▫️CAPÍTULO 2▫️

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ALEX

   Quando o último sinal toca, não sei dizer qual emoção é maior: raiva ou decepção, e talvez, lá no fundo, uma pequena centelha de vergonha esteja brotando.

   Raiva porque errei mais passes do que acertei, perdi tantas oportunidades de marcar pontos que teriam nos dado a vitória há tempos.

   Decepção por estar tão fora de forma e tão desligado do jogo a menos de dois dias da segunda rodada dos play offs, que dessa vez será contra os Titãs de Toledo.

   Semana passada derrotamos os Barbuss de Barcelona em sua própria casa. Foi uma vitória emocionante e, sinceramente, o jogo estava entregue.

   As arquibancadas dos Touros estavam repletas por uma onda marrom-cobre esmagadora dos seus mais de dez mil torcedores fanáticos que esperavam ansiosamente a vitória do seu time para gritar a plenos pulmões. Mas, ao invés do grito de alegria que eles esperam soltar, deixamos a quadra ao som dos xingamentos e gritos raivosos da triste derrota que causamos aos Touros de Barcelona.

   E vergonha porque, mesmo que eu controle todos os músculos do meu rosto para não olhar para cima, onde eu sei exatamente que um cara de quase dois metros, usando um terno equivalente a um carro de luxo, está, meus olhos traidores me decepcionam mais uma vez, e me vejo encarando a cara fechada e decepcionada de meu pai.

   Seu olhar de desgosto é algo que já estou acostumado, e antes mesmo de eu completar oito anos, eles nem ao menos me feriam mais, ou causavam qualquer reação em mim. Eu sabia o que eu era, e o homem me olhando do camarote fazia questão de me lembrar todos os dias.

   Mas, por outro lado, talvez nunca me acostume quando era chamado para seu escritório, e quando meu pai se virou, apontando com a cabeça ligeiramente para trás antes de deixar a Quadra dos Drogons, um calafrio percorreu minha espinha, me arrepiando dos pés à cabeça.

— Era o Cássio Santiago? — comenta Hugo ironicamente, fazendo a bola quicar levemente no chão polido enquanto se aproximava.

— Infelizmente. — respondo brevemente, sentando-me no chão da quadra e começando a fingir amarrar meus cadarços para adiar pelo menos por alguns minutos a merda que está por vir.

— Fica tranquilo, deve ser mais uma besteira de sempre.

   Antes que eu possa sequer pensar em responder ao meu melhor amigo, uma voz grossa e imponente esbraveja meu nome, como se eu estivesse a quilômetros de distância, e não a menos de cinco metros.

   Não preciso nem olhar para trás para saber que o treinador estava se aproximando, sua bengala arrastando no piso polido da Quadra dos Drogons.

   Juan Ramirez, há oito anos era considerado uma lenda do esporte, temível para qualquer coitado que se atrevesse a entrar em quadra com ele. No entanto, em um jogo difícil e tomado pela raiva, seus adversários não tiveram o espírito esportivo e acabaram partindo para a violência.

Contrato Inesperado #1Onde histórias criam vida. Descubra agora