Estranhos

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 A maresia e o cheiro salgado do mar eram predominantes naquele cômodo pequeno

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A maresia e o cheiro salgado do mar eram predominantes naquele cômodo pequeno. Suaves ondas balançavam o casco do navio, porém não era o suficiente para tirar o equilíbrio dos dois homens que conversavam.

— Amor, isso é… — o mais alto começou, com uma voz incerta.

O menor, capitão daquele navio, suspira. Olha para a imensidão da água pela pequena janela e depois de longos segundos mergulhando em sua própria consciência, ele se vira para o outro.

— Você sabe porque precisamos fazer isso. Não é algo que eu me orgulhe; que nós vamos nos orgulhar, mas é necessário. Não podemos abandonar eles à deriva, nas mãos daquela mulher… eles são nossa família.

O alfa soube imediatamente que seu parceiro estava certo e que em hipótese alguma ele mudaria de ideia. E mais uma vez, sentiu orgulho por tê-lo em sua vida; orgulho de saber que ele tinha um coração de ouro que valia mais do que qualquer tesouro que já haviam tentado achar.

— Eu amo você, sabes disso, não é?

O capitão sorriu com sinceridade. Mesmo com toda a tensão que o rondava, bastava olhar para seu homem, bastava ouvir poucas palavras sussurradas daquela forma carinhosa, bastava o ter por perto e ele sabia que teria forças para enfrentar o universo todo.

O puxou para um beijo. Ficou na ponta dos pés e agarrou sua nuca, tudo para sentir aqueles belos lábios colados nos seus.

Suas bocas já se conheciam e se encaixavam com a maestria de anos de puro amor. Suas línguas se enroscavam lentamente e eles puderam aliviar sua mente de todos os problemas que os afligiam. Era como se houvesse somente eles dois naquele grande navio, na imensidão azul do mar e no mundo todo, seja do tamanho que ele fosse.

A porta foi aberta com certa urgência. Um dos tripulantes do capitão entrou, não se dando o trabalho de sentir-se envergonhado ou culpado por ter atrapalhado seu superior.

O alfa que havia entrado, só os encarou com olhos maliciosos, mas essa expressão logo se desfez de seu rosto e ele se pôs a falar:

— Ela quer conversar com você, capitão.

Ao receber essa mensagem, o homem fechou os olhos por alguns segundos, buscando calma.

Percorrer o porto daquele clã era uma tortura. Pessoas iam e vinham, mas em todas, havia uma careta de pura descrença e nojo. Estrangeiros nunca seriam bem vistos em lugar nenhum, aparentemente.

O imponente capitão continuou a caminhar da forma mais elegante possível. Sabia que ninguém ousaria falar nada e muito menos tentar algo contra si e a pessoa que o acompanhava.

Havia trazido o alfa mais intimidador de seu navio. Sabia que todos temiam-o por sua aparência, apesar de ser uma pessoa amável com quem o conhecia.

— O que acha que ela quer agora? — ele perguntou ao ômega.

— Não faço ideia. Mas sinceramente? Algo ruim, com certeza.

E ambos sabiam que algo complicado estava por vir. Até o clima parecia saber, pois havia densas nuvens carregadas de chuvas. Escuras, tampando a luz do sol e fazendo tudo ser ainda mais sombrio em suas vidas.

O salão daquele clã era luxuoso, grandioso e passava uma mensagem clara de que ali havia grande poder.

A senhora do clã estava em seu trono sem nenhum viking a rodeando. A sós, com somente uma adaga fazendo companhia a sua solidão, girando entre seus dedos, a fazendo abrir um sorriso horripilante enquanto examinava a arma, que provavelmente, já tirara a vida de muitos.

O capitão havia aprendido duas coisas sobre ela naquele pequeno período de tempo que se conheciam:

1. ela não era uma pessoa muito sã…

2. qualquer inimigo que surgisse em sua frente, ela eliminaria de uma única forma… com a morte.

Ela pareceu sentir suas presenças no salão, pois levantou os olhos e os examinou da cabeça aos pés por um longo tempo.

— Estão atrasados — disse com uma calma que faria qualquer pessoa dar um passo para trás, mas o capitão nunca iria recuar diante dela; não tanto, pelo menos. Ainda havia orgulho dentro de si.

— O que quer de nós? — questionou, sem vontade alguma de permanecer mais do que o tempo necessário na presença dela.

Ela deu uma risadinha e guardou sua lâmina. Ereta no trono, cruzou suas pernas e fingiu refletir por alguns instantes:

— Ora, vocês sabem o que eu quero. A única coisa que não sabem é quem é o escolhido da vez.

O estômago do líder do grande navio embrulhou. Sua boca ficou com um gosto péssimo, e o alfa logo atrás de si rosnou baixinho; tão baixo que só ele pôde ouvir.

— Quem dessa vez?

Seu sorriso perverso aumentou pouco a pouco, até tomar conta de seu rosto por inteiro, de uma forma que a fazia parecer uma besta sedenta por sangue. E, no fim, ela era mesmo.

— Han Jisung. Líder do clã sulista.

"Ótimo", pensou o capitão, sabendo o quão arriscado aquilo seria para seus homens; para sua família.

Mas também sabia os motivos que o levaram a aceitar essa aliança. Os motivos que o fizeram ir contra todos os seus princípios… E ele precisava lutar contra sua honra mais uma vez. Precisava ser forte e esconder seus sentimentos sob uma máscara, sem demonstrar fraquezas.

A olhou friamente. Uma promessa de que um dia ela pagaria por tudo aquilo e lhe deu as costas, saindo daquele salão que parecia um inferno e pronto para cumprir a nova missão que haviam dado a sua tripulação.

O Festim dos Clãs | MinsungOnde histórias criam vida. Descubra agora