Esses capítulos de volta ao passado são tão fofos, são os meus preferidos. Espero que vocês gostem também. ;)
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Capítulo 9
O natal chegou. A festa seria no restaurante da pousada, como em todos os anos. Os móveis foram ajeitados. Havia uma enorme árvore de natal e enfeites por todos os lados. Família e alguns vizinhos mais próximos eram convidados. E cada um se encarregava de alguma coisa. Como pratos de comidas, ou bebidas. O natal, para mim, era sempre uma festa. Mas, aquele natal, seria totalmente diferente. Porque seria o meu primeiro natal, desde os meus seis anos, sem o meu melhor amigo.
Quero dizer, o Estevão também estaria ali. Porque nossas famílias eram muito amigas e com catorze anos a gente não tinha muita opção além de acompanhar nossos pais. Então, ele viria. Só que certamente não falaria comigo. Ou falaria?
Eu tinha quatorze anos, feitos no meio do ano. E sabia que estava mais bonita do que nunca. Os meninos, muitos deles, davam em cima de mim. E o namorado que eu afinal escolhi (eu gostava de beijar na boca, mas isso era tudo o que eu fazia em termos de intimidade) era um dos meninos mais populares da escola. E ele era tudo o que uma menina da minha idade podia desejar: dois anos mais velho, super bonito e popular. Quero dizer, quase tudo, porque eu também queria o meu melhor amigo de volta. Mesmo depois daquele episódio da Mariana Batista, quando ele ficou torcendo por ela, eu ainda o queria.
Eu apenas não seria a primeira a dar o braço a torcer. Eu nunca, mas nunca mesmo, tomaria a iniciativa para ir atrás do Estevão. Se ele quisesse, e também sentisse a minha falta, ele é que tinha que vir atrás de mim.
Enfim, eu me arrumei um monte naquele natal. Eu queria ficar bonita. Coloquei uma blusa branca justa e uma saia bege, que ficavam muito bem em mim. E a saia era um pouco mais curta das que as eu eventualmente usava para ir à escola. Minhas coxas estavam mais grossas agora, e eu queria que ele notasse.
E eu vi, quando ele chegou, que ele notou. Ele virou o rosto rápido, quando viu que eu o cuidava, mas deu tempo suficiente para eu percebesse um brilho de interesse em seus olhos. E ele estava me analisando, de cima a baixo. Então, eu meio que decidi arriscar. Ele não era mais meu amigo, mas no meio daquele monte de convidados, eu dei um jeito de flertar com ele.
Lançando olhares, mas sem sorrisos, na direção dele em vários momentos. Flertar era algo que eu tinha aprendido a fazer muito bem.
E então, numa hora que eu fui para o pátio pegar um ar, e também para telefonar para as minhas amigas, para combinar a festa em que nós iríamos depois, ele me seguiu.
- Flor de Mel. - ele disse, e estava parado nas minhas costas. A voz dele estava um pouco diferente, mais rouca. E eu fiquei imóvel, de costas para ele.
Não era isso que eu queria? Que ele viesse falar comigo? Mas não assim, como ele fazia. Ele não precisava estar tão pertinho.
E eu fiquei parada. Totalmente imóvel. E ele começou a deslizar o nariz pelo meu pescoço, para... me cheirar? O que ele estava fazendo?!
- Sempre doce, Flor de Mel. - ele disse, sem tirar o nariz do meu pescoço - Então é assim, não é? É assim que você faz? - a voz dele perdeu um pouco da sensualidade e endureceu - Uma abelha rainha, doce. Muito doce. E para que? Para ser o centro da atenção sempre? Para atrair várias presas para a sua colmeia?
- Estevão... - e eu me virei para olhar para ele. O olhar dele estava duro.
Ele agora era um pouco mais alto do que eu. Só que ele ainda estava crescendo, eu não. Os cabelos negros dele estavam meio bagunçados. Ele era o tipo de menino que não se cuidava muito. Não ligava nem um pouco para a sua aparência. Andava sempre tão desleixado... Como agora. A roupa dele parecia pronta para jogar uma partida de futebol, e não para uma festa.
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Flor de Mel (completa)
ChickLitSinopse: Quando a nossa vida desmorona, é inevitável parar para pensar: "E se eu tivesse feito outras escolhas...?" "Eu se eu tivesse agido diferente..?" "E se eu não tivesse sido, por exemplo, tão impulsiva?" Há coisas que realmente não podemos mud...