Parte 1

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Olá, espero que vocês estejam bem! Já tem algum tempo que terminei esse romance e decidi compartilhar com vocês, talvez seja muito que um coração pode derramar ou talvez exagerado, mas não deixa de ser sincero... cada linha, cada palavra escrita. Quem sabe, algum dia, April encontre paz em seu ferido coração.

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Uma artéria do seu coração rangeu. April sempre tentava entender o princípio de seu sofrimento a partir da análise de outras pessoas. Em sua concepção enfraquecida se perdia nos manuscritos minuciosos que fazia sobre si mesma na tolice de obter uma compreensão precisa. Era sempre inteligível observar nos pequenos colapsos que outras pessoas transpareciam que para ela seria mais vantajoso de ver através de um espelho redondo. Nunca era tão verdadeiro quanto parecia. Olhava para o céu numa fúria calamitosa pela indiferença de ser azul, por que tanta deterioração aqui embaixo enquanto tenta não decompor os últimos resquícios de sua natureza melancólica vista através de tudo isso? Talvez essa era a única natureza do homem; lamentar-se pelas coisas tolas que acredita, no momento, serem divinas para gastar tanto tempo de sua imaginação. Enquanto não podia sentir-se entristecida com o céu furioso acima de sua tosca vida, analisa o pequeno sofrimento daquelas pessoas que dividiam a sala gelada que separava April da natureza serena. Uma garota sentada na frente esgotou as análises de April quando percebeu a maneira debruçada que tinha sobre a mesa, os fios de cabelos embaraçados estavam sendo enrolados pela ponta do dedo de uma forma desesperada, como se quisesse correr dali agora mesmo. April completa que ela se sentia esmagada e recuada após encarar o papel que estava sobre a mesa para eles resolverem. Oh, o quão frágil aquela garota se parecia! Ela andava encolhida como se estivesse amedrontada pelo espaço tão amargurado que era abranger os sentimentos ruins que os humanos compartilhavam na sua indecisão, era sempre muito difícil capturar um sentimento bom daquelas pequenas criaturas. April ficou surpresa por não encontrar um único sentimento miserável que circula por todo ambiente quando se deparou com aquele garoto que tinha uma expressão satisfeita sentado na mesa em cima do palco. Aqueles olhos castanhos que eram difíceis de decifrar intrigou ela porque ele não parecia pertencer ao ambiente por ser diferente dos outros que carregavam um semblante de desespero pela vida. Era sereno. Como uma criatura pode ser amena em meio a tantos rostos vazios? April rastejou até a mesa para entregar sua atividade que contêm respostas indecisas, o garoto analisou o papel sem nenhuma pretensão e abriu um sorriso branco para ela que agora não sabia expressar nenhuma reação. Talvez ela deveria ter ouvido seu subconsciente alertando que deveria ter deixado aquele lugar antes daqueles olhos de anjos que a seguira por todo caminho até em casa.

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Mais um dia ensolarado naquela pequena sala branca. April estava concentrada em copiar a matéria de química antes que o professor apague todo conteúdo da lousa. Suas mãos geladas pelo ambiente frio que o ar-condicionado proporcionava terminou antes que o professor apagou o último átomo. Por fim a porta finalmente abriu e uma figura entrou aparentemente desconhecida por ela porque tinha seus olhos fixos no quadro limpo para manter todo o conteúdo fresco em sua mente, o barulho de plástico sendo retirado com cautela das folhas inóspitas avisou que já está na hora dela colocar todo seu conhecimento a prova. A euforia do pessoal não parecia intrigar a garota mais do que aquelas mãos que acabara de entregar o papel para ela; o seu dorso definido coberto daquela branca misturada com a pigmentação do sol lhe chamou atenção. Uma rápida espiada, notou que era os mesmos olhos que sorriu para ela alguns dias atras e sua feição mudou involuntariamente para um sorriso fascinado. Era quatro horas da tarde de uma quarta feira que ele a desejou bom dia, seus lábios se tornaram ainda mais atraentes pronunciando a sentença aleatória que ela não sabia o que fazer, sua única reação foi sussurrar desajeitada para o garoto que piscou levemente para April. Ela não entendia o porquê disso ter acontecido, nem porque alguém com a sanidade levemente estável desejaria bom dia para outra pessoa quando o dia já estava perto de deixar sua posição para a lua, apesar de achar totalmente idiota... no fundo, seu coração estava aquecido e bombeando sangue freneticamente, enquanto suas mãos estavam tão frias quanto o ar que circulava pela sala.

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Os dias pareciam muito monótonos na vida de April que ela se esqueceu como era manter contato visual com o garoto que ela descobriu o nome pela sua camisa que estava vestindo naquela tarde de segunda feira. Caio. Ela tentava não pensar muito nele, muito menos parecer nervosa com sua presença. Mas seu corpo fazia tudo ao contrário de seu mandamento, e isso deixava-a irritada, confusa e... April não percebeu que estava fazendo pressão em seu lápis que estava desgastado com um borrão preto em sua folha manchada. O coordenador para na sua frente e pediu seu celular: não trouxe. Pronunciou o seu lábio ressecado porque seu corpo sempre ficava estático e sob pressão quando o relógio batia quatro e meia da tarde. No fundo, ela sabia o porquê... ela sabia exatamente o que causava o nervosismo em seu copo, só não queria aceitar a ideia. Talvez porque tinha medo. A verdade e que ela sempre teve medo, porque não sabia lidar com esse tipo de situação embaraçosa. Era sempre embaraçoso. April estava como sempre sozinha; sozinha naquela calcada molhada por conta dos pingos de chuva que aglomeravam embaixo do seu solado. Ela mantinha as mãos em volta de seu corpo para tentar se manter aquecida enquanto espera alguém vir buscá-la. Só não notou que tinha uma presença com ela, o barulho das rodas da bicicleta do garoto chamou sua atenção e, de repente, suas mãos suaram frio e seu corpo estava aquecendo naquele vento gelado.

 -- April, certo? --O garoto mantinha seu olhar fixo no chão enquanto aperta suas mãos no guiado da bike. A presença dela parecia incomodar ele um pouco enquanto mexia em seu cabelo. A verdade era que os dois pareciam incomodados, talvez era só força de hábito, mas April nunca teve respostas além de sua imaginação.

 --Sim— April sussurrou tão baixo que Caio teve que inclinar-se um pouco para ouvi-la. Ela estava novamente irritada, porque queria ter outra reação que não fosse parecer que nunca teve contato com ninguém antes. Ele sorriu amarelo.

 -- A gente se conhece? -- Ele perguntou, de repente. April negou com a cabeça. -- Ah, tenho a impressão de que te conheço de algum lugar. --ela continuou em silencio. -- Quantos anos você tem?

 --Dezoito e você?-- Ele parecia pensativo.

 --Dezenove – Ele sussurrou, enquanto April esfrega as palmas das mãos em sua perna. Ela não entende por que ele permanecia parado ao seu lado, sem se importar com os pingos de chuva que molhavam o seu cabelo. Nem ela sabia se queria ter essa aproximação. -- Você pretende fazer qual curso?

 --- Eu não parei para refletir profundamente sobre isso, mas seria na área da exata. -Ele acenou. -- Você gabaritou a prova mais difícil do ano, impressionante. -- Ela quebrou o silencio novamente se sentindo muito estranha por fazê-lo. 

 -- Obrigado – Ele sussurrou com um sorriso encantador, ela nunca olhava em seus olhos, mas capturava cada movimento que ele fazia com um fascínio nunca visto antes.

 -- Você é professor, estou certa? -- O garoto mantinha seu olhar no chão, porque parecia envergonhado pela situação que se formava. É claro que percebeu que ela andava pesquisando sobre ele, só não demonstrava sua reação sobre isso, porque no íntimo ele não se importava... ele não ligava sobre ela. Só que ela não sabia, demorou para saber.

 -- Sim—ele disse, com seu perfeito sorriso. Os dois ficaram em silencio, apenas escutando as gotas que desmanchavam sobre a poca pelo chão. Ela tentava não sorrir, se sentia envergonhada por demonstrar seu sorriso. Ela sentia muitas coisas que se tornaram confusas, ele também. Só que não era sobre ela, nunca foi. -- Eu já vou indo. Até amanhã, April! 

 Ela acenou se sentindo feliz, estranha e até julgou suas atitudes perto dele como ridículas. Na verdade, tudo isso foi ridículo. Só que naquele momento, foi encantador conhecê-lo que não podia deixar de conter sua empolgação pulando sobre a poca de água sem se importar com suas roupas levemente encharcadas. Tudo sobre ele era encantador que um sentimento genuíno estava correndo por suas veias se transformando em excitação que não tinha muito tempo para durar. Tudo sobre ele era encantador. Para ele... era apenas um bom dia.

Aqueles Dias CinzentosOnde histórias criam vida. Descubra agora