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                                 Capítulo XIII:
               Diante Dos Meus Olhos







Suspiro fundo, encarando as janelas abertas de meu quarto; aproveitando por um momento sequer depois de tantos dias turbulentos, os ventos gélidos da madrugada circularem por todo meu corpo, levando minha blusa folgada com leveza e calma como o silêncio deste quarto, abrindo meus braços para deixar a luz da lua azulada, me cobrir por inteira.

Queria sentir essa calmaria o tempo inteiro.. Eu queria tanto.. . Esse deveria ser o normal de uma vida, não é? Viver com paz e felicidade.. sem se sentir presa como um pássaro em uma jaula e ficar com medo de que a qualquer momento ela possa desmoronar por causa do algum gato estúpido que só pensa em si mesmo? Eu.. eu não gosto de pensar que essa calmaria que sinto agora, possa acabar.. Eu não quero que essa paz passageira que estou sentindo agora, passe, apesar de saber que não vou senti-la por muito tempo, devido as circunstâncias que me circulam com essas rajadas de vento... . Tenho medo de pensar sobre isso... tenho medo de que os pensamentos ruins me dominem e que não sinta mais vontade de viver... tenho medo de que em algum momento de minha vida, eu acabe perdendo todo esse pequeno e fraco resquício de alegria e paz que ainda resta em mim, em alguns raros momentos na qual estou sozinha...

    Não quero me sentir triste e mal, eu não quero... . Eu odeio tudo isso, eu não queria me sentir fraca e sozinha... . E se... e se tudo isso fosse diferente? E se Elijah nunca tivesse entrado em minha vida? E se ele nunca tivesse sido adotado..? Papai e mamãe seriam melhores comigo? Eles estariam tão frios e distantes de mim, como agora? Como uma adoção, pode mudar tanta coisa?

    Olho para baixo, encarando meus pés descalços, não conseguindo mais derramar nenhuma lágrima em tanto... vazio. Talvez.. minhas lágrimas tenham secado? Evaporaram? Ou alguém as tomou de mim? Arrancaram-las de mim, assim como tudo que eu nem tinha..? Suspiro caminhando em qualquer direção do meu quarto grande e cheio de coisas, mas ao mesmo tempo vazio, parando aleatoriamente ao lado de meu criado mudo, pegando o porta-retrato em cima do mesmo, me sentando na cama, observando meu retrato... nosso retrato.

                                 Por que deixei isso aqui?

    Encaro a foto iluminada e brilhante pelo céu azul que predomina atrás de mamãe, papai, Elijah e eu que estamos na foto... . Que ironia... quem pensa que todos esses sorrisos bonitos, são todos falsos? Passo o dedo por cima da face de Elijah, que nesse dia, estava calmo.. Seu sorriso sem mostrar os dentes, mostra isso.. .

    As vezes.. fico me perguntando como era a vida de Elijah antes de trazê-lo para nossa família... . Ele era feliz? Ele tratava as outras crianças como me trata agora? Ele era cruel como agora?

    — Qual o seu passado, Elijah?

    Pergunto-me, me jogando na cama, apertando o porta-retrato contra meu peito, tendo uma estranha ideia em minha mente... . Será.. será que mamãe ou papai guardaram os papéis de adoção de Elijah? Eu poderia saber mais, se soubesse seu nome completo, nome do orfanato ou instituição... . Me levanto do lugar em um pulo, andando em direção a porta do quarto, a abrindo para esticar a cabeça para fora, observando o corredor silencioso e escuro... . Me coloco para fora do quarto, correndo pelo corredor, parando de correr a medida que me aproximo do quarto de mamãe, adentrando no cômodo.

Ainda bem que as janelas do quarto de mamãe e papai, são grandes e estão abertas no momento, ventilando o quarto, e o deixando um pouco mais claro pela luz da lua cheia. Já ando em direção ao closet de mamãe, já agachando no chão, para vasculhar suas caixas e de trás das roupas.. . Eu sei que mamãe em alguma dessas caixas, guarda documentos e coisas do tipo.. deve estar por aqui em alguma dessas pastas..
— Achei!

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