Capitulo 7

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Quando Anastasia começou a corresponder-se com várias amigas, muitas das quais não tinha visto desde o funeral de George, surpreendeu-lhe a reação ante a notícia de que estava trabalhando e residindo na propriedade que o senhor Christian Grey tinha em Londres. Naturalmente, muitas lhe demonstraram sua desaprovação lhe oferecendo inclusive um lugar em suas próprias casas, pensando que devia estar na miséria para ter aceito.
Entretanto, para sua surpresa, a maioria se mostrou muito interessada em sua nova situação e lhe perguntaram se podiam ir visitá-la na casa de Grey. Aparentemente muitas senhoras estavam impacientem por ver a casa e, mais que isso, por conhecê-lo.

Christian não pareceu surpreender-se quando Anastasia mencionei.

—Sempre se passa o mesmo - disse com um sorriso cínico. —As mulheres de sua classe iriam à guilhotina antes que casar-se com um arrivista como eu... mas há uma quantidade surpreendente que querem ser minhas «amigas».

—Quer dizer que estão dispostas a... com você? - Anastasia ficou calada sem dar crédito a seus ouvidos. —Inclusive as casadas?

—Sobre tudo essas, - lhe informou Christian zombador. —Enquanto você esteve encerrada na casa dos Hyde guardando luto, eu tive muitas damas elegantes de Londres entre meus lençóis.

—Um cavalheiro não se gaba de suas conquistas sexuais - tinha replicado Anastasia, ruborizando-se com o comentário.

—Não estava alardeando. Estava expondo um fato.

—E melhor não expor.

A inesperada dureza com que Anastasia tinha pronunciado aquelas palavras pareceu despertar imensamente o interesse dele.

—Tem uma expressão muito estranha, lady Anastasia - disse com voz aveludada. —Quase parece que esteja com ciúme.

Anastasia se zangou tanto que esteve a ponto de engasgar-se. Christian Grey tinha o dom de conseguir tirá-la de sua proteção como ninguém tinha feito antes.

—Absolutamente. Só pensava na quantidade de enfermidades desagradáveis que alguém deve
contrair com tantos idílios.

—Idílios - repetiu, rindo entre dentes. —Nunca tinha ouvido ninguém expressá-lo com tanta
delicadeza. Não, jamais contraí a sífilis nem nenhuma outra enfermidade em meus contatos com prostitutas. Um homem tem formas de proteger-se...

—Asseguro-lhe que não gostaria de ouvir! - Horrorizada, Anastasia abafou os ouvidos com as mãos. Christian, o ser mais luxurioso que conhecia, estava disposto a falar sobre certas questões íntimas que um cavalheiro nunca deveria admitir que conhece. —Você, meu senhor, é completamente imoral.

Em lugar de parecer envergonhado por seu comentário, Christian se pôs a rir.

—E você, minha senhora, é uma dissimulada.

—Obrigado - exclamou ela.

—Não pretendia ser um comprimento.

—Qualquer crítica, senhor Grey, receberei-a definitivamente como um comprimento.

Christian riu, como fazia sempre que Anastasia tentava lhe dar lições de moral. Só lhe interessava que lhe ensinasse a comportar-se como um cavalheiro. E quando lhe conviesse, não duvidaria em despojar-se de sua fachada refinada. Porem, por mais que o tentasse, Anastasia não podia sentir antipatia por ele.

À medida que passavam as semanas, Anastasia foi descobrindo muitas coisas sobre seu patrão, incluindo o fato de que possuía muitas qualidades pessoais dignas de admiração. Christian era honesto sobre seus defeitos e extraordinariamente modesto a tudo que se referisse a suas origens e sua falta de educação. Possuía uma estranha modéstia, rebaixando constantemente sua tremenda inteligência inata e seus importantes lucros. Freqüentemente se valia de sua picardia para fazê-la rir contra sua vontade. De fato, parecia desfrutar-se provocando-a até que ela se zangava; logo, para frustração de Anastasia, a fazia rir.

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