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                          Capítulo XVIII, Part I
                                  Em Chamas







Cinco meses depois...




    — Mabelle..

    Ouço uma voz familiar de perto, soar aos meus ouvidos como um som distante e distorcido.. Só conseguindo sentir angústia em relação a todas as palavras, sons ou gestos que são dirigidas a mim...

    Não consigo me sentir bem comigo mesma... estou incomodada com tudo.. . Estou irritada, e ao mesmo tempo frustrada e extremamente triste por algum motivo que cortou meu coração quebrado. Me sinto péssima, completamente péssima e doente. Completamente doente mentalmente. Estou cansada, muito cansada. Cansada de tudo e todos os pensamentos sombrios e culposos que destroem minha mente, me deixando totalmente debilitada e sem vontade ao menos de piscar meus olhos, ou andar por minha própria casa...

                O que posso fazer, se nem mesmo nela me sinto mais bem?

    Ficar perto de Elijah, ou sequer respirar o mesmo ar que ele, está me fazendo muito mal... . Tenho enjoos e vontade frequente de vomitar, toda vez que o encaro sem querer ou o pego me encarando.. . Depois do que ocorreu, percebi a gravidade de toda essa suavização que sempre fiz em relação a Elijah.. . Percebi que toda essa coragem, e querer ficar perto dele, é completamente doentio e imperdoável. Como... como pude tratar ele "bem" e ter ficado pelada em sua frente e... e fazer tudo aquilo sem ao menos sentir medo, ou sentir vontade de esganar o mesmo por tudo que fez comigo..!! Eu sou tão tola e ingênua!!! Não, na verdade eu não sou tola e ingênua, e sim sem noção...

    Não é normal tratar Elijah dessa forma, depois de tudo o que ele fez.. Isso... isso tudo é muito assustador para mim, na verdade. Depois que percebi a gravidade da situação, só consigo sentir vontade de vomitar, e me trancar no quarto e nunca mais sair, para não ter que encarar a cara daquele psicopata... .

                          Estou com medo, muito medo...

    — Você está bem, Mabelle?

    Meu coração acelera com as palavras que agora parecem fazer sentido em minha mente embaralhada, desviando a atenção de meu almoço frio, para mamãe na ponta da mesa... Com.. c-com uma expressão preocupada na face..?

    — Uhum...

    Engulo seco com dificuldade, começando a tremer mais do que vara verde; sorrindo forçada e tentando levar a boca para disfarçar, alguns pequenos legumes cortados dentro da sopa de carne mais do que fria; congelando. Meu estômago embrulha com o cheiro... Só conseguindo tampar a boca e me jogar para trás começando a correr da mesa, em direção ao banheiro mais próximo... .

    Abro a porta de supetão, me jogando no chão, abrindo a tampa da privada, para vomitar ao equivalente ao que comi hoje; o que vale exatamente nada!! Tudo o que comi hoje, foi um sanduíche natural, que eu fiz questão de vomitar na hora.. . Vomitei tanto, que nem mesmo vomito mais suco gástrico... . Suspiro me levantando do chão, soluçando triste, me inclinando na pia de mármore para lavar minha boca.

Arfo e pulo no lugar, com o corpo quente que se cola ao meu, e ao sentir uma mão circulando minha nuca, e outra apertar minha cintura... Arregalando meus olhos em medo, assim que algo duro se roça contra minha bunda..

    — O que perturba tanto sua pobre mente, Mabelle?

    Sussurrou em meu ouvido, fazendo com que meu corpo inteiro se ourice em ansiedade, pavor e pânico, levantando meu tronco pela forma desconfortável que me encontro, batendo bruscamente contra seu tronco.. . Levanto a cabeça, engolindo seco enquanto encaro sua face enigmática e olhos azuis com pupilas dilatadas, cobertas por seu cabelo escuro como a noite, bagunçado todo em seu rosto simétrico, pelo espelho do banheiro, que no momento, parece diminuir a cada respiração ofegante minha..
    — Eu sou o seu problema?

Quando Você ChegouOnde histórias criam vida. Descubra agora