Capítulo 2

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Não houve um dia durante aquela guerra que Daemon não pensou em voltar para casa, para ao lado de sua família. Sua família era o lugar ao qual ele pertencia, o lugar que ele queria estar. Mas ele também sabia o que era certo: Ele precisava cuidar daquele problema nos Degraus. Primeiro porque ele sabia que Viserys não se meteria até que esse domínio começasse a ser prejudicial aos lordes que ficavam em segurança dentro da Fortaleza Vermelha. Segundo que ter a confiança (e quem sabe a admiração) de um homem como Corlys Velaryon era muito bom para o ego. Terceiro, apesar das pessoas o compararem com Maegor o tempo todo, ele não era burro, sabia que aquela região era extremamente importante para o comércio, e acima de tudo não podia deixar que As Cidades Livres conquistassem ainda mais territórios e ameaçassem o seu possível reinado. 

Então ele esteve ali, em incontáveis batalhas durante aqueles três anos, sofrendo baixas, perdendo companheiros, esperando que o irmão um dia olhasse para eles. Para ele.

Mas essa ajuda não veio.

Quando Viserys ousou querer ajudá-lo, numa tentativa de tirar o triunfo que ele estava lutando arduamente para conquistar, a virada veio. Ele não permitiria que ninguém lhe tirasse aquele triunfo. Considerou o plano de Leanor Velaryon (que diga-se de passagem era um excelente garoto).

Ele teve a glória de matar Craghas Drahar com suas próprias mãos. 

Logo após seu feito ele respondeu a penosa carta do seu irmão dizendo que em breve estaria em casa.

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O coração de Rhaenyra acelerou quando soube na reunião do Pequeno Conselho que seu tio estava a caminho. Depois de longos três anos de solidão ela finalmente veria uma pessoa conhecida e que pelo menos ela achava que possuía um carinho por ela; alguém com quem ela pudesse ter uma conversa franca sobre o que vinha acontecendo.

Aparentemente, embora o Conselho estivesse cauteloso sobre a vinda dele, ele vinha em paz. Viserys, seu pai, estava animado. Há muito tempo ela não via um sorriso tão genuíno em sua boca, e ela mesma mal podia se conter em pensar que ela veria seu tio de novo. Talvez ele finalmente estivesse ali para apoiar sua causa. Ela estava até considerando perdoa-lo pela aquela última vez. 

A reunião daquele dia se encerrou com o planejamento de um grande banquete para a chegada do irmão do rei e ali também se levantou a possibilidade de selar a paz com a casa Velaryon de uma vez por todas. Quando a reunião acabou, Rhaenyra saiu sem antes observar que Lorde Strong ficou para conversar algo em particular com seu pai. 

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Ela estava no jardim, perto de uma árvore-coração, exatamente no lugar que ele pensou que ela estaria. Felizmente ela estava desacompanhada. Ela parecia muito distraída deitada nas suas raízes olhando para as folhas acima dela, mas rapidamente se levantou e foi até ele quando notou a presença dele.

O rosto dela suavizou quando chegou perto dele. Ele podia notar uma alegria que se instalava em suas feições. Ele rapidamente olhou-a de cima a baixo, cautelosamente, gravando em sua memória como ela havia mudado nesses últimos três anos. O rosto dela ainda era o mesmo, quase a mais bela das pinturas. Mas seu vestido rosa com tons dourados marcava bem a curva de sua cintura e seu colo aberto, e, ele teve que prender o ar quando parou de olhar na altura do seu colo e viu que ainda usava o colar que ele dera para ela anos atrás. 

Instintivamente ele estendeu a mão para alcança-la, agarrando o pingente sinuoso que expunha um grande rubi. Aquela joia era perfeita para ela, ainda mais agora que ela estava praticamente se tornando uma mulher.  Ele também podia sentir o cheiro dela, uma mistura muito específica de fragrâncias para banho – que só ela usava – e de dragão. Obviamente ela havia voado naquela manhã. 

Indecoroso | Daemyra - TraduçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora