Flor de Mel (completa)

Capítulo 14

Capítulo 14

Eu tinha 18 anos e cursava o primeiro semestre da faculdade de odontologia da universidade federal do Rio Grande do Sul, a UFRGS. Logo que as aulas começaram, eu me interessei de cara por um colega meu, o Pablo. E eu bem que tentei fazer com que ele me notasse, porque eu o achava muito, mas muito gatinho. Mas eu vi que o negócio não era só comigo, ele não dava mesmo mole para ninguém. Então eu acabei desistindo dele e numa das festas da turma eu acabei ficando com o Luis, outro colega meu. E depois de um tempo nós começamos a namorar.

Eu e o Luís já namorávamos há seis meses e eu ainda era virgem. Tinha feito aniversário no meio do ano e já estava com dezenove anos. Aliás, eu era uma a única das minhas amigas que ainda era virgem, e me sentia meio que um E.T. por causa disso. Só que, não sei porquê, eu não me sentia preparada para transar com o Luís. Mas os nossos amassos estavam cada vez mais intensos e eu sabia que em breve rolaria. O Luís dizia compreender, dizia que ele esperaria eu me sentir pronta. Só que eu acabei descobrindo que não era bem assim.

Um dia, quando eu estava entrando na biblioteca para fazer tempo entre uma aula que havia acabado mais cedo e a aula seguinte que seria só de noite,eu fui abordada por duas colegas e amigas minhas. Os meus planos eram me encontrar com o Luís nesse intervalo no apartamento dele, mas ele havia me ligado alguns minutos antes para dizer que tinha se atrasado na tia dele e que não estava em casa.

- Mel! Mel! – a Laila e a Ana me pegaram pelo braço e me levaram para fora. Para fora tanto da biblioteca, quanto do prédio. Fomos para o estacionamento.

- Lembra que eu te falei para ficar de olho na Miriam?- a Ana me perguntou.

- Lembro.

- Pois é. – a Ana continuou – Eu estava no bar, perto dela, e vi quando ela recebeu uma ligação que eu achei muito suspeita. Ela tentou disfarçar, mas eu ouvi quando ela disse Luis. E quando ela marcou de ir para a casa dele agora.

- É. – a Laila disse. – Eu não estava junto, então não ouvi. Mas outro dia eu vi os dois saindo, um depois do outro, do mesmo banheiro, lá no terceiro andar.

- Vocês acham que eles estão tendo um caso?!– eu perguntei, já morrendo de raiva. Aquela amiga traidora! Aquele namorado traidor e escroto!

- Sim! – as duas disseram.

- E olha ela lá, saindo agora do prédio! – a Laila apontou para a frente do portão da faculdade. E lá estava a Miriam, atravessando a rua apressada, olhando cuidadosamente para todos os lados, como se temesse ser vista.

- Ora! O que vocês estão esperando? – eu disse – Vamos segui-la!

- Segui-la? – a Laila ficou surpresa. Ela era meio medrosa.

- Se vocês não forem comigo, eu vou de qualquer jeito. – E eu comecei a andar, resoluta.

- E se ela nos vir? – a Laila perguntou.

- Eu conheço um atalho para a casa dele – eu disse, pegando outro caminho. O Luis, meu ex-namorado que em breve seria um homem morto, morava há algumas quadras da faculdade.

E então eu fui, mas minhas amigas logo me alcançaram e ficaram do meu lado. E conforme eu previ, a Miriam chegou ao prédio do Luís depois que eu já estava bem posicionada e escondida atrás de uma árvore.

- Que vagabunda! – eu grunhi, entre os dentes. Acho que nunca na minha vida senti tanta raiva. Os dois estavam me fazendo de idiota! E ela era minha suposta amiga, e ainda naquela manhã tinha feito dupla comigo numa tarefa, e contado piadinhas idiotas para mim! E eu tinha rido com ela! Como eu era trouxa! Ela se fazia de minha amiguinha e na verdade estava transando com o meu namorado pelas minhas costas!