Capítulo 1
De: Mel.issa.Fa@hotmail.com
Para: Dra.Kelley.ajuda.on.line@jornaldavez.com.br
Assunto: Quero ser mãe.
Olá, tenho lido muitas vezes a sua coluna no jornal, porém essa é a primeira vez que eu escrevo. Caso o meu e-mail seja publicado, gostaria que o meu nome fosse preservado. E imagino que isso é um pedido comum, não?
Enfim, estou preciso de conselhos, como acho que você já sabe, porque não é por isso que as pessoas costumam te escrever? Meu caso, como já diz o título do e-mail é: quero ser mãe. Já o meu problema, talvez seja um pouco mais complexo de resolver...
Já tentei de tudo, ultimamente. Lingerie nova. Roupa sexy. Visita em sexy shop. Filme pornô. Todas as dicas que a senhora costuma dar. Vou lhe chamar de senhora, ok? Embora eu não tenha a miníma ideia da sua idade... Mas como a senhora é uma doutora, acho que assim fica mais respeitoso, não é mesmo? Se a senhora não gostar, é só me avisar para eu saber como devo chamá-la nos próximos e-mails. Caso haja próximo e-mails...
Então, já tentei de tudo para aquecer uma relação. E no meu caso... o resultado foi o mesmo do que nada. Nope. Nada do dito cujo do meu marido funcionar...
Não que ele tenha sido sempre assim, sabe? Até que no início a gente transava. Quero dizer, um pouco. Porque eu acho, agora pensando bem, que ele não é do o tipo de cara que gosta de sexo. Quero dizer, ele nunca pareceu fazer muita questão da coisa, ao contrário de mim. Mas eu meio que me acostumei a viver assim, numa vida quase assexuada. É incrível a capacidade do ser humano de se acostumar com as coisas, não é? Porque tirando aquela última vez, há 67 dias e 10 horas atrás, que a gente transou (um sexo muito meia boca, diga-se de passagem) depois de uma bebedeira (parece que ele tem que beber para sentir tesão, não que eu esteja reclamando disso), não houve mais nada. Nada.
E eu bem que tentei seduzi-lo. Usei todas as dicas dadas aqui nessa coluna. Todas. Mesmo. E nada. O treco dele, que não é nem muito grande, nem muito pequeno, não sobe. Não funciona. Nem com sexo oral. Eu coloco o dito cujo na boca, e posso até ter câimbra na boca de tanto tempo fazendo sexo oral, mas ele continua - o tempo todo - meio molenga.
Então, eu estou escrevendo não para pedir mais dicas de como seduzir seu marido. Eu agora quero outro tipo de dica. A de como dizer para o seu marido, de forma sutil, algo do tipo "seu broxa, procure um médico, para que o teu negócio funcione, porque eu quero ser mãe, porra!"
Ai, Dra. Kelly... A senhora, por favor, não repare nas minhas palavras... Eu não quero ser indelicada. Nunca usaria chamar o meu marido de broxa. Quero dizer, não na cara dele. Talvez só nos pensamentos... Porque eu admito que, quando eu sinto raiva dele, a senhora sabe como os maridos às vezes são irritantes, não sabe? Pois é, quando eu sinto raiva dele, nos meus pensamentos eu admito que, algumas vezes, eu o chamo de broxa... (isso é pecado?) Mas só nos meus pensamentos, porque eu também não digo isso para nenhuma amiga.
Imagina! Não quero, de jeito nenhum, que alguém sequer sonhe que a minha vida sexual é uma M. Que eu sou incapaz de fazer com que um homem sinta tesão por mim. Porque quando eu era mais nova, eu não tinha a menor dificuldade de endurecer um pa... Ops. Não vamos ser vulgar. Eu quero dizer, de endurecer um membro sexual masculino.
Será que isso acontece agora por que eu estou mais velha? Eu estou feia? Me olho no espelho e não tenho rugas... mas eu já estou com 33 anos!
Tudo bem, eu não sou mais nenhuma guriazinha, eu sei. Mas também sei que não sou nenhuma barranga. Eu tenho cabelos castanhos comuns, mas meus olhos são verdes e bonitos, como os dos meus pais. Eu não sou nem muito alta, nem muito baixa. Mas eu acho que, se eu tentar, talvez eu consiga seduzir um homem. Quero dizer, eu não sei. Porque eu nunca mais tentei... Sou fiel ao meu marido.
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Flor de Mel (completa)
ChickLitSinopse: Quando a nossa vida desmorona, é inevitável parar para pensar: "E se eu tivesse feito outras escolhas...?" "Eu se eu tivesse agido diferente..?" "E se eu não tivesse sido, por exemplo, tão impulsiva?" Há coisas que realmente não podemos mud...