Capitulo 4

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Anastasia não tinha visto nada igual à casa que Christian Grey tinha em Londres. Era de uma opulência que poderia ter despertado inveja a um Médicis. O saguão, com luxuoso chão de mármore de estilo Rouge Royal, brilhantes colunas douradas e tapeçarias muito valiosas, tinha dois andares. Do teto armação de sustentação de prata e ouro penduravam imensas aranhas de cristal que iluminavam uma quantidade assombrosa de estatuas romana.

Um mordomo surpreendentemente jovem conduziu Anastasia pelo saguão para o conjunto de habitações que albergava a biblioteca.

Habitações? -tinha repetido Anastasia perplexa, o mordomo lhe tinha explicado que a coleção privada de livros, manuscritos, fólios antigos e mapas do senhor Grey era muito extensa para caber em uma só habitação. Anastasia reprimiu o impulso de voltar-se de um lado a outro para ver o que tinha a seu redor. As paredes do corredor eram cobertas de seda azul com centenas de mariposas de cristal aderidas ao tecido. A porta de acesso à biblioteca estava flanqueada por dois Rembrandts, cada um mais valioso que as melhores obras em posse dos Hyde.

Educada para pensar que a simplicidade era o entorno que maior tranqüilidade e repouso podia oferecer, Anastasia achou aquele lugar de um mau gosto extraordinário. Mas seu aparato era tão espetacular que a fez sorrir. Recordando que Grey tinha começado sendo boxeador, sentiu uma admiração que pairava o respeito ante o fato de que alguém pudesse chegar tão longe.

O mordomo a conduziu a um cômodo iluminado pela luz que penetrava através de um intrincado teto de cristal plomado. As paredes estavam estofas com veludo verde e tinham uma grande quantidade de trípticos que pareciam retratos de veneráveis antepassados. Inumeráveis fileiras de estantes de vidro continham interessantes obras. Que tentadora era a idéia de tirar um livro, sentar-se em uma daquelas macias poltronas de pele e apoiar as costas em uma almofada felpuda.

Ao passar junto a um enorme globo terrestre, que devia medir quase dois metros de diâmetro, Anastasia se deteve e tocou timidamente.

—Jamais tinha visto uma biblioteca tão suntuosa como esta - disse. Embora o mordomo se esforçasse para permanecer impassível, sua expressão proclamava uma mescla de diversão e orgulho.

—Isto não é mais que a entrada da biblioteca, senhora. A sala principal está mais adiante.

Anastasia o acompanhou e se deteve na soleira sufocando um grito. Parecia a biblioteca de um palácio; era muito espetacular para pertencer a uma só família.

—Quantos livros contêm? -perguntou ela.

—Quase vinte mil, acredito.

—O senhor Grey deve gostar muito de ler.

—OH, não; o senhor não lê quase nunca. Mas gosta dos livros.

Contendo a risada ante aquele comentário tão incongruente, Anastasia seguiu avançando. A sala principal da biblioteca tinha três pisos de altura e estava coroada por um teto com elaborados afrescos de anjos e cenas celestiais. Do brilhante chão deo parque emanava uma fresca fragrância de cera de abelha, que se mesclava gratamente com o aroma de vitela dos livros, enfeitada com um leve aroma a tabaco. Um fogo ardia em uma chaminé de mármore verde lavrado onde poderia estacionar uma carruagem. Ao fundo da sala se achava uma mesa de mogno tão imensa que provavelmente precisariam de doze homens para deslocá-la. O homem que estava sentado atrás dela ficou de pé, e o mordomo anunciou Anastasia.

Embora já lhe tivessem apresentado a membros da nobreza e da realeza sem que ela perdesse a compostura, Anastasia se sentiu um pouco nervosa. Talvez fora pela reputação do senhor Grey, ou pelo esplendor do entorno, mas o certo é que notou que lhe faltava momentaneamente o ar quando se aproximou dele. Alegrou-se de ter colocado seu melhor vestido de seda italiana cor café, com o pescoço de encaixe cor baunilha e as amplas mangas com franjas de tecido nos cotovelos.

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