Capítulo 16

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Capítulo 16

Madrugada de segunda-feira. Eu tinha aproveitado o domingo para finalizar o meu quadro e no resto do tempo eu fiquei esperando pelo Estevão. E nada dele aparecer... E eu já estava super preocupada! Será que o pós-operatório de uma vasectomia era tão demorado assim, ou tinha ocorrido alguma complicação?

Oh, meu Deus. Ele não podia morrer agora! Não justo agora que eu descobri que estava apaixonada por ele de novo! Não antes que eu pudesse jogá-lo no tapete da sala e dar uns amassos bem gostosos nele! Ele não podia morrer antes que eu pudesse fazer  um monte de coisascom ele!

Putz. Eu sou muito azarada mesmo.

E então, com esses pensamentos, eu estava na minha cama tentando adormecer, mas sem sucesso. Eu só pensava, me revirando entre os lençóis: "Onde será que ele está? O que será que ele está fazendo?" E eu, cansada de esperar, estava decidida a pegar o carro logo de manhã cedo e ir até a vinícola perguntar por ele. Ninguém podia desaparecer para sempre. A menos que... Não. Deus não seria tão cruel comigo para levar o Estevão agora. Ou seria?

E então eu ouvi. O som de pedrinhas jogadas na minha janela, em plena madrugada. Estevão!

E eu corri até a janela, sem sequer pensar na minha aparência, tal como eu fazia quando criança.

- Estevão! – eu exclamei totalmente feliz ao vê-lo parado ali embaixo. – Você voltou!

E ele disse, com um leve sorriso nos cantos dos lábios:

- Desce aqui.

E eu, na ansiedade, desci como estava vestida mesmo: com uma camisola de seda azul curtinha. Sem estar usando nada por baixo, porque eu sempre durmo assim, sem calcinha e sem sutian. Apenas parei rapidamente para colocar um chinelo de dedo e então disparei escada abaixo.

- Oi! – eu fiquei meio esbaforida quando afinal parei na frente dele. A noite estava escura e silenciosa, já que era quase uma da madrugada. Uma lua minguante, acompanhada por algumas estrelas, iluminava o céu.

- Oi! – ele disse, e também sorriu para mim. Olhei fascinada para aqueles olhos castanhos que sempre pareciam negros na luz da lua. – Desculpa te chamar a essa hora, mas eu vi a luz acesa no teu quarto.

- Ah. Não tem problema. Eu não estava dormindo. – eu disse e olhei para o carro dele que estava com a porta do motorista e com o porta-malas abertos, e então para a casa dele toda fechada. – Você chegou agora?

- Eu acabei de chegar.

- Hummm. – eu me virei na direção do meu quadro, ainda sobre o cavalete no meio da garagem, impedindo que o carro dele entrasse ali. – Eu não sabia que você vinha. – falei em tom de desculpa olhando para a tela com uma careta.

- É. – ele também olhou na mesma direção que eu. – Posso ficar com ele? – ele perguntou apontando para o quadro com a cabeça.

- Você gostou?

- Adorei. – ele assentiu com a cabeça, dando aquele sorrisinho de canto de boca. E eu notei sua barba rala, como se ele não se barbeasse há uns dois dias. E aqueles poucos pelos escuros crescendo deixavam ele com um ar ainda mais sexy.

E então ele foi buscar suas coisas no carro, e eu o ajudei, porque ele pediu para que eu levasse o quadro para dentro da casa dele, já que o tempo parecia estar fechando. Umas nuvens começavam a encobrir as estrelas e a lua, anunciando chuva.

- Acho que ele ficará bem aqui. – ele tirou o quadro antigo que havia no centro da sala, no lugar mais importante que era acima do sofá, e colocou o meu no lugar. E eu me senti toda orgulhosa, porque se ele não tivesse gostado de verdade, ele não o teria posto ali.

Flor de Mel (completa)Onde histórias criam vida. Descubra agora