Cap 19

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O que aconteceria agora? Não muito. Se Mad continuasse a rejeitá-lo como estava fazendo, o provável é que talvez não houvesse jeito. Quando pediu a Trevor que atraísse Mad, ele imaginou que ela iria ouvir o que ele tinha a dizer, mesmo que movida por uma curiosidade, ele só não imaginava a força mordas do orgulho dela. E era tudo por culpa dele.

Ele não tinha imaginado o plano de sequestro, mas era o único jeito. Talvez isso tivesse piorado mais a situação. Não tinha mais o que ser feito, a não ser o mais óbvio. Expor toda a verdade. Uma companheira precisava saber da sua origem Shifter. Até agora ele não tinha planejado esconder isso dela, mas como contar a uma humana que ele podia se adaptar em uma forma transmorfa de um urso.

- Me desculpe pela forma de viajem, não estava nos meus planos amarrar você. O que acontece é que você precisa me ouvir, e mais ainda agora.

Mesmo que ela tivesse amarrada, não escondeu o olhar marcado por tanta raiva, o tipo de olhar de mágoa e ódio. O que ele não daria para voltar a ver paixão expressa neles, a mesma que teve o prazer de conhecer na casa onde vivia com os pais e que a levara lá.

- Chegamos. Eu vou soltar seus pulsos assim que colocar você para dentro.

Pensou que ela fosse olhar a casa que ele mesmo construiu, ela não tinha como saber disso, não contou como escolheu cada detalhe pensado nela. Também não tinha mencionado que iriam passar um tempo ali. Talvez algumas vezes depois da escola. Ele deixou livre a construção interna para que ela pudesse escolher, desde onde os móveis vão ser colocados até que tipo de móveis ela iria querer. Ele não se importava se ela fosse feminilizar tudo, o mais importante para ele era que fosse feliz nos braços e no coração dele e com o tempo ele pudesse entrar no coração dela.

- Pronto. - Trevor inquiriu.

Ele a deixou bem em frente as escadas que seguiam para a varanda, imaginando que ela fosse fazer uma varredura de cada canto. Só que Mad se mostrava irredutível, no mais foi a forma que encontrou para expressar sua indignação.

- Por favor, querida, tente entender que era o único jeito.

Mad apontou para a amarra que tinha na boca. Newt deixou que o tecido caísse para baixo.

- Nunca mais amarre qualquer coisa em mim, que fique bem claro que essa é a última vez.

Newt assentiu sem saber dizer o que queria.

- Eu tenho que te contar tudo, talvez pareça estranho para você no início, pode pensar que enlouqueci, você só tem que confiar em mim.

- Sim, confiar em alguém que me amarrou e me amordaçou, parece uma atitude bastante coerente.

- Querida, você não me deixou escolha. Você iria me ouvir se eu não tivesse amarrado você?

Mad não disse nada. Ficou claro que ela não queria ouvir o que ele tinha para dizer. Mas ela tinha que ouvir, ambos adoeceriam sem a ligação.

- Faça um esforço, por nós. - Newt disse em um tom de apelo.

- Está bem.- Ela disse por fim. - Você pode me soltar agora, meus pulsos estão ardendo, eu prometo não fugir.

Ele exitou por um tempo antes de soltar as suas amarras, não tinha como ela armar um plano de fuga. Tão pequena e vulnerável que era seria impossível.
Newt soltou a corda que estava amarrado aos pulsos dela. Mad apertou os pulsos onde a corda tinha deixado marcas. Newt abriu a porta e foi até a porta de Mad a pegando pelo braço e a equilibrando para fora do carro.

- Não sei o que você quer de mim. Sinceramente achei que já tivesse me esquecido.

- Nunca.- Ele estava sendo sincero.

Como poderia esquecer da garota que mudou completamente sua vida, que lhe deu um propósito e pelo que lutar todos os dias. Queria fazê-la feliz, teria que fazer com que ela nunca mais pensasse que ele a abandonaria. Se ele tinha feito isso, foi porque não teve escolha. Certo que não deu muitas informações sobre seu paradeiro, mas foi porque acreditava que a ligação era forte de mais para que ela simplesmente acreditasse que aquilo foi uma atitude de desinteresse. Será que ela não sentia a ardência constante no peito que ele sentia, ou o peito apertar de alegria cada vez que o via, porque ele sentia isso tudo por ela.

- Você um dia ainda vai ser capaz de me amar. - Newt confessou.

Mad pareceu não entender, as sobrancelhas juntas. Era uma gracinha quando fazia aquela expressão, ele sentiu a necessidade e o desejo mais ardente de se inclinar e beijar ela ali mesmo, mas se tivesse feito isso ela não aceitaria o gesto afetuoso, provavelmente ela lhe daria um tapa.

- Pegue minha mão, está um pouco escuro. - Ele indicou.

Ela fez exatamente o que ele pediu e Newt precisou de tempo para entender que segurava a mão da sua mulher. Ela, no entanto, não se mostrou abalada pelo contato. Parecia um vidro frio de um ônibus, sem vida. Escondeu a mágoa do seu rosto, talvez aquilo a irritasse.

Ele guiou a ambos até a porta da frente, e até o interior vazio da casa.

- Por que você me traria até um lugar desse? Quem mora aqui? Não me parece que foi abitado por alguém algum dia.

- Essa é a nossa casa. - Newt disse direto. Não tinha porque mentir.

Ele então viu ela lentamente empalidecer. Sentiu que precisava fazer alguma coisa.

- Você é minha Madson Shawer, minha futura esposa, minha mulher e minha vida. O que mais é preciso fazer para você entender?

Aquilo, no entanto, acabou causando um efeito contrário, em vez dela se jogar em seus braços e esquecer todo mal-entendido, Mad acabou desmaiando. Ele não deixou ela cair por que estava muito próximo e pode ampará-la. Sentiu seu peito contrair, talvez aquilo foi de mais para ela, ou a falta da ligação a tivesse adoecido.

Em pânico, ele foi até o único lugar onde pudesse encontrar ajuda.

Newt Onde histórias criam vida. Descubra agora