Atheya: A rainha de Sharon

Capítulo 18

Capítulo 18

Atheya observa seu irmão se afastar, deixando o café pela metade. Curiosa, ela vai até a sala ao lado em busca de Renan e o encontra admirando o nascer do sol de Sharon. Sem dizer uma palavra, ela se aproxima e encosta a cabeça em seu peito, permanecendo em silêncio por alguns momentos.

- Ele aceitou numa boa? - pergunta Renan, quebrando o silêncio.

Ela sorri antes de responder:

- Quem teve que aceitar fui eu. Zalthor sentiu o cheiro do "amor", não pude obrigá-lo a um casamento eterno enquanto ele ama outra pessoa. Embora não saibamos exatamente o que é o amor, sabemos que quando se sente o cheiro da pessoa, não podemos negar que elas se relacionem. Somos poucos os que sentem...

- Hum... - murmura Renan, apertando mais o abraço ao redor dela, antes de continuar: - Pra mim também tem um cheiro gostoso.

Ele coloca o queixo no topo da cabeça de Atheya, ficando em silêncio por um momento antes de suspirar e perguntar curioso:

- Por acaso, você sentiu o meu?

Atheya ergue a cabeça, olhando diretamente nos olhos dele, antes de afirmar:

- Se eu não tivesse sentido, não estaria assim com você - disse carinhosa.

- Essa resposta para mim basta.

Atheya segura a mão dele, puxando-o em direção à sala de jantar.

- Venha, vamos fazer o desjejum.

***

Zalthor anda pelos corredores do castelo até a ala onde ficam os funcionários. Encontra Ilsa saindo do próprio quarto.

- Príncipe Zalthor, em que posso ajudá-lo?

- Onde está Kenya?

Ilsa fica sem saber o que dizer de imediato, mas logo se recompõe e aponta para o quarto da jovem.

- Ela está no aposento dela. Disse que não estava se sentindo bem.

- Certo. Obrigado, pode se retirar.

Sem entender nada, Ilsa preferiu sair. Ele bate na porta e ao ser convidado para entrar ele entra sem cerimônia.

Entrando no aposento se depara com ela limpando os olhos avermelhados. Sua pele, que tem um tom de azul diferenciado está levemente arroxeada de tanto chorar.

- Kenya... O que houve? Quem te deixou assim?

- O senhor... - disse sentindo as lágrimas voltarem a castigar seus olhos.

- Eu? O que eu fiz? Pensei que estivesse feliz...

- Eu vi o senhor com ela... Aquela oferecida...

- Ah, entendi. Não tire conclusões precipitadas. Pelo visto você não ficou até o final da conversa.

- Para que? Para vê-lo dormir com ela?

- Não dormi com ela. Eu a rejeitei por você. Não vou dormir com outra pessoa que não seja você. Espero ter deixado bem claro.

- Eu ainda não tenho idade para me relacionar sério.

Ele se aproxima passando os braços pelos ombros dela a puxando ao seu encontro. Coloca o queixo no topo da cabeça dela, e aguarda ela ceder.

Segundos depois sente a tensão dela dissipar e os dedos passarem por sua cintura o abraçando.

- Eu acredito que o que sinto por você é o sentimento dos humanos. Não sei definir ao certo, mas estou estudando os costumes deles. Cada lugar tem um jeito de agir, comidas típicas, mas o sentimento chamado amor é igual em qualquer lugar.

- Eu também acho que amo o senhor. É um sentimento lindo, mas ele também trás dor quando não é correspondido.

- Eu sinto muito que passado por esse sofrimento. Em todos esses anos, nunca a olhei diferente até sentir seu cheiro. Não tinhamos ficado tão perto antes como agora.

Ele continua abraçado a ela, mas tem que se afastar pois seus olhos estavam ficando vermelhos de desejo.

- Venha, vamos sair daqui. Não podemos ficar sozinhos ou serei punido por minhas atitudes.

Ela sorri achando graça. Afinal, não é só ele que deve tentar se controlar.

- Sim, eu preciso ir. Tenho que ajudar a fazer o almoço...

- Você será uma princesa em poucas semanas, não irá mais trabalhar. Trocará de quarto, ficará na ala da rainha, onde não vou poder chegar muito perto. Irá ser tratada por todos do castelo como se já fôssemos casados.

- O que vou fazer já que não posso trabalhar?

- Cuidar de você, poderá...

- Não, será muito estranho. Vou pelo menos ajudar na cozinha. Gosto de cozinhar.

- Se preferir assim, não vou me opor. Gosto do seu tempero.

Eles se despedem com um leve beijo. Zalthor vai até a área de treinamento se exercitar com o exército de Sharon e Kenya vai até a cozinha.

***

Enquanto isso, Atheya precisa dar um jeito de cumprir sua palavra com um casamento arranjado com o planeta Mercuryon. Não sabe mais quem poderá casar no lugar de seu irmão, único príncipe de Sharon.

Renan sente a tensão dela enquanto caminham no jardim de mãos dadas.

- O que aconteceu? Parece estar muito preocupada.

- Eu preciso arrumar alguém para fazer uma aliança com Mercuryon. Hoje eles virão e terei que ter alguém em mente.

- Tenho uma sujestão.

- E qual seria? - parou de andar para o olhar no olhos.

- Ilsa, ela é solteira. Falando com sinceridade, parece ser infeliz. Talvez muda-la de planeta pode trazer alegria para o rosto dela.

Atheya pisca algumas vezes, ela é sua dama de honra, mas pode ser substituída. É uma mulher muito linda e pode ser uma excelente esposa com toda sua sabedoria e delicadeza.

- Eu não teria pensado em alguém melhor. Obrigada Renan.

Ele sorri e passa o braço pelo ombro dela. Andam tranquilamente pelo jardim e escutam bater de asas se aproximando. Eles olham para cima, Alistar sobrevoa o jardim até pousar graciosamente. Em seguida, outro pássaro maior que ela pousa logo atrás.

- Conhece esse pássaro? - perguntou Renan observando o animal com interesse.

- Não. Talvez seja o macho dela.

Renan se aproxima de Alistar, o macho estufa o peito e dá um grito de aviso para ele parar.

- Cuidado, ele pode ser perigoso.

Renan apenas balançou a cabeça de forma positiva enquanto continuava olhando o animal nos olhos.

- Eu não quero te fazer mal...

Renan chegou perto o suficiente para estender o braço e tocar o bico dele.