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Capítulo V:
           Tão doce...








    Mexo-me na cama sem conseguir dormir, sentindo algo que nunca senti antes, uma agonia enorme em meu peito que me impede de fechar meus olhos e ir dormir tranquilamente para fingir que nada aconteceu. Mas não posso fingir que nada aconteceu; essa ansiedade que me faz tremer dos pés a cabeça e querer sair correndo por aí, não deixa.

    Sim, é besteira! É muita besteira e baboseira da minha parte de se importar com o que supostamente ouvi de Elijah, porém, não posso ter escutado demais e algo que não existe, e que ele nunca falou. Ou talvez falou e eu insisto em me fazer de louca para me sentir melhor, dizendo a mim mesma, que tudo que na verdade ele sussurrou para mim, naquele dia, foi invenção de minha mente criativa ao extremo.

    Se realmente não foi invenção da minha cabeça, com ele dizendo que se arrepende de não ter estourado os miolos de Lorraine antes de ontem, com sua flecha, eu estou ficando louca. Simplesmente louca. Totalmente sem juízo. Quando ele 'me disse' aquelas 'palavras', fiquei mais pálida do que um fantasma, minha pressão baixou num nível, que a única coisa que conseguia escutar e ver, eram mamãe, papai e Elijah tentando me socorrer. Eu desmaiei na hora.

                                                        Oh céus!

    Não consigo tirar essas palavras que nem ao menos sei que ele falou de verdade, de minha mente! Queria poder parar de pensar nisso, mas não consigo! Apenas consigo visualizar em minha em minha mente, Lorraine caindo no chão, de olhos arregalados e sem vida, com seus miolos no chão.

    Abro meus olhos pelas imagens perturbadoras que vem a minha mente, e afasto meu cobertor pulando da cama, calçando minhas pantufas enquanto saiu do quarto. Caminho pelo corredor escuro e tateio as paredes afim de chegar a algum lugar que nem ao menos eu sei, de repente, caindo para o lado por me apoiar totalmente numa parede inexistente que acabei por azar, de tocar, caindo de cara no chão.

— Aii..!!

Grunhi em dor tocando em meu nariz molhado, sentindo um líquido viscoso escorrer pelo mesmo de forma abundante, tendo no ar agora, um cheiro forte de sangue.

— Você é realmente...

Ouço alguém falar e suspirar alto em seguida, olhando para cima desnorteada pela pancada, conseguindo ver Elijah ligar a luz de seu quarto, na qual estou entre a porta caída no chão como uma boba, com a visão embaçada em lágrimas de dor. Fecho os olhos com força começando a chorar alto, ouvindo outro suspiro e passos chegando em minha direção, sentindo sua mão pegar em meu braço, e me levantar em seus braços.

— Está doendo!

Soluço segurando seu pescoço, me aninhando em seu corpo quente, logo, começando a andar comigo em direção ao banheiro de seu quarto, me colocando na bancada fria da pia.

Limpo minhas lágrimas com as palmas de minhas mãos, e o encaro com dificuldade pela luz forte e branca do banheiro, observando sua face pálida e olhos vermelhos sem vida, indicando que provavelmente acordou, ou nem dormiu ainda. Seu cabelo negro está bagunçado por todo seu rosto liso, mas, ainda continua com o cabelo bonito. Ele veste apenas uma calça moletom azul. Por acaso ele não sente frio?

Ele segura meu queixo de forma nada delicada e o mexe para os lados, observando meu nariz, desviando o olhar para meus olhos, com sua boca ainda contorcida em seriedade.

— Seu nariz está quebrado...— falou com a voz rouca, começando a lavar suas mãos na pia. Em seguida, abriu o armário e pegou uma caixa de kit de primeiros socorros, tirando um algodão de lá, começando a limpar o sangue que sai de meu nariz dolorido.— O que diabos está fazendo perambulando no meio da noite? Garotinhas como você deveriam estar na cama...

Quando Você ChegouOnde histórias criam vida. Descubra agora