Contrato Inesperado #1

▫️CAPÍTULO 9▫️

MAYA

— Por favor, Mel, vamos comigo. — implorei pela milésima vez, quase me rastejando aos pés de Melissa.

— Não, Maya, pela décima vez, não. — respondeu ela, impassível.

— E por que não? — rebati, cruzando os braços. — Anda, me dá uma resposta aceitável, coerente, e que eu aprove.

   Melissa suspirou profundamente, levantando-se do sofá do meu apartamento e indo direto para a cozinha. Abriu a geladeira, tirando do freezer um enorme pote de sorvete coreano que tinha trazido de Seul. Claro, chegou parecendo um suco, mas depois de mais de vinte e quatro horas no freezer, até que voltou a ficar aceitável. Já tínhamos devorado metade do pote enquanto assistíamos séries durante a tarde, até eu receber uma mensagem de Diedro, dez minutos atrás, avisando que a festa da Sport In Series havia sido remarcada para aquela noite. E que era fundamental que eu estivesse lá. Afinal, seria a minha primeira aparição pública com Alex Santiago. E eu finalmente o conheceria.

— Acabei de voltar de uma maratona de fotos, entrevistas e tapete vermelho. — disse Melissa, entre uma colherada de sorvete. Se eu me lembro bem, Melissa disse que o sorvete era de arroz. Dá para acreditar nisso? — A última coisa que eu quero é me enfiar em outra festa dessas.

— Você não precisa fazer nada disso, Mel. Só vá comigo, por favor. Se quiser, eu abro a porta dos fundos pra você entrar.

   Ela franziu o cenho, desconfiada.

— A festa é no prédio da Sport In Series, aqui em Madrid. Quase no último andar. Não acho que tenha porta dos fundos. E, se você está pensando que eu vou subir cinquenta e quatro andares de salto, pode esquecer.

   Soltei um suspiro exasperado.

— Se fosse por você, eu faria. — retruquei, irritada.

   Melissa parou no meio do caminho, com a colher de sorvete parada no ar, me encarando por alguns segundos antes de largá-la na pia.

— Eu te odeio. — disse, derrotada.

   Sorri, satisfeita. Meu drama tinha funcionado.

— Sei que não. — respondi, cheia de confiança. — Vamos logo, precisamos decidir o que vamos vestir. E já que estamos quase em cima da hora, esquece salão. A gente vai ter que se virar por aqui mesmo.

   Melissa fez um som engraçado de irritação enquanto passava por mim, puxando-me em direção ao quarto. Os presentes que ela havia trazido ainda estavam espalhados por toda parte. Não que o meu quarto estivesse arrumado antes, mas o nível de bagunça após terminarmos nossas maquiagens e cabelo parecia o equivalente a deixar minha casa três meses sem limpeza.