Una noche sin pensar

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Não importava o quanto ela se preocupasse com o macacão e tentasse arrumar o decote, Charlie não conseguia ficar confortável. A visão de si mesma no espelho parecia estranhamente artificial e, assim como o que ela estava vestindo, inadequado para o jantar que ela e Fernando iriam.

— Tudo bem, nena? — Fernando perguntou. Charlie se virou para vê-lo saindo do banheiro, ajeitando as abotoaduras da camisa preta que estava usando.

— Sim — ela murmurou, passando a mão na frente do macacão. A boca dela estava comprimida em uma linha fina enquanto ela continuava a se olhar no espelho.

Charlie observou no reflexo o momento em que Fernando deu um passo logo atrás dela, e ela sentiu um arrepio quando ele deslizou a mão pela cintura dela e apoiou o queixo no ombro dela, a barba roçando o tecido.

— Tem alguma coisa errada, não é?

— Não, não há nada de errado.

— Vamos, nena, me fala — Fernando disse baixinho, os olhos castanhos fixos nos dela através do reflexo — Eu tô aqui pra te ajudar.

Charlie suspirou, colocando uma das mãos sobre a dele.

— Acho que eu não devia ir.

Fernando pareceu horrorizado.

— Por que não?

— É que — ela hesitou por alguns segundos — Não faz sentido eu ir nesse jantar, eu nem sou...

— Charlie — disse o piloto, tentando interrompê-la.

— Nada sua.

Levantando a cabeça do ombro dela, Fernando apertou o braço em volta dela, trazendo-a para mais perto do corpo dele. Então, Charlie sentiu um novo arrepio percorrer a pele quando sentiu a respiração dele perto da orelha direita.

— Quem disse que você não é nada minha? — ele perguntou baixinho.

— Bem, eu tô dizendo. Eu não sou nada sua.

— Você tá errada, nena — ele sussurrou, a ponta do nariz roçando a curva da orelha dela — Você é minha engenheira e, acima de tudo, minha amiga. Minha melhor amiga.

— Alberto ficaria chateado se ouvisse você dizer isso — Charlie murmurou, fazendo com que ele risse.

— Não, ele não ficaria, ele gosta de você.

— Que bom — ela disse, ganhando um beijo na bochecha de Fernando.

— E tenho certeza que o Flavio também vai gostar de você.

Ouvir o nome "Flavio" a deixou tensa involuntariamente e fez com que sentisse as mãos ficando frias ao se lembrar do que havia concordado.

Eles tinham recebido o convite para o jantar no domingo anterior. Fernando e Charlie tinham acabado de chegar a Lugano depois que ele conseguiu convencê-la a ficar ali antes do Grande Prêmio da Itália, em Monza. Enquanto ela estava no quarto, tirando as roupas sujas das malas, ela ouviu Fernando entrar no quarto atrás dela.

— Sim? — ela perguntou, olhando por cima do ombro.

— Quer jantar em Milão no próximo sábado? — perguntou o piloto.

Charlie se levantou e se virou para ele, a confusão estampada em seu rosto.

— Ah, bem, sim, claro. Por que você tá perguntando?

— Recebi um convite.

— De quem?

Ele hesitou por alguns segundos, como se tentasse encontrar o que dizer.

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