Capitulo 11

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Christian chamou, sem muita convicção, à porta de Anastasia com dois nódulos da mão direita. Não ouviu nenhum ruído nem nenhuma resposta no interior da habitação. Suspirando, se perguntou se talvez teria retirado para dormir. Era de esperar que não queria vê-lo aquela noite. Repreendeu-se em silêncio, lamentando não ter sido capaz de manter a boca fechada. Embora não era precisamente um homem de salão, as mulheres lhe davam bastante bem, e poderia ter feito algo melhor que criticar o aspecto de Anastasia. Provavelmente ela estaria chorando em um canto do quarto, muito ferida e furiosa para sequer responder...

A porta se abriu brandamente, deixando a mão de Christian suspensa no ar quando se dispunha a chamar de novo. E ali estava Anastasia, sozinha, embainhada em um vestido que parecia feito de chamas líquidas.

Christian se segurou ao marco da porta para não cair de costas. Percorreu Anastasia com o olhar, absorvendo todos os detalhes com avidez: os erguidos seios brancos, aprisionados sob o sutiã vermelho de seda..., o delicado ângulo da clavícula; a suave curva do pescoço, tão tentadora que lhe deu água na boca. O vestido vermelho, de uma simplicidade surpreendente era elegante mas provocador. As zonas de pele branca que deixava expostas bastaram para ameaçar sua prudência. Em sua vida jamais tinha visto uma mulher de uma beleza tão deslumbrante e misteriosa como Anastasia. O gelo que tinha no estômago se dissolveu e o invadiu um ardente desejo. E como um recipiente de plástico que esteve exposto a uma mudança radical de temperatura, seu autocontrole ameaçou ruir.

Olhou-a nos olhos, pardos e aveludados. Por uma vez, não soube discernir seu estado de ânimo. Parecia cálida, profundamente convidativa, mas quando falou, tinha a voz rispida.

—Deu sua aprovação, senhor Grey?

Incapaz de articular uma palavra, Christian conseguiu assentir com a cabeça. «Ela seguia zangada», pensou ele perplexo. O porque de que tivesse colocado o vestido vermelho era um mistério. Talvez tinha intuído que aquele era o pior castigo que ela podia conceber. Desejava-a tanto que lhe doía.., especialmente em uma zona. Desejava tocá-la, posar suas mãos e sua boca naquela pele tão suave, afundar o nariz no pequeno vale que se abria entre seus seios. Oxalá lhe permitisse adorá-la, lhe agradar, da forma em que ele ansiava.

Anastasia o percorreu com o olhar e o olhou diretamente aos olhos.

—Entre, por favor - disse, lhe indicando que entrasse em sua habitação. —Tem revolto o cabelo. O pentearei antes de sair.

Christian obedeceu com lentidão. Era a primeira vez que o convidava a entrar em sua habitação. Ele sabia que não era correto, que não era decoroso, mas naquela noite todo se tornou de reverso. Enquanto seguia sua esbelta silhueta embainhada em seda pela habitação perfumada, seu cérebro funcionou o bastante para recordar que devia desculpar-se.

—Lady Anastasia.

—Lady Anastasia ... - Lhe faltou a voz. Limpou a garganta e voltou a tentar... —Não deveria... Sinto...

—Naturalmente que deve senti-lo - asseverou Anastasia. O tom era azedo, mas já não estava
furiosa. —Foi arrogante e presunçoso, embora não sei por que deveria me surpreender essa conduta, vindo de você.

Normalmente Christian teria respondido a aquela reprimenda com um comentário brincalhão. Nesse momento, não obstante, assentiu humildemente. O roce das saias, o movimento das pernas sob as capas de seda, embriagava-o e confundia.

—Senta-se aí, por favor - disse Anastasia, assinalando uma pequena cadeira junto a penteadeira. Levava na mão uma escova com a base de prata. —Você e muito alto para mim se ficar de pé.

Ele obedeceu imediatamente, embora a frágil cadeira balançou e rangeu sob seu peso. Por desgraça, ficaram os olhos justo à altura dos seios de Anastasia. Fechou-os para não ver aqueles Montes sedutores, mas nada conseguia aquietar as atormentadoras imagens que iam a sua mente. Seria tão fácil pegá-la pela cintura e enterrar a cabeça entre os suaves seios. Começou a suar copiosamente como se ardesse de febre. Consumia-se por ela. Quando Anastasia falou, pareceu-lhe que o doce som de sua voz acumulava na nuca e no meio das pernas.

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