É sempre a mesma lembrança, a mesma voz e os mesmos olhos.
Dez anos depois e ninguém havia sido condenado pela morte da minha família.
Dez anos que eu passei tentando entender porque não morri naquele dia.
Aqueles olhos, esperava não vê-los nunca m...
Pelo menos é isso que venho escutando de Theodoro desde que nos encontramos. A verdade é que estou quase sufocando ele. Ser vivo insuportável esse viu. As vezes eu me pergunto o motivo de ter aceito sua ajuda.
Segundo o mesmo, seria muito melhor irmos em dois carros. Estava sem paciência nenhuma para discutir, então apenas concordei.
Já fazia bons minutos que estávamos andando e nada. Quando ele disse que essa casa de campo era longe, não pensei que fosse tanto.
Já saímos da cidade e agora estamos em uma estrada de terra. A última casa que avistei foi a cerca de quinze minutos atrás.
- Seu pai agora é um ser antisocial? - perguntei já entediada dessa demora toda.
- Sim e Não! Essa casa de campo é de família e...
- Foi passada de gerações em gerações para manter um legado e blá blá blá- tratei logo de interromper a ladainha que viria. Não tenho paciência nenhuma com essas coisas de geração.
- Pode-se dizer que sim. - um longo silêncio se seguiu. Estava ficando estressada já. Minhas pernas doíam e eu sentia que minha bunda já estava quadrada após tantos séculos neste veículo. Veículo esse que parece mais um chiqueiro. Preferia ter vindo em meu carro.
Voltei meu olhar para a janela e finalmente avistei a casa.
De fato, não havia vizinhos e nem qualquer alma viva próxima ali. Nos livrarmos do corpo será realmente una tarefa fácil.
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- Que legal! Uma típica casa de terror. Sabe, aquelas casas dos filmes que a gente fala pra ninguém entrar mas eles sempre entram. - falei enquanto descíamos do veículo- E aí o que? O Gasparzinho vai aparecer aqui e dar um susto na gente?
- Você tem o que? Cinco anos? - ele perguntou enquanto andava na frente.
Nem sei se posso dizer que algum dia essa casa foi bonita. Misericórdia, lugar feio.
Subimos os degraus calmamente e esse animal simplesmente bateu na porta. Demorou alguns segundos e aquela horrenda figura, vulgo seu pai, abriu a porta.
- Que surpresa você aqui filho, e trouxe nossa mais nova acionista. - cínico safado- Vamos, podem ficar a vontade.
Adentrando a casa pude perceber que realmente, não há nada ruim que não possa piorar.
A casa estava acabada tanto por fora quanto por dentro. As paredes com a tinta descascando. Havia alguns quadros espalhados.
Como eu disse, uma típica casa de terror.
- Então é aqui que você se esconde no tempo livre? - indaguei indiretamente enquanto girava nos próprios calcanhares observando a casa.