Parte 11

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Uma noite agradável. Daquelas que a luz da lua ilumina sua pele e os sentimentos negativos ficam expostos sobre meu corpo de uma maneira que eu consigo refletir sobre eles, sempre tento me convencer com perguntas do porquê estou sofrendo ou apenas penso que estou sofrendo porque apenas uns daqueles dias que a enxaqueca me desagradou e não tem outra razão a não ser pensar sobre essa minha dor que se alastrou sobre meu corpo. Ora encontro outra razão, de que sou um homem miserável, um homem desagradável que odeia a própria sombra a ponto de se incomodar com os raios solares que capturam perfeitamente minha fisionomia. No entanto, apesar de reconhecer meus traços do que foram um dia singulares, eu não consigo distinguir a vertente que a deixa desfocada. Ela esta distante ate mesmo de mim, como se quisesse me abandonar e encontrar outro pensamento que a faça viver. Isso poderia estar mais perfeitamente colocado no momento do que certo. Entretanto, nada muda meu desgosto ao saber sobre minha própria existência e poder defini-la com palavras que dilaceram o orgulho de celebrar uma pessoa comum. Não entendo ao certo minha devastação se não me importava com ela do jeito que ela gostaria, mas agora que ela virou apenas uma sombra na minha parede eu tenho me importado mais do que deveria ao ponto de sonhar com sua fisionomia. O impacto da morte deveria ser assim?

-- Vejo que cumpriu sua palavra estando nesse lugar no horário que a lua ja tem sua posição definida, Caio. -- Rebecca se sentou próxima de mim no banco de pedra. -- Imaginei que você não veria pelo seu semblante incomodado na semana interior, mas você não é o tipo de homem que se deixa levar com lugares meio sombrios e serenos, pensei sobre isso.

-- a vida já e bem perigosa dentro do nosso amago que exprime nossos órgãos vitais que vira ou outro, estão apodrecidos e fáticos na carcaça que luta para exibir beleza sublime com medo até da própria existência, mas as imperfeiçoes deveriam ser mostradas antes de matar a nossa essência. -- Ela não parecia estar surpresa, como se a sua pessoa fosse a prova viva do que estou falando. Apesar de já ter me acostumado com sua presença ainda me assusta o seu semblante desenhado como se a April só trocasse de nome e pudesse viver a vida que ela sempre batalhou para conseguir, entretanto ela recebeu uma chance que a timidez conduziu por todo o caminho, isso com certeza foi duro para ela.-- Me diga a sua dúvida sobre a matéria. 

Ela levantou as sobrancelhas.-- Me perdoe se for desapontar, mas eu percebi que era fácil de resolver com um olhar calmo e analítico sobre a questão. Eu me deixei levar sobre o desespero na situação que me encontrei e não internalizei de que era apenas uma situação que eu poderia sair forte, com algumas cicatrizes e arranhões, mas forte o suficiente para não me deixar levar com o sofrimento do momento, estou aqui para cumprir minha palavra. O que pode definir e ser mais nobre para o ser humano do que sua palavra de honra?

-- Você me aspira filosofia, Rebecca. Devo dizer que o homem e um amontoado de experiencias e sofisticações, mas o que ele transmite e o sofrimento, de fato. Mas tem pessoas que apenas deixam o sofrimento crescer no escuro porque não conseguem nem lidar com a própria existência, porque ela pesa e cobra do seu físico uma reação e da sua alma uma compreensão sobre tudo que existe e acontece dentro de nós. A existência e sanguinária, dolorosa de compreender.

-- E quando você começou a refletir dolorosamente sobre isso? -- Ela intrigou seus olhos um pouco familiares sobre meu rosto, suas mãos apoiadas levemente sobre o queixo deixa os seus traços ainda mais delicados. -- Sou uma amante de histórias, porque todo mundo tem para contar à sua maneira. Temos a noite inteira para você não se perder sobre monólogos e divagações e contar o mais vivente possível.

-- Vamos apenas imaginar uma pessoa que não espera nada sobre o mundo, que não repara na sua beleza física sobre como as nuvens completam o céu na sua fisionomia e transparente para quele azul intenso que está dividindo sua extensão com a claridade e até um pouco transparente. Mas para outros assuntos fúteis da juventude lhe atiçam sua curiosidade, aquela pessoa que e vaga sobre cultura e até nas próprias limitações continua vivendo sua vida abstrata e sem real conhecimento. Tudo muda em um dia, quando está tudo calmo e seu ser não espera nenhuma mudança absoluta porque nada acontece em todos esses anos, portanto não estava preparado para abrir sua vida para uma pessoa um tanto misteriosa. Mas não é gelada, nem quente. Era isso que ela achava, que sua alma era morna como um café aguado. Eu não posso falar com muita pretensão sobre isso, estou apenas supondo que sua alma era solitária. Tao solitária que ficava feliz com aquele ser vago, porque era tudo isso que recebia em anos. Ela idealiza e imagina com todos os detalhes aquele ser fútil que se preocupa apenas com sua diversão, nem suas existências ele parava para refletir porque sabe que não aguentaria tamanha desolação. Nada acontece, mas ainda e intenso. Tudo e intenso para quele pobre coração. Sem uma resposta precisa, ela decide ir embora para longe para o outro viver a sua vida com a falta de sua presença, para a sua lacuna se transformar dentro do seu peito e digerir completamente o coração até que seja possível ser difícil respirar. Até que seja possível sugar a sua alma e não entender o níquel do que estava acontecendo antes e quando deveria parar para não lidar com aquela ausência que nem importava na sua totalidade como pessoa no dia a dia. Como uma parede que agora necessita de decoração ela está sofrendo, mas não quer mais se permitir que castigue a si mesmo com alguém tão complicado. 

-- Talvez a outra pessoa deveria ser mais compreensível com aquela pobre alma que pelo a história me pareceu, se sentia amedrontada pela própria presença. Não devemos culpar o outro pela reação que teve, mas se fosse um pouco compreensível não seria tão castigado dessa maneira. -- Mas aí pode estar o pulo do gato, ele não se interessava pela sua alma nem o que sua mente poderia oferecer de brilhante. Mas agora se castiga pela sua ausência e até queira ir saber agora sobre, entretanto pode ter medo do que encontrar.

-- Ah, mas que história peculiar...

 -- Perdoe me por colocar desta maneira corrida. Da minha parte e até um pouco fácil de compreender porque eu não coloquei nomes, mas você deve estar se sentindo perdida. Vamos apenas dizer que era Aurora e Berto e nenhum dos dois se compreendiam, e Aurora tentava e muito. Acho que agora você consegue tomar o seu lado, Rebecca. -- Imaginamos que Aurora acordava todos os dias em sua cama bagunçada sem a claridade do sol para chegar em seus olhos, seu quarto era peculiar com livros espalhados pelo chão e até teias de aranhas nos cantos da parede que ela já se acostumou com tanto que não chegue perto demais. Os seus dias eram iguais, foi nessa similaridade que se encantou por um jovem rapaz que oferecia pouco para ela, mas já era o suficiente. O que poderia passar na mente dessa pobre garota para ir embora para longe? Tudo que ela desejava era que fosse verdadeiro, então o Berto nunca deveria ter chegado perto demais, só atiçou isso no comportamento dela... se ela tivesse outra história.

-- Era apenas a pessoa errada – Rebecca refletiu.

 -- Sim, era... mas não deixa de ser o tempo certo. Compreende, as desculpas sempre existiram, muito fácil de externar para os outros o que nem mesmo eu consigo vomitar. O que nem mesmo consigo conceber ou despejar toda a minha raiva para ela.

 -- Ah, não se preocupe! Isso já e o trabalho da vida, você esta apenas adiantando o que ira corroer você no tumulo. -- Talvez ela tenha razão, ou apenas esse sofrimento não e o suficiente para sorrir com os vermes no dentes enquanto tento esconder o cheiro desagradável do meu interior decomposto. ah, mesmo sobre esse devaneio ela não demonstra estar apática. Tao bela que me sinto enojado de querer que ela mastigue as entranhas de meu corpo desfalecido... não ela e muito angelical que nem compreende como e estar estirado sobre o amago ferido. Por que esse sorriso como se ela compreendesse a parede vazia do meu coração?

-- Me perdoe Rebecca por estar sendo o menos cavalheiro possível -- Ela sorriu. -- Não te dei espaço para você ao menos respirar entres as palavras mortas. Mas e quanto a você... Quero dizer, não deve ter o espirito menos ferido por conta de sua juventude. No entanto, não deixo de questionar o que a faz deliberar na madrugada silenciosa como esta?

-- Não consigo encontrar palavras menos tolas do que essas. Meu espirito esta confortável que ele encontrou o medo no escuro para ter com o que se afligir... e minha carne ela foi cozida por todos que agora não consigo encontrar um mínimo pedaço limpo.

-- Eu não compreendo...

-- Não se preocupe... nem mesmo eu me compreendo. -- Ela suspirou. -- Seria demais pedir isso para você.

Ah, eu queria congelar tudo agora. O tempo passou muito rapido que nao deu nem tempo de apreciar seus belos olhos. Ela se foi. Entretanto, continuo parado como se estivesse esparando um minimo sinal de sobrevivencia de meu corpo.

Aqueles Dias CinzentosOnde histórias criam vida. Descubra agora