Capitulo 15

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Absorta em seus pensamentos, Anastasia tinha esquecido que aquela manhã tinha uma entrevista com Ravenhill, seu suposto prometido, para sair juntos a cavalgar. Muito depois que Mia Grey se foi, ainda Anastasia estava sentada na habitação das visitas com uma taça de chá morno na mão. Tinha o olhar cravado no líquido leitoso e procurava as palavras adequadas para convencer Christian de que a perdoasse e voltasse a confiar nela. Não acreditava que houvesse uma forma fácil de abordar a questão. Simplesmente teria que ficar a sua mercê e confiar em que tudo saísse bem. Sorriu irônica ao pensar que lhe tinham ensinado cem formas distintas de rechaçar educadamente a um cavalheiro, mas que em seu repertório não havia nenhuma para recuperá-lo. Conhecendo a soberba de Christian e suas formidáveis defesas, Anastasia sabia que não cederia facilmente. Faria-lhe pagar caro pela maneira em que tinha fugido dele; exigiria-lhe sua rendição incondicional.

—Meu deus, por que está tão séria essa cara tão bonita?

Vardon, lorde Blake, entrou na habitação. Alto e atlético, levava um traje de montar escuro. Com seus cabelos loiros, sua discreta galhardia e seu porte elegante, era o homem com que qualquer mulher teria sonhado. Sorrindo-lhe com melancolia, Anastasia decidiu que tinha chegado a hora de queimar as naves.

—Bom dia. - Indicou-lhe que se sentasse junto a ela.

—Não está vestida para ir montar - observou ele. —Cheguei muito cedo, ou trocaste que opinião sobre o que gostaria de fazer esta manhã?

—Troquei que opinião sobre muitas coisas, temo-me.

—Ah. Pressinto que vamos ter uma conversação séria. - Ravenhill lhe sorriu com desenvoltura, mas seus olhos adotaram uma expressão vigilante.

—Vardon, tenho tanto medo de perder sua amizade depois do que quero te dizer.

O tomou a mão com suavidade e lhe deu um beijo na palma. Quando elevou os olhos, seu olhar era grave, amável e serena.

—Querida amiga, você não me perderá jamais. Não importa o que diga ou faça.

Depois de um mês de companheirismo, os dois tinham adquirido uma profunda confiança no outro, o qual permitiu ao Anastasia falar com a honestidade e a contundência que Ravenhill merecia.

—Decidi que não quero me casar contigo.

Ele não piscou nem demonstrou a mais mínima surpresa.

—Sinto ouvir isso - disse em voz baixa.

—Você não te merece outra coisa que não seja um matrimônio por amor,- apressou-se a
prosseguir Anastasia. —Um amor verdadeiro e maravilhoso com uma mulher sem a que não possa viver. E eu...

—E você? - perguntou ele, retendo sua mão.

—Vou reunir a coragem necessária para ir ver o senhor Grey e lhe pedir que me tome como esposa.

Fez-se um comprido silencio, enquanto ele assimilava as palavras de Anastasia.

—Te dá conta de que se unir a ele muitas pessoas de nossa classe pensarão que há caido em desgraça? Haverá círculos que jamais voltarão a te aceitar...

—Não importa - lhe assegurou Anastasia com um sorriso nervoso. —Minha reputação sem mancha foi um frio consolo nos anos que seguiram à morte de George. Trocarei-a pela oportunidade de ser amada. Quão único sinto é ter demorado tanto tempo em me dar conta do que realmente importa. Desde que George morreu, tive um medo atroz de sofrer de novo e, por esse motivo, menti a mim mesma e menti a todo mundo.

—Então, vá ver Grey e lhe diga a verdade.

Ela sorriu a Ravenhill, estupefata ante a simplicidade da resposta.

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