Quando Você Chegou

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Capítulo XV:
Sozinha O Suficiente Para Aceitar

Uma semana depois...

Tudo... tudo está mais calmo do que eu imaginava... tão calmo, que está me fazendo querer arrancar meu próprio coro, em tanto nervosismo e medo que sinto de tudo, e todos...

Não aguento mais... estou muito nervosa e me sentindo péssima.. . Não aguento mais mamãe e papai toda vez a mesa, apenas ignorarem que eu existo, e falarem e falarem mais e mais mal de Lorraine... da minha querida babá Lorraine... . Por que mesmo depois de sua morte conturbada, ela não pode ter seu descanso? Descobri onde a mesma foi enterrada... Onde seu corpo irá se deteriorar, até fazer parte realmente da natureza, na qual ela iria fazer parte algum dia depois de voltar ao pó... Porém, isso aconteceria depois de muitos e muitos anos... . Mesmo sendo jovem, choro como um bebê todos os dias, após lembrar que nunca mais a verei sorrir; que nunca mais sentirei seu cheirinho doce como os doces que fazia; e que nunca poderia crescer com a mesma, e lhe dar a oportunidade de viver o resto de sua vida tranquilamente ao meu lado...

A tristeza e a angústia já tomam conta de meu corpo como se eu fosse uma simples marionete vazia nas mãos de sentimentos ruins que já se apossaram de toda minha mente, que chia como uma Tv quebrada... . Eu estou quebrada... Estou me sentindo... estou me sentindo sozinha.. muito sozinha.. . Eu odeio isso.. Odeio o fato de que ninguém nunca me amara... que ninguém nunca vai olhar para mim, nem mesmo com pena.. . Ninguém gosta de mim... Mamãe e papai já não trocam mais nem duas palavras comigo... então, por que sinto tanta a falta dos mesmos..? Estou me sentindo sozinha... Eu não queria me sentir sozinha, mesmo estando sozinha e sendo sozinha... . Queria que as pessoas falassem comigo... Eu queria ter amigos.. Eu queria ser uma pessoa bonita e legal...

Eu queria ser amada...

Franzi meu cenho, olhando disfarçadamente para os lados, tentando ao máximo que ninguém perceba minhas lágrimas, as segurando com toda a vontade que não habita em mim, mesmo sabendo que se eu as derrubasse agora, ninguém notaria ou ligaria; baixando minha cabeça em minha carteira, para chorar até o final da aula...

...

— Srta. Carson?

Viro minha cabeça lentamente para o lado, deixando que lágrimas solitárias caiam de meus olhos ao piscar, e descerem por meu nariz, pingando na mesa de madeira; encarando a sra. Millicent a minha frente, ajeitando seus óculos redondos e enormes para seu rosto nada amigável...
    — Será que a srta poderia sair da sala? Corrigirei algumas provas agora, e preciso de total privacidade... . Por favor..

    Suspiro levantando meu tronco da mesa, me levantando da cadeira, caminhando até a saída da porta, com minha última idiota esperança, de ser finalmente notada por alguém, mesmo que por essa forma... . Não aguento mais.. Até mesmo minha professora preferida, está ignorando completamente minhas lágrimas de desespero, que nem mesmo mais tenho vergonha na cara de esconder... . Quando as coisas chegaram nesse nível..? Quando me tornei uma garota tão... chorona e triste? Por que ninguém me ama? Ou se importa comigo..?

    Todos os seres humanos não tem o direito de serem amados? Isso não é o mínimo para se viver? Como viverei assim.. Sozinha pelo resto de minha vida... . Se nem meus pais me amam, imagina um possível amigo no futuro... . Sinto pânico só em pensar nisso.. Não gosto de me sentir sozinha... É frio, triste e solitário.. muito solitário.

    Suspiro caminhando pelo corredor repleto de alunos, enfiando minhas mãos frias e geladas nos bolsos de meu moletom azul desbotado, andando em passos lentos, enquanto observo diversas pessoas vivendo suas próprias vidas mil vezes melhores que as minhas com certeza... De repente, avistando Elijah vir em minha direção, com um grupo de pessoas de sua idade o seguindo.. sorrindo e falando alto.. parecendo se divertirem com ele.. que por incrível que pareça, está com um sorriso sociável e simpático na face...