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                                  Capítulo XII:
                   Garotinha Indefesa







    Pisco meus olhos lentamente, agarrando forte meu cobertor ao mesmo tempo em que meus glóbulos oculares cansados circulam o quarto, sentindo meu coração pulsar fortemente assim como toda essa madrugada extremamente fria...

    Eu.. eu não sei o que pensar.. nem o que sentir.. não estou me sentindo bem. Estou me sentindo mal, doente. Minha barriga está gelada e revirando em enjoou e tontura que faz meu mundo girar. Estou suando frio.. estou quente, mas as extremidades de meu corpo estão gelados e mais pálidos do que o normal.. . Meu corpo está dolorido e minha mente está inquieta. Era só o que me faltava; ficar doente! Pelo que parece, só me resta a morte! Pois já passei por tantas coisas insuportáveis, que era mais fácil apenas fechar meus olhos e nunca mais os abrir!!

Já não basta a ansiedade enorme que não cabe em meu peito por ontem a noite, que agora estou começando a ficar doente. Não, eu estou doente! Sempre estive doente! Não de corpo, mas, sim de alma. Apesar do que sinto por todo corpo, concentro-me inevitavelmente em me mexer na cama desconfortável esperando o nascer do sol, e a encarar compulsivamente a porta. .. Tenho medo de que Elijah possa aparecer a qualquer segundo aqui.. Estou com medo, muito medo... . Eu.. ah!! Só em lembrar da sensação estranha e... e.. nem sei explicar, de sua língua contra a minha, do seu gosto de menta, me causa arrepios! .. não sei o que fazer, ou olhar para mim mesma nessa situação.. estou me sentindo.. constrangida..

Só quero chorar.. não sei o motivo.. porém, não consigo não deixar de pensar nisso e não deixar lágrimas rolarem.. Não.. não me parece certo... isso.. isso não é uma coisa certa entre nós dois.. . Isso é uma coisa que papai e mamãe fariam.. não eu e Elijah.. . Nós.. nós tecnicamente somos irmãos.. isso.. isso é tão..

Pisco meus olhos, os sentindo pesados pelo sono, ficando de barriga para cima, para bocejar e coçar várias vezes meus olhos para que eu acorde e que me mantenha acordada– o que é uma tarefa muito difícil!

Eu.. eu não posso dormir.. Elijah pode entrar a qualquer momento em meu quarto.. e eu.. ele.. ele pode...

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[•••]— Mamãe!

Sorriu largamente, ao de longe, ver mamãe e papai de costas, em pé sobre o grande campo de trigo amarelado que balança agitadamente com os ventos fortes da noite; correndo até eles empolgada.
— Mamãe, papai! Vocês chegaram tão cedo!

Levanto meus braços, me aproximando o suficiente para me jogar em mamãe, abraçando sua cintura, esfregando meu rosto em suas costas cobertas pelo tecido bonito de seu vestido rosa, sorrindo e a apertando com força, querendo ouvir sua voz.

— A vovó está be–

Minha fala é cortada repentinamente pelo cheiro desagradavelmente terrível que adentra minhas narinas sensíveis, cerrando meus olhos com o cheiro de... algo estragado e mortal... ou podre.

        Um cheiro de carne podre

Aos poucos, solto o aperto de mamãe, a sentindo estranha e.. rígida..., observando seu vestido antes com cor vibrante rosa, ficar gradativamente esverdeado e.. rasgado, amassado.. sujo.
— Mamãe..?

Arregalo meus olhos aos poucos, começando a tremer com a visão de sua mão esquelética e.. e.. esverdeada em carne viva, cheia de larvas comendo sua pele exposta, se aproximar de meu rosto e o acariciar.. o manchando com um líquido preto e viscoso que faz meu estômago revirar, a empurrando para longe, e soltando um grito fino e alto...

Quando Você ChegouOnde histórias criam vida. Descubra agora