Olho para o espelho tentando reconhecer a figura que ele refletia, aquela não parece eu. Não com esse vestido longo, e essa franja ridícula que minha mãe me obrigou a fazer, para esconder a cicatriz.
Meus pais finalmente haviam entrado em um acordo, uma semana com o meu pai, no apartamento e com minha rotina normal, e roupas normais, e uma semana com a minha mãe, na mansão do noivo dela, - que eu ainda nem tinha conhecido - com final de semana no country club, roupas novas e idas ao salão de beleza.
Eu odeio isso, eu odeio ela, mas Cláudia feliz, significa, meu pai feliz, e os dois felizes, significa, chega de brigas. Então, esse é o preço que eu pago pela finalmente desejada paz.
- Esse vestido é ridículo - Reclamo de mais um. Dessa vez, o escolhido é rosa claro, com detalhes de renda.
- Você só sabe reclamar, Norma, estresse demais envelhece - A mais velha admira sua figura no grande espelho.
Bufo, e saio de dentro da sala onde provamos os vestidos, em busca de mais um.
Perto da seção das gravatas, encontro uma figura loira conhecida.
- É a primeira vez que te vejo sem aquela faixa ridícula na cabeça - Ele se vira em minha direção.
- E é a primeira vez que te vejo usando um vestido da minha avó - Responde com a mesma acidez - O que 'tá fazendo aqui?
- Agora sou meio rica - Sorrio, irônica - Eu vim com a minha mãe escolher um vestido para uma festa no clube.
- Quem diria que Mary Strader finalmente sairia da ralé, sem ser se apoiando em um garoto rico - Na sua cara tem um sorriso, mas aquilo não parecia uma brincadeira.
- Vai se foder, Lawrence - O dou as costas, começando a caminhar para longe.
- Foi mal, Strader - Me segue - 'Tô sendo babaca, por que meu padrasto me obrigou a vir até aqui - Ele finalmente pareceu voltar ao seu humor normal - O Sid é o maior babaca de todos.
- Se isso vem de você, eu até acredito - Passo as opções dos cabides, procurando por algo que realmente me agrade.
Começo a jogar no peito do loiro as opções que menos desgosto.
- É estranho te ver usando algo tão longo - Comenta, impertinente.
- Você me vê de kimono todos os dias, mané.
- É diferente, isso é um vestido - Reviro os olhos - Tem falado com o Daniel, desde-.
- Não, eu não falei com ele desde o dia do soco - O interrompo - Por que esse assunto? - Pergunto sem humor.
- Estive pensando em um plano.
- Plano? - Paro o que estou fazendo para olhá-lo bem.
- Nós podíamos fingir um namoro falso para deixar a Ali e o Daniel com ciúmes.
- Johnny, essa é a ideia mais imbecil que eu já ouvi na vida - O loiro bufa.
- Porra, Mary - Reclama.
- É sério, a garota que aceita uma coisa dessas tem que ser muito idiota.
- Por isso ninguém gosta de você - O garoto vai embora, irritado, depois de me devolver os vestidos.
[☆]
Bebi toda a água de dentro da minha garrafa em um só gole, tentando me refrescar do calor da Califórnia, somado com uma sala cheia de homens. Sentia o suor escorrer pelas minhas costas e testa, que pareciam encharcadas.
Quanto mais perto do torneio regional, mais pesado Krese pegava no nosso treino. Minhas pernas e braços formigavam.
Respirava fundo no banco, quando todo o grupo me cercou, sem falar uma palavra. Meus olhos que antes estavam atentos ao chão, subiram devagar até encontrar o rosto de Johnny no centro de todos, bem na minha frente.
- O que desejam rapazes? - Questiono, irônica.
- Vai rolar uma pré festa na minha casa agora - O líder deles explica, meu rosto de 'e daí?' transparece, o que dá liberdade para continuar - E nós decidimos que queremos você lá.
- É muito gentil da parte de vocês, garotos - Uso meu tom de voz fofo mais falso - Mas minha agenda já está totalmente lotada - Falo pegando a mochila do meu lado, e me levantando.
- O que?! Por que não? - Ele veio atrás de mim até o vestiário, deixando os outros pra trás.
- Cai fora, Lawrence! Esse vestiário é só meu, já esperei todos vocês machões fedidos e suados.
- Não foge da pergunta! - Rolo os olhos.
- Porque não vou mais pra festas, principalmente, as que Bobby Brown estará.
- Não precisa se preocupar, eu vou ficar do seu lado e te proteger de qualquer novo boato - Solto uma leve risada - É sério, Mary - Meu nome parece estranho saindo da boca dele, sem ser com aquele tom arrogante de costume - Você é minha amiga agora, e eu protejo meus amigos.
- Não sei não, Lawrence.
- Vamos fazer um acordo, você vai, e se acontecer alguma coisa que não gostar, eu acabo com raça da pessoa. O que acha? - Sorrio com a gracinha.
- Tudo bem - Dou de ombros - Agora sai do meu vestiário - Aponto para a porta.
[☆]
Pré festa para esses manés significava ficar de cueca na piscina do Johnny, e beber cervejas.
Bebericava a lata nas minhas mãos, sentada em uma das espreguiçadeiras, enquanto assistia ao grupo um pouco afastado brincando dentro da água.
O dono da casa havia me emprestado uma de suas blusas para que eu também pudesse aproveitar a piscina.
Desperto dos meus pensamentos com as gotas de água que me atingiram devido ao pulo de Johnny. Xingo alto chamando sua atenção.
- Não vai entrar, reclamona? - Um de seus olhos está fechado e outro levemente aberto, por causa do sol que batia em seu rosto, fazendo seus fios loiros brilharem.
- Não.
- Qual é, 'tá fazendo uns 40 graus no mínimo, não quer mesmo entrar?
- Ela é muito funda? - A água ia até a altura do peito dele.
- Por que? - O sorriso no seu rosto, entrega que ele sabe o porquê.
- Não sei nadar - Cochicho.
- O que? - Finge não escutar.
- Eu não sei nadar - Resmungo rápido.
- É sério, Strader, vem até aqui, não estou ouvindo nada.
Reviro os olhos e dou os poucos passos que nos separam, me curvando na borda da piscina.
- Eu não sei na- - O loiro me puxa para dentro.
Minha cabeça afundou na piscina e por um momento senti que morreria afogada, até que meu corpo todo foi segurado de volta para superfície.
A primeira coisa que vi quando voltei foi a cara de diversão de Johnny.
- Ela não é funda - Responde a minha pergunta anterior.
- Você é um babaca - Esbravejo.
NOTAS:
oi gente, eu voltei com um
capítulo novo :))
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𝗥𝗘𝗣𝗨𝗧𝗔𝗧𝗜𝗢𝗡, DANIEL LARUSSO
FanfictionMary viu sua vida virar de ponta cabeça por um boato sobre ela se espalhar por todo o colégio. A tornando odiada e mal falada, mas a chegada de um garoto vindo de Nova Jersey podia mudar tudo novamente?