Capitulo 3

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*Sem revisão

Christian Grey precisava de uma esposa. Fixou-se na classe de senhoras com quem estavam casados os homens ricos e de boa posição: mulheres serenas que nunca levantavam a voz, e que cuidavam da casa e de todos os detalhes da vida de um homem. Os criados de uma casa bem dirigida pareciam trabalhar em uníssono como o mecanismo de um relógio.., justamente o contrário da sua. Às vezes, seus criados faziam bem as coisas, mas outras lhe faziam a vida impossível. Freqüentemente serviam as refeições tarde; os lençóis, a prataria e os móveis nunca estavam impecáveis como em outras casas, e a despensa sempre estava a transbordar ou completamente vazia.

Christian tinha contratado várias amas até dar-se conta de que inclusive as melhores precisavam da supervisão da senhora da casa. E Deus sabia que sua mãe era incapaz de dar ordens, apenas para pedir timidamente a uma criada uma taça de chá ou que a ajudasse a vestir- se.

—São serventes, mãe - lhe havia dito pacientemente Christian, ao menos uma centena de vezes. —Esperam que você lhes peça coisas. Querem que o faça. Do contrário, não teriam trabalho. Assim tente não parecer que está lhes pedindo perdão cada vez que necessita de algo, maldita seja, e toque a campainha com certa autoridade.

Mas sua mãe apenas ria e protestava, dizendo que detestava incomodar, mesmo que fossem pagos para isso. Não, sua mãe não melhoraria nunca naquele aspecto, tinha vivido na miséria durante muito tempo e jamais saberia tratar um servente.

Parte do problema era que seus criados, como seu dinheiro, eram novos. Outros homens enriquecidos tinham herdado uma casa com serventes experimentados que levavam anos, inclusive décadas, vivendo e trabalhando juntos. Christian tinha tido que contratar os seus rapidamente. Alguns estavam iniciando no ofício, mas a maioria tinha sido despedido de seus anteriores postos por razões diversas. Em outras palavras, tinha a seu cargo a maior acumulação de bêbados, mães solteiras, incompetentes e trombadinhas do oeste de Londres.

Seus amigos lhe tinham aconselhado que uma mulher idônea poderia fazer maravilhas para melhorar a gestão de sua casa, lhe deixando as mãos livres para fazer o que melhor sabia: dinheiro. Pela primeira vez em sua vida, Christian encontrava a perspectiva de casar-se sensata e inclusive atrativa. Não obstante, tinha que encontrar esta mulher idônea e convencê-la que o aceitasse, e isso não seria tarefa fácil. A mulher que tomasse como esposa deveria cumprir uma série de requisitos.

Por hora, teria que ser de sangue azul, se queria ter acesso aos círculos da alta sociedade que aspirava. De fato, considerando sua própria falta de maneiras e educação, o melhor seria que, para compensá-lo, ela fosse de uma linhagem que remontasse a Guillerme o Conquistador. Não obstante, não deveria ser condescendente com ela; não teria uma esposa que o olhasse por cima do ombro. Também deveria ser independente, para que não lhe importassem suas freqüentes ausências. Era um homem ocupado, e a última coisa que precisava era alguém que tentasse lhe usurpar o pouco tempo de que dispunha.

A beleza não era um requisito. De fato, não queria que sua esposa fosse tão formosa que outros homens estivessem sempre olhando-a e tentando seduzi-la. Era essencial que gozasse de boa saúde física e mental, pois queria ter filhos fortes e inteligentes. Também deveria ter habilidades sociais, porque teria que introduzi-lo em uma sociedade que claramente se negava a aceitá-lo.

Christian sabia que muitos aristocratas gozavam dele pelas costas por suas origens humildes e pela rapidez com que tinha feito sua fortuna, comentavam que tinha uma mentalidade burguesa e mercantil, que não sabia o que era bom gosto, elegância e boas maneiras. Não se equivocavam. Ele conhecia suas limitações. Saber que ninguém poderia rir abertamente lhe produzia um prazer macabro. Converteu-se em uma força que todos teriam que aceitar..

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