Encostada na porta do carro branco, Charlie sentiu uma sensação estranha no peito ao olhar para a ponte sobre o rio Santerno, que estava completamente inundada. Definitivamente não era algo que ela esperava ver tão perto do circuito.
— Acho que não vou conseguir passar, senhorita — disse o taxista, um marroquino que falava um inglês com forte sotaque.
— Não tem como atravessar?
— Não posso arriscar, senhorita, sinto muito.
Ela bufou de frustração. Era a última coisa que ela precisava naquele dia, considerando o quão infernal ele tinha sido até aquele momento. Charlie havia deixado a Inglaterra naquela manhã, após uma batalha com Ron, que se recusou a entrar na caixa de transporte para ser levado para a casa dos avós dela. Depois de chegar no último minuto ao aeroporto, ela teve que esperar quase duas horas até que o avião decolasse com destino a Zurique.
Houve outro longo atraso na conexão entre Zurique e Bolonha, que transformou uma escala de uma hora em uma espera de quase três horas até o embarque no avião. Depois, mais uma hora de espera na pista para o avião obter autorização de decolagem. Parecia que o universo estava pregando uma peça de mau gosto nela.
Já estava anoitecendo quando Charlie chegou a Ímola, depois de passar ainda mais tempo no controle de imigração do aeroporto. "Obrigada, Brexit", pensou ela, enquanto guardava o passaporte na bolsa e sorria para o agente que finalmente tinha carimbado o documento dela. Porém, em vez da charmosa cidade que havia visitado diversas vezes, ela encontrou lama e destruição, resultado das intensas chuvas que atingiram a região.
— Sinceramente, nem sei se vai ter corrida se continuar chovendo assim — disse o taxista, enquanto seguiam pela rodovia em direção à cidade.
Podia parecer um desejo egoísta no momento, mas a última coisa que Charlie precisava era que a corrida fosse cancelada. Ela tinha passado por tantos problemas para chegar à Ímola que isso parecia uma injustiça. Porém, depois de ver a ponte cheia de água bem ao lado do autódromo, a possibilidade parecia real.
— Senhorita? — perguntou o motorista — Gostaria de ir pra outro lugar?
Charlie suspirou, tentando organizar os pensamentos.
— Me deixa dar uma olhada no meu telefone, só um segundo — disse ela, enquanto se recostava no táxi e vasculhava a bolsa em busca do aparelho. No entanto, Charlie teve outra surpresa desagradável quando percebeu que a bateria estava descarregada.
— Tá tudo bem?
— Tô sem bateria — Charlie disse com um sorriso frustrado no rosto — Tá tudo ótimo.
— Bem, se você quiser, posso te levar no centro da cidade. Eu sei que tem alguns hotéis e albergues lá. Não sei se eles tem vagas, mas alguém vai poder te dar alguma ajuda, tenho certeza — disse o homem, dando um sorriso simpático.
"Não tenho muita escolha", pensou ela, antes de aceitar a oferta.
Depois de chegar ao centro de Imola, Charlie pagou o homem e agradeceu pela ajuda. Então ela partiu pelas ruas com a mochila nas costas, arrastando a mala atrás de si, tentando identificar nas placas algo que indicasse que ali havia um hotel.
Depois de caminhar quatro quarteirões e não entender nada que eles disseram além de "não há vagas" em dois hotéis que tinha encontrado, Charlie não conseguia tirar da cabeça a ideia de que teria que dormir na rua, uma perspectiva assustadora, considerando o quão nebuloso estava o céu sobre a cidade.
No entanto, o peito de Charlie se encheu de esperança quando ela virou uma esquina.
Estacionado perto da praça da cidade, estava uma SUV cinza que ela reconheceu como uma Aston Martin. "Um DBX 707", ela pensou, caminhando em direção ao veículo, pensando que talvez nem tudo estivesse perdido, mesmo quando descobriu que o carro estava vazio. Porém, talvez, o dono do carro estivesse por perto.
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Lo Hecho Esta Hecho
FanfictionCharlie Whitlam está começando a gostar de seu trabalho novamente. Depois de toda uma carreira construída na McLaren, a engenheira aceita um novo desafio na Aston Martin, como engenheira de corrida de Sebastian Vettel. Tudo parece perfeito, até que...