Absorta em seus pensamentos, Anastasia tinha esquecido que aquela manhã tinha uma entrevista com Ravenhill, seu suposto prometido, para sair juntos a cavalgar. Muito depois que Mia Grey se foi, ainda Anastasia estava sentada na habitação das visitas com uma taça de chá morno na mão. Tinha o olhar cravado no líquido leitoso e procurava as palavras adequadas para convencer Christian de que a perdoasse e voltasse a confiar nela. Não acreditava que houvesse uma forma fácil de abordar a questão. Simplesmente teria que ficar a sua mercê e confiar em que tudo saísse bem. Sorriu irônica ao pensar que lhe tinham ensinado cem formas distintas de rechaçar educadamente a um cavalheiro, mas que em seu repertório não havia nenhuma para recuperá-lo. Conhecendo a soberba de Christian e suas formidáveis defesas, Anastasia sabia que não cederia facilmente. Faria-lhe pagar caro pela maneira em que tinha fugido dele; exigiria-lhe sua rendição incondicional.—Meu deus, por que está tão séria essa cara tão bonita?
Vardon, lorde Blake, entrou na habitação. Alto e atlético, levava um traje de montar escuro. Com seus cabelos loiros, sua discreta galhardia e seu porte elegante, era o homem com que qualquer mulher teria sonhado. Sorrindo-lhe com melancolia, Anastasia decidiu que tinha chegado a hora de queimar as naves.
—Bom dia. - Indicou-lhe que se sentasse junto a ela.
—Não está vestida para ir montar - observou ele. —Cheguei muito cedo, ou trocaste que opinião sobre o que gostaria de fazer esta manhã?
—Troquei que opinião sobre muitas coisas, temo-me.
—Ah. Pressinto que vamos ter uma conversação séria. - Ravenhill lhe sorriu com desenvoltura, mas seus olhos adotaram uma expressão vigilante.
—Vardon, tenho tanto medo de perder sua amizade depois do que quero te dizer.
O tomou a mão com suavidade e lhe deu um beijo na palma. Quando elevou os olhos, seu olhar era grave, amável e serena.
—Querida amiga, você não me perderá jamais. Não importa o que diga ou faça.
Depois de um mês de companheirismo, os dois tinham adquirido uma profunda confiança no outro, o qual permitiu ao Anastasia falar com a honestidade e a contundência que Ravenhill merecia.
—Decidi que não quero me casar contigo.
Ele não piscou nem demonstrou a mais mínima surpresa.
—Sinto ouvir isso - disse em voz baixa.
—Você não te merece outra coisa que não seja um matrimônio por amor,- apressou-se a
prosseguir Anastasia. —Um amor verdadeiro e maravilhoso com uma mulher sem a que não possa viver. E eu...—E você? - perguntou ele, retendo sua mão.
—Vou reunir a coragem necessária para ir ver o senhor Grey e lhe pedir que me tome como esposa.
Fez-se um comprido silencio, enquanto ele assimilava as palavras de Anastasia.
—Te dá conta de que se unir a ele muitas pessoas de nossa classe pensarão que há caido em desgraça? Haverá círculos que jamais voltarão a te aceitar...
—Não importa - lhe assegurou Anastasia com um sorriso nervoso. —Minha reputação sem mancha foi um frio consolo nos anos que seguiram à morte de George. Trocarei-a pela oportunidade de ser amada. Quão único sinto é ter demorado tanto tempo em me dar conta do que realmente importa. Desde que George morreu, tive um medo atroz de sofrer de novo e, por esse motivo, menti a mim mesma e menti a todo mundo.
—Então, vá ver Grey e lhe diga a verdade.
Ela sorriu a Ravenhill, estupefata ante a simplicidade da resposta.
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Onde começa os sonhos
RomanceChristian Grey construiu sua própria fortuna, mas precisa de uma esposa bem- nascida para reforçar a sua posição na sociedade de Londres, uma meta aparentemente impossível para um homem de má reputação. Anastasia Steele é bonita e generosa e, como...