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Capítulo I:
Ter Um Irmão?







    — Mabelle...

    Ouço alguém chamar meu nome de um local distante... um lugar próximo ao meu, mas ao mesmo tempo longe... . Um que seja perto o suficiente para abrir um sorriso pela voz familiar, e um longe o suficiente pra não me acordar de meu transe.

    O ouço mais diversas vezes; a voz parece ficar mais alta e atenta a cada segundo, como se precisasse que eu tivesse acordada e de olhos abertos; algo que não posso me dar ao luxo de fazer, já que não consegui dormir por conta dos raios e trovões raivosos que caíram do céu nesta madrugada de outono. Ultimamente esse tem sido o céu: chuvoso e... pegajoso..! Por morarmos um pouquinho depois da cidade, no campo, tudo em volta que é coberto de terra e grama, quando chove, fica barrento e suja os pés quando vou tomar banho de chuva! É terrível!

    — Oh, deixe a menina dormir um pouco mais, Richard..!

    Mexo meu tronco sobre a superfície dura enquanto ouço outra voz adentrar meus ouvidos; essa é a voz mais gentil e calorosa que eu poderia escutar... é a voz da mamãe...

                                       |• • •|

    Abro meus olhos aos poucos, bocejando e levantando meu tronco da mesa de madeira fria na qual estava debruçada, estralando minha coluna inevitavelmente pelo movimento lento ao extremo; suspirando enquanto cerro meus olhos e tento enxergar direito.

      Onde estão meus óculos?

    Levanto da cadeira olhando em volta da biblioteca repleta de livros sobre as estantes de madeira escura, focando em um objeto que aparenta ser um óculos. Caminho até lá ainda tropeçando em meus próprios pés pelo sono, bocejando outra vez ao me esticar para cima e ficar de pontas de pés para alcançar os óculos na quarta divisão da estante alta, conseguindo pegar aparentemente o óculos, e o encaixar em meu rosto amassado pela posição em que estava dormindo, podendo finalmente enxergar melhor.

    Passo a língua por meus lábios secos e abraço meu próprio corpo pela ventania repentina que atravessa a janela escancarada do cômodo agora gelado, correndo até a janela de olhos fechados pelas madeixas de meu cabelo longo que estão dispersos por meu rosto, conseguindo em fim, fechar o vidro.

    Volto a seguir meu caminho em direção a porta de minha biblioteca particular, na qual eu uso para ler livros(é óbvio), e também para brincar! Papai e mamãe me dão muitas bonecas, bules, chaleiras e xícaras de chá de porcelana importadas de vários lugares em que já viajaram! Gosto de vim para cá brincar com esses porcelanatos com minhas bonecas e ursinhos de pelúcia. Eu amo toda a minha coleção!!

    Um sorriso brota em meus lábios a medida que chego a sala de estar, e pela janela, vejo mamãe e papai sentados sobre a mesa branca do jardim, abrindo a porta, e começando a correr em suas direções levantando levemente meu vestido branco para cima, para que meu pijama branco não se suje na grama molhada pela recente chuva; sentindo o fresco e doce cheiro do orvalho.

    — Mamãe..! Papai..!!

    Grito antes de pular no colo de mamãe e abraçá-la pelo pescoço, sorrindo largamente pelo forte cheiro de doce que mamãe emana, me aconchegando em seus braços quentes que me recebem de bom grado. Passo o nariz por seu cabelo curto loiro como um raio de sol e meu óculos tenta fugir de meu rosto, me afastando para encarar sua face e mostrar a janelinha de meu sorriso, já que caiu um dente de leite. Ela passa a mão por meu cabelo e observo seus olhos azuis brilhantes.

    — Oi, minha filha!

    Falou sorrindo para mim.

    — Dormiu bem?— acenei positivamente para a mesma, desviando o olhar para papai, que come biscoitos e toma um gole de chá enquanto nos encara com um sorriso largo.— Mabelle, prometo-te que da próxima vez que for ao centro, comprarei materiais de antirruído para seu quarto! E mais proteção na janela para que não possa ouvir nada do lado de fora, quanto para dentro!!

— Dormirá melhor assim.— disse papai, tocando em minha mão por cima da mesa repleta de guloseimas e chá.

— É sério?— perguntei animada, pulando sobre o colo de mamãe, pegando um biscoito com geleia em cima, para melhorar mais ainda meu humor!— Nossa, muito obrigada, mamãe e papai! Muito obrigada mesmo! Estou contente de poder dormir melhor quando comprar!

Eles riram e em seguida, mamãe me abraçou por trás, colocando uma mecha de meu cabelo loiro como o seu, de trás de minha orelha, suspirando fundo encarando a papai com um semblante estranho, sério. Todavia, voltaram a sorrir em seguida, só que menos que antes.

— Mabelle, minha querida... soube que Yasmin, sua coleguinha, foi passar as férias de outono na casa de sua irmã.., é verdade?— de repente, mamãe perguntou.

— Ah, sim. É verdade. Mas, por quê?— comi mais um biscoito.

— Bem, v-você não acha isso legal?— gaguejou por uns instantes..— Sempre que Yasmin quiser, ela pode contar com sua irmã, que vai acolhê-la e recebê-la de braços abertos em qualquer ocasião...

— Além de que é muito bom ter com quem contar, brincar, conviver no dia a dia com alguém próximo a sua idade...— papai completou.

— Sim, sim.— concordei.

— Mabelle, você gostaria de ter alguma companhia?

— Como assim, companhia? Eu não preciso, já tenho vocês dois!— respondi simples, sorrindo e franzido o cenho. Que pergunta boba mamãe faz.

— Quero dizer, próximo a sua idade! Alguém no qual você pode contar suas preocupações, brincar pelo gramado, afinal, aqui é muito grande para vivermos só nós três!— papai franziu suas sobrancelhas insistindo no assunto, me fazendo refletir sobre o mesmo e prestar atenção.— Não gostaria de ter alguém? Talvez um... irmão?

Abri minha boca aos poucos ainda me perguntando se escutei errado... . Espera... irmão? Como assim, um irmão? Por que isso de repente... . Mamãe está esperando um bebê? ... eles se cansaram de mim..? Por que querem ter outro filho se estou aqui? Será que é por que estou crescendo e não tenho mais graça para eles?

Meus olhos se enchem de lágrimas e engulo seco encarando o semblante de papai mudar drasticamente a medida que as lágrimas caem, seguindo-o com o olhar, até levantar-se e se agachar ao meu lado no colo de mamãe.

— É uma ideia tão ruim assim, querida?— sorrio de leve limpando minhas lágrimas.

— Se estão cansados de mim, é só falarem!— solucei, colocando as mãos por cima do meu óculos retangular.

— Nossa, Mabelle!— mamãe disse rindo baixo, me abraçando.— Quanta baboseira! É claro que não estamos cansados de você..! Como poderíamos! Tenho uma filha tão adorável e sensível!

Encostou seu nariz em minha bochecha, a alisando enquanto ri.

— Estamos falando isso pensando em você, querida! Não queremos que você fique sozinha aqui enquanto viajamos ou fica de férias! Não faz nada além de ficar em sua biblioteca!— papai pegou em minhas mãos.— Um irmão faria muita companhia a você quando se sentir só ou para baixo! Falo isso por experiência própria! Meu irmão era rígido, mas sempre estava ali por mim, antes de falecer!

O irmão do papai descansou... que triste!! Seus olhos estão para baixo agora... não queria o deixar assim.. . Eles deveriam ser muito próximos, papai fala dele com muita ternura e amor... . Queria ter alguém assim... talvez ter um irmão não seja tão ruim assim...












Autora:
Olá, olá!!! Espero que estejam bem!!
Primeiro capítulo dessa história!!
Compartilhem e dêm estrelas, por favor!!
Qualquer erro de português me perdoem! Não sou expert em língua portuguesa!!
Esperem pelo próximo capítulo que irei postar em breveeeeee!!

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