Capitulo 14

373 71 14
                                    




Os Hyde receberam Anastasia como à filha pródiga. Houve comentários, naturalmente, pois nenhum deles podia resistir a lhe expressar a opinião coletiva de que partir tinha sido um grave engano. Foi-se com uma reputação sólida e irrepreensível, e contando com a admiração e o respeito de todo seu círculo de amizades, e tinha retornado desprestigiada. Economicamente, sua associação com o Christian tinha sido muito benéfica, mas tinha cansado moral e socialmente.

A Anastasia não importava. Os Hyde poderiam protegê-la de alguns, se não de todos, os obstáculos com que toparia em seu caminho. E quando Lisa tivesse dezoito anos e possuísse um grande dote, teria muitos pretendentes e o escândalo que tinha rodeado sua mãe faria já tempo que se teria esquecido.

Anastasia não fez nenhum intento de ficar em contato com Ravenhill, sabendo que os rumores de seu novo paradeiro lhe chegariam em seguida. Ele foi visitá-la quando ela levava apenas uma semana instalada na casa dos Hyde, e Thomas, William e suas algemas o receberam de muito bom grau. Alto, loiro e bem parecido Ravenhill parecia um cavalheiro que ia em resgate de uma rapariga em perigo. Quando Anastasia se uniu a ele no sério salão onde os Hyde recebiam as visitas, tinha a intenção de lhe dizer que não necessitava que a resgatassem. Não obstante, em seguida lhe fez saber com sua habitual franqueza que os últimos desejos de George eram também os seus.

—Assim abandonaste esse ninho de perversão - comentou Ravenhill. Tinha a expressão séria, salvo o brilho zombador de seus olhos.

Anastasia não pôde conter uma repentina risada, porque sua irreverência a fala surpresa.

—Deve te andar com cuidado em sua associação comigo - lhe advertiu alegremente. Sua reputação pode sair prejudicada.

—Depois de minhas correrias pela Europa durante estes três últimos anos, asseguro-te que não fica nenhuma pingo de reputação por salvar.

—Sim? - perguntou-lhe ele com suavidade.
—Sei que acordamos falar disso - disse ela, incômoda. —Mas agora acredito que... não há necessidade... depois de tudo, você e eu...

Ravenhill a fez calar, lhe pondo seus largos dedos nos lábios com muita suavidade.
Atônita, Anastasia não se moveu quando tomou as mãos com afeto e decisão.

—Pense em um matrimônio entre amigos íntimos - disse. —Que comunicam-se sempre honestamente entre eles. Um casal que possui os mesmos ideais e interesses. Nós gostamos de estar em companhia do outro e nos tratamos com respeito. Isso é o que eu quero. Não vejo por que não podemos o ter juntos.

—Mas você não me ama, Vardon. E eu não....

—Quero te dar o amparo de meu sobrenome - a interrompeu ele.

—Mas isso não basta para sossegar o escândalo e os rumores...

—É melhor que o que tem agora - assinalou ele com bom critério. —Ademais, equivoca-te em
uma coisa. Eu te amo. Conheço-te desde antes que você e George casassem. Jamais respeitei nem apreciei a nenhuma mulher como a ti. É mais, acredito que um matrimônio entre amigos é a melhor união que existe.

Anastasia compreendeu que Ravenhill não se referia à classe de amor que ela tinha vivido com George. Nem tampouco estava lhe oferecendo a apaixonada relação que ela tinha tido com Christian Grey. Aquele era realmente um matrimônio de conveniência, uma união que encheria suas necessidades e satisfaria a última petição George.

—E se isso não te basta? - perguntou-lhe Anastasia em voz baixa. —Conhecerá alguém, Vardon... Poderia ocorrer semanas depois de que nos casássemos, ou anos, mas acontecerá algum dia. Uma mulher pela que estaria disposto a morrer. E quererá estar com ela desesperadamente, e eu não seria mais que uma carga para ti.

Onde começa os sonhos Onde histórias criam vida. Descubra agora