, ela não sabia esconder o seu nervosismo porque estava apertando os dedos sem parar enquanto ele continuava sorrindo. O que dizer para ele seus motivos de ter feito isso se nem mesmo ela entendia?

 -- Eu tinha medo de esquecer meu celular em cima da mesa, por isso o guardei – Caio parecia convencido enquanto balança sua cabeça de forma positiva para April. Ele ficou parado ao lado da garota apreensiva. 

 -- Ah, por isso você me deu aquele sorrisinho! Era só você ter me falado, eu ia te entender—Caio estava com as mãos na cintura enquanto olhava para a tola garota, foi dessa forma que ela notou a tatuagem que cobria o seu ombro direito e sorriu como se estivesse maravilhada. Por que tudo nele e tão divino que lhe fogem as palavras?

 --Não sei no que estava pensando naquele momento – April disse com sua voz baixa. É claro que ela sabia! Os seus pensamentos estavam bem na sua frente de uma forma impecável que tudo que ela fazia se tornava tolo.

 -- Eu já esqueci meu celular na escola também -- ele passou a mão no cabelo. -- Só lembrei quando estava perto de casa e tive que voltar o mais depressa possível. -- E sua chance, April! Você tem que falar alguma coisa, faça algo!

 -- Todos tem sua primeira vez – Todos tem sua primeira vez? Isso foi ridículo, April! Caio estava rindo, isso fez o garoto rir. Ótimo, April! Os dois ficaram parados lado a lado, quietos pelo próprio vento que balançava lá fora, ela tentava aproveitar ao máximo a presença do garoto até que Caio cansou do silencio e foi embora. Ele sempre ia embora cedo, April nunca entendeu o porquê. 

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Aqueles Dias CinzentosOnde histórias criam vida. Descubra agora