A Sombra Ardente

Capítulo Doze: Marginais

ATO II: Humanidade no que não é Humano

"Já se passou um mês desde a queima da Floresta Maldita, o fogo se alastrou de maneira tão intensa e devastadora que destruiu pouco mais de 40% da floresta, as autoridades levaram dias a fio para resolver toda a situação e, mesmo assim, as consequências causadas por essa queima talvez afete os londrinos no futuro próximo. A recém adição da organização contra demônios e bruxas no governo também é sinal de que coisas mudarão no futuro, é fato confirmado que demônios andam entre nós humanos e que agora temos um órgão dedicado a combater esse mal interno. Fiquem ligados, mais tarde na programação, teremos uma entrevista com o líder e cabeça dessa organização, Clinton Leistung, até lá, uma palavra de nossos patrocinadores."

As frases ecoam de uma televisão em um canal de notícias em um certo restaurante, várias pessoas olham em direção a tela curiosos pra ver sobre o que está sendo noticiado. Entretanto, nem todas olham com o mesmo olhar curioso, em uma mesa ao canto, tem três indivíduos que estão mais preocupados com essas informações do que qualquer um ali.

Elliot, a bruxa humana, ela veste um suéter marrom com calça jeans azul e um sapato all-star vermelho, diferente dos outros dois, ela está focada somente na televisão e na mensagem que ela transmite.

Karna, o dragão infernal, veste algo diferente do padrão, ao invés de usar seu colete amarelo ele está usando uma jaqueta completa de cor laranja com o zíper aberto e uma camisa branca sem estampa. Ele ainda usa as mesmas calças e agora usa um sapato de correr, laranja também. Ele está do outro lado da mesa, sozinho.

E por último, mas não menos importante, Cadaver, seus pelos começaram a crescer exponencialmente desde que veio pro mundo humano, mesmo que agora não seja notável por estar na forma humana assim como Karna. Ele veste as roupas que tinha comprado há algum tempo atrás, uma camisa de manga longa vermelha coberta pela sua jaqueta de couro preta comum, uma calça jeans cinza e um all-star vermelho. Ele também está com seu colar de caveira e os braceletes de couro. Ele se senta do lado da Elliot, encarando Karna de frente, e mesmo estando em sua forma humana, a cicatriz de seu rosto ainda pode ser vista na pele.

Enquanto Elliot presta atenção na televisão, os dois se encaram em silêncio com expressões diferentes, Karna com um olhar perdido, desmotivado, que ocasionalmente olha de canto de olho pro lado, e Cadaver com uma expressão vazia e estática com as mãos sobre a mesa uma por cima da outra.

– Isso é ruim, não vai demorar até eles acharem a mansão se continuarem assim – Elliot desprende a atenção da TV e se vira pros dois, que também quebram o encarar contínuo e olham pra ela.

– Não temos mais pra onde ir... – Karna responde – A mansão é o único lugar que restou pra ser nosso esconderijo, se eles começarem a vir a gente vai ter que derrubar um por um – Ele cruza os braços com a cara fechada.

– Toda essa situação é uma merda... – Cadaver se joga pra trás contra o estofado do banco e olha pra janela ao seu lado direito – E é tudo culpa minha.

Os dois ficam calados depois do comentário do Cadaver, mas depois de um tempo, Elliot fala novamente.

– Bom, temos que pensar em algo, ficar parado na mansão esperando algo acontecer não vai dar em nada – Elliot apoia os cotovelos na mesa e cruza os dedos das mãos na frente do rosto.

– O que você sugere então? – Karna coloca as mãos no bolso da jaqueta e continua olhando pra Elliot. Nesse momento, antes sequer que a Elliot possa responder, uma figura encapuzada deixa um cartãozinho em cima da mesa e continua andando reto como se nada tivesse acontecido, os três vêem aquilo claro como o dia e depois voltam a se encarar.