Capítulo 4

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Capítulo 4

Atheya se uniu a Randon na sala de pesquisa, ainda vestindo o uniforme. O material era tão agradável em sua pele que não viu a necessidade de tirá-lo.

- Senhora, farei uma varredura no sistema. Tenho certeza de que encontrarei alguma brecha em nossa tecnologia que possa tornar os genes dos humanos fortes o suficiente para que nossos bebês nasçam com nossa força.

- E o humano? - disse, tentando não demonstrar mais interesse do que o necessário.

- Eles o trarão. Enquanto isso... - Randon parou de falar ao observar o resultado na tela. Como o texto era extenso, ele o leu em segundos com sua super visão. - Aqui está a brecha, senhora.

Atheya se agachou para observar e sorriu suavemente. Essa, com certeza, seria a melhor descoberta de todas.

- Isso me deixa satisfeita. Quero que formem equipes para descobrir medicamentos e vacinas para os humanos. Eles estão respirando com facilidade em nosso sistema, mas temos animais e insetos venenosos. Talvez uma picada acabe com suas vidas.

- Excelente ideia, vossa graça. Farei uma breve reunião no setor responsável enquanto o corpo do humano é entregue.

- Ficarei aguardando.

Ela se sentou em uma das cadeiras flutuantes, mas logo se levantou ao ver o corpo do humano ser entregue dentro da mesma cápsula e ser conectado a vários dispositivos.

Atheya permaneceu na sala, observando o rosto perfeito dele através do vidro da cápsula. Ela se viu atraída por aquele homem, algo que nunca tinha experimentado em seus mil e quatrocentos anos de vida. Seus olhos azuis, profundos como o oceano, a hipnotizaram.

Ela não conseguia deixar de pensar nele, naquele soldado humano corajoso que tinha tentado salvá-la, mesmo que isso tenha custado sua vida. E agora, ele estava ali, conectado a máquinas, e ela mal podia esperar para conversar com ele novamente, escutar o tom de sua voz e se perder novamente no oceano azul de seus olhos.

Colocando a mão na boca, ficou impressionada com seus pensamentos sobre o humano.

Randon entrou na sala, tirando-a de seus pensamentos.

- Senhora, está tudo resolvido. Até amanhã teremos vacinas para os humanos e algumas medicações. Todas serão testadas em suas células para evitar qualquer tipo de alergia ou excessos.

Ela concordou com a cabeça e se sentou ao seu lado para ajudá-lo com o humano. Randon olhou para a rainha com o cenho franzido.

- A senhora ficará aqui?

- Sem dúvida alguma. Sou a rainha e também cientista, quero sair daqui com eles bem e vivos.

- Entendo, então vamos trabalhar.

Randon e Atheya conversaram e, com a ajuda das máquinas de nanopartículas, reconstruíram tudo o que foi destruído no corpo do humano. Seus ossos novos seriam mais resistentes, cerca de um milhão de vezes mais. A pele não seria fácil de se rasgar. Eles discutiram os olhos, e Randon fez uma pesquisa descobrindo que o humano tinha apenas sessenta por cento da visão de ambos os olhos.

- Podemos substituir os olhos dele...

- NÃO! - ela quase gritou ao responder ficando em silêncio em seguida.

Randon olhou para ela, estranhando sua atitude, mas logo se recompôs antes de perguntar.

- O que a senhora sugere?

- Mantenha os olhos, substitua as córneas, acredito que seja o suficiente. Deixe-o com a visão igual à nossa.

- É pra já, senhora.

Randon removeu as roupas do humano para procurar algum estilhaço que possa ter se prendido ao peito ou algum outro problema.

Ao ver o humano completamente despido, ela se viu olhando para um único lugar com muita curiosidade. Não havia nada de diferente em comparação com os de sua espécie. Embora soubesse que muitos de sua espécie tinham essa parte do corpo diferenciada, com dois até três membros, e usavam todos em suas relações com uma única parceria de uma vez. Ela deu um pulo na cadeira quando Randon a chamou.

- Senhora, podemos enxertar os músculos dele. Ele ficará mais forte ainda, e o corpo mais definido.

Atheya tentou imaginar o homem mais bonito do que já era, e seu corpo esquentou, principalmente seu rosto com vergonha de seus pensamentos. Há muito tempo não sentia essas sensações.

- Senhora?

- Sim, faça isso - disse, sentindo o rosto queimar de vergonha.

- Está se sentindo bem?

- Sim, pode prosseguir.

Ela baixou o olhar, evitando a todo custo olhar para o local que tanto a interessou, e voltou a se concentrar em seu trabalho.

- Está concluído. Agora é só acordá-lo - disse Randon, abrindo a gaveta de sua mesa e pegando um bracelete.

Ele foi até onde o humano estava, e a cápsula se abriu automaticamente, exibindo o corpo humano totalmente regenerado.

A rainha também se levantou, mas não se aproximou muito para não ter tanto acesso ao corpo dele. Ela observou Randon colocar o bracelete no pulso do humano. Ele apertou um botão, e a peça preciosa entrou em trabalho de alerta, apitando várias vezes seguidas. Ela liberou nanopartículas que construíram um uniforme negro como o petróleo, que se adaptou a sua pele como uma segunda camada, e, por último, a capa.

Os olhos do humano ainda continuavam fechados, mas suas pálpebras começaram a se mexer devagar até começarem a se abrir.

Atheya ficou empertigada ao ver novamente o oceano azul de seus olhos. Mais uma vez, seus olhares se encontraram, dessa vez, em uma situação diferente, e eles puderam se olhar com mais calma.

O humano fechou os olhos, franzindo a testa e levando as mãos até suas têmporas. A dor era tanta que ele caiu ajoelhado, gemendo.

- Pelos céus, Randon... O que ele tem? - disse, preocupada, dando um passo à frente.

O cientista se agachou e perguntou o que ele sentia, mas os gemidos ficaram mais altos. Isso fez o cientista pegar uma espécie de seringa sem agulha e aplicar rapidamente um líquido azulado em sua mão.

O líquido foi absorvido pela pele rapidamente e seguiu para a corrente sanguínea em uma velocidade surpreendente, fazendo o soldado ficar quieto quase que de imediato.

- O que é isso que você aplicou nele?

- É para dor, a medicação mais fraca que temos.

Ela balançou a cabeça concordando, olhou para o humano com mais atenção.

- Olá? Você está bem? - disse, aproximando-se mais.

Preocupada, ela ergueu os dedos, encostando as mãos nas dele, que ainda segurava a cabeça. Ele levantou a cabeça ao ouvir o som de sua voz doce e o toque suave, seus olhos se fixaram nos dela, e o momento mágico reapareceu. Atheya respirou fundo antes de continuar a falar.

- Qual é o seu nome? Preciso saber, será indelicado ficar te chamando de humano ou terráqueo.

- Meu nome é Renan Oliveira, sou brasileiro, soldado militar e especialista em artes marciais - disse em português.

Demorou alguns segundos para Atheya traduzir a fala dele para o seu idioma, mas, assim que conseguiu, sorriu, pois achou o nome do humano muito bonito.

Descendo as mãos pelos braços fortes dele, suspirou ruidosamente antes de ajudá-lo a se levantar do chão e o acomodar numa cadeira flutuante.

- Sou Atheya, a rainha de Sharon. Você é bem-vindo ao nosso planeta - disse em português ao invés do inglês.

- Como vim parar aqui? - disse, olhando no fundo dos olhos dela. - Eu estava correndo até você para protegê-la do míssel e tudo ficou escuro.

- Temos muito o que conversar, soldado Renan. Faremos alguns testes para saber se está bem, e depois será liberado para ir até o castelo. Lá jantaremos, e eu contarei tudo o que está acontecendo. Pode ser assim?

Ele balançou a cabeça afirmativamente e foi guiado por alguns corredores até a sala onde fariam alguns exames.

Atheya: A rainha de SharonOnde histórias criam vida. Descubra agora