ATO I: A Fumaça Que Anda Sobre Duas Patas
"Você já se perguntou alguma vez o que leva o ser humano a querer mais? Sempre mais, esse tipo de monstro nunca está satisfeito. Ganância é o nome do seu pecado, dos seus atos hediondos de sempre querer mais.
O problema da ganância é que ela não afeta apenas o ser em que reside, mas sim todos aqueles ao seu alcance... Meu nome é Elliot Parker e eu fui vítima da ganância de um homem.
Esse homem, um líder empresarial e corrupto, foi a causa de uma das maiores tragédias da minha vida. Esse homem cortava pelos meios em uma busca antecipada do seu sucesso, somente seu.
A ganância desse mesmo homem levou uma pessoa, outrora gentil e amigável, a um ser em busca de conhecimento profano e obscuro, para enfim, conseguir sua vingança que almejava por tantos anos."
Em uma cabana de madeira velha, nas profundezas da Floresta Maldita, encontra-se uma jovem de cabelos e olhos negros, um manto escuro a cobre da cabeça aos pés. Ela arranha o chão com uma faca de caça fazendo um círculo com várias runas e sigilos, um crânio canídeo é posto sobre o centro do círculo, juntamente de flores e ervas decrépitas, cinco velas, essas são a única iluminação de todo o abrigo se encontram ao redor do círculo. Tudo está pronto para se dar início ao ritual.
– Venha até mim ser de outro mundo, em minha hora sombria eu lhe faço essa oferenda em busca de um favor – A mulher retira o capuz e corta sua própria mão com a mesma faca que deu forma ao ritual – Lhe ofereço, através do meu sangue, um contrato.
O sangue rubro escorre de sua mão e se deita suavemente sobre o círculo ritualístico, porém, ele parece se contorcer e movimentar de maneira sobrenatural se banhando por todo o círculo. Aquele sangue rubro se torna um sangue preto, como se fosse um lodo pegajoso e asqueroso, então ele começa a subir sobre o crânio canídeo e se ergue lentamente em um formato bizarro, a jovem, em um susto, se afasta do círculo em passos trêmulos incrédula do seu sucesso em performar o rito.
– O que você deseja, humana? – Aquela "coisa" finalmente toma forma, uma espécie de canídeo feito daquele mesmo líquido estranho. Ele anda sobre duas patas, possui um longo rabo com a ponta branca, garras não retráteis extremamente afiadas e longas... Mas o seu destaque mais assustador até então, é sua cabeça, a criatura vil tomou posse do crânio, um crânio sem olhos, apenas duas luzes vermelhas que brilham em suas cavidades.
– F-Funcionou? Caralho! – A jovem que foi tomada alguns instantes pelo medo, agora tem sua feição completada por uma felicidade, mas a criatura não parece compartilhar do mesmo sentimento.
– Meu tempo é precioso, não me faça ter que repetir a pergunta... – A voz da criatura é densa, profunda, um rosnado acompanha quase toda frase que ele profana.
– Certo... Preciso que uma pessoa seja assassinada – Ela respira fundo antes de fazer o seu pedido, não é algo que se diz todo dia, ainda mais pra um demônio.
– Você deseja a morte de alguém? – Ele começa a andar em volta da mulher, Elliot tem apenas vinte e um anos e já se encontra em situações bem complicadas – Não é incomum que um mortal me faça um pedido tão ousado... Quem eu deveria matar?
– Um homem chamado Kenny Ashford – O medo e o nervosismo de Elliot some quase que instantaneamente quando o demônio faz a pergunta, e ele percebe isso.
– Você parece ter certeza da sua decisão... Mas eu me pergunto, o que esse homem fez de tão ruim que merece ser punido apenas com o frio e duro vazio da morte? – Elliot se levanta e os dois ficam cara a cara.
– Isso não importa, eu quero que você mate ele, esse é o nosso contrato – Ela pensa por alguns instantes antes de responder a pergunta feita por ele, mas chega a conclusão de que ele não merece satisfação nenhuma de seus motivos.
– Claro, claro... Não preciso dizer que, de sua parte, desejo apenas sua alma quando sua vida neste mundo chegar ao fim – Ele estende a mão, com aquelas garras ameaçadoras que poderiam facilmente cortar a garganta de qualquer um – Negócio fechado então? – A frase é pronunciada de maneira ominosa, quase que com malícia.
– Fechado... – Ela aperta a mão do demônio – Aliás, você tem nome? – Quando as mãos são apertadas e o negócio é fechado, Elliot começa a sentir uma grande dor de cabeça, como se ratos estivessem roendo seu cérebro.
– Que merda é essa?! – Ela quase que grita agonizando com a dor, chega até mesmo a se ajoelhar perante a criatura. Após quase um desmaio, ela olha para cima, para a criatura dos pés à cabeça. Ele não parecia ser feito mais daquela gosma preta, aquele líquido se solidificou em um pelo negro e no vazio das cavidades oculares do crânio onde havia dois brilhos vermelhos como olhos, se encontra luz, duas luzes âmbares brilhantes.
– Você pode me chamar de... Cadaver – A criatura diz seu nome ou talvez apelido para a humana, com um sorriso no rosto, quase como se tivesse se deleitado do sofrimento da garota.
– O que foi isso? – Elliot se levanta colocando uma mão sobre a cabeça com seus olhos semicerrados e dentes mostrando.
– Quando demônios se comprometem a um contrato com um humano, pegam parte da personalidade dele, não se preocupe, você vai ficar bem – Ele começa a se mover em direção a porta do casebre de madeira.
– Onde você tá indo? – Elliot pergunta, já se recuperando da dor.
– Fazer o que eu tenho que fazer... – Ele abre a porta – Matar Kenny Ashford – Ele passa pela porta e fecha em seguida, deixando Elliot sozinha na escuridão de sua casa.
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"A Sombra Ardente" é uma história não oficial sobre o personagem Cadaver de WingedWolf94, baseado em vídeos e artes da autoria do mesmo.
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Alguns dos personagens aqui são de autoria dele, me responsabilizo apenas pelo texto, história e os vários outros personagens que criei baseada em minha própria interpretação e doenças da minha cabeça.
Arte da capa feita por: https://twitter.com/YSama101
Obrigado por ler!
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A Sombra Ardente
FantasyEstá escuro... Tudo está tão escuro... Mas querendo ou não eu me acostumei com o quão escuro esse lugar pode ficar, não é como se tivessem janelas na masmorra do castelo. Eventualmente minhas orelhas captam alguns barulhos de gemidos do que eu posso...