Atheya: A rainha de Sharon

Capítulo 8

Capítulo 8

Após o jantar, Renan ofereceu novamente o braço para levar a rainha até a sala do trono. Eles caminharam vagarosamente enquanto ela mostrava alguns lugares do castelo, incluindo o terraço.

- Vossa alteza, importa-se se sairmos para ver a lua?

- Claro que não. Vamos, quero mostrar a você as duas luas.

Conforme se aproximavam, as portas laterais se abriram, conduzindo-os ao terraço. Era impossível não se impressionar com as luas; elas eram gigantes, pareciam dois planetas enormes prestes a colidir com Sharon. O céu estava repleto de estrelas, muito mais do que Renan já tinha visto na vida.

- Este lugar é incrível - ele disse, ainda de braços dados com Atheya.

- Quando estou sozinha à noite, observo as estrelas e as luas. São as únicas coisas que me fazem enfrentar mais um dia como rainha de Sharon.

Ele olhou para baixo, percebendo a tristeza em sua voz. Não pôde deixar de perguntar:

- Você se sente sozinha?

- Tudo para mim é monótono.

- Você não deveria se sentir assim. Tem tudo em suas mãos: riqueza, poder e anos de glória à frente em seu reinado.

- É justamente isso que me perturba. Não quero mais reinar; estou cansada de fazer tudo sozinha.

- Por que você não se casa?

- Não encontrei alguém adequado. Não posso me casar com qualquer um, nem fazer qualquer tipo de aliança para unir os planetas. Tenho muitas responsabilidades, uma atitude errada pode prejudicar todo o planeta. Por isso não posso simplesmente me casar.

- E ter um romance? - perguntou sem perceber. Quando se deu conta, já tinha aberto a boca.

- Até poderia ter algum romance. Mas prefiro continuar só.

Renan franziu as sobrancelhas. Isso queria dizer que ela e Zarek não estavam juntos. Engoliu em seco, estava interessado nela, mas não sabia se era certo tentar uma aproximação. Havia muitos contras; ela queria ficar só, não podia se envolver com qualquer pessoa por medo de escolher um rei inadequado para o seu povo. Isso era admirável, e por isso ela estava sozinha, se sentia só e se privava de afeto e amor.

- Quer tanto aumentar a população. Poderia ter um herdeiro.

- Melhor não. O trono pode ser passado por meio de votação, então não preciso me preocupar em ter um herdeiro.

Ele se virou e segurou seu rosto de tom azulado, dizendo:

- Uma rainha tão graciosa e venerada deveria ter seu próprio herdeiro.

Atheya olhou nos olhos de Renan, surpresa com sua ousadia. A lua iluminava seu rosto e, naquele momento, ambos sabiam que algo especial estava acontecendo no terraço do castelo de Sharon.

- Então, está me convidando para ser mãe de seus filhos?

- Bem, não seria uma má ideia, com todo o respeito.

- Respeito? Você? Ah, não tente me enganar, sedutor. Sou uma mulher experiente, você pode ter várias parceiras; não há necessidade de tentar seduzir sua rainha.

Ele suspirou, desapontado por ela chamá-lo de sedutor, embora sua habilidade de sedução não funcionasse com ela.

- A senhora tem razão, aceitei ser um doador com várias esposas. Quando vou conhecê-las? - perguntou, afastando-se dela e indo até o parapeito para observar melhor as luas.

- Amanhã, após os testes de sua força. Elas já estão cientes, só falta você conhecê-las e casar-se. Tudo pode ser feito no mesmo dia, e amanhã mesmo...

Ela teve dificuldade em continuar, pois não era o que gostaria de dizer.

- Bom, você entende o que quero dizer. Acredito que terá filhos lindos.

- Me acha bonito?

- Extremamente...

Ele sentiu esperança com o que ela disse e afastou-se do parapeito, voltando para perto dela.

- Isso não quer dizer que aceitarei ser seduzida.

Novamente ele ficou desapontado e afastou-se. Ficou pensativo por um momento.

Ela estava certa; não havia necessidade de tentar seduzi-la, pelo menos não naquele momento. Pensou e sorriu em seguida.

Descobriu que ela estava sozinha, e não tinha pressa, mas sabia que teria que conquistá-la antes de casar com o harém que foi oferecido.

- A rainha está certa. O jantar estava ótimo, mas vou me recolher, descansar para o dia de amanhã. Quero que a rainha se orgulhe de mim.

Ela sorriu, satisfeita com o que ele disse, não tem dúvidas de que fez a melhor escolha. E que Renan será de grande ajuda para o aumento da natalidade e será um excelente guerreiro.

- Tenho certeza de que terei muito orgulho de você.

Ele ofereceu o braço, e ela aceitou de imediato. Ele a conduziu de volta para dentro do castelo, enquanto caminhavam, ambos ficaram em silêncio.

Renan acompanhou a rainha até seu quarto, despedindo-se com cordialidade. Quando virou-se para retornar ao seu próprio quarto, no entanto, percebeu que estava perdido. Ele caminhou sem rumo pelos corredores, confuso. Parou em um cruzamento e coçou a cabeça.

- Droga... - murmurou, franzindo a testa, enquanto optava por seguir um corredor aparentemente aleatório.

No meio do caminho, captou murmúrios, decidiu parar e prestar atenção. Viu o comandante Zarek dialogando com Ilsa, os quais subitamente se calaram ao perceberem a aproximação de Renan.

- Precisa de alguma coisa, humano? - indagou Zarek, ostentando uma clara irritação.

Renan estranhou o modo como estava sendo tratado, mas, compreendendo que o comandante estava possivelmente frustrado com a atenção que a rainha havia dispensado a ele nas últimas horas, preferiu não criar conflitos.

- Não consigo encontrar meu quarto.

Renan captou o olhar frio de Zarek, embora este tenha forçado um sorriso e modulado sua voz para parecer amigável.

- Não se preocupe, Renan. Eu vou te levar ao seu quarto.

Ilsa, por sua vez, lançou um olhar de repreensão a Zarek. Enquanto caminhavam em direção ao quarto de Renan, este começou a suspeitar de que havia algo mais na atitude de Zarek, algo que não estava claro. Teria o comandante razões ocultas para se incomodar com a presença de Renan?

Mais tarde, enquanto estava deitado em sua cama, a incerteza o atormentava, e ele sabia que teria que manter um olho vigilante no comandante Zarek.

Suspirando, Renan viu seus pensamentos se voltarem para Atheya. Ele estava preocupado com a conversa que tiveram. Se estivessem na Terra, tudo o que ela disse e como contou daria a impressão de que ela estava sofrendo de depressão. Atheya tinha tudo na vida, e não deveria achar tudo monótono. Ela deveria sorrir mais e se sentir segura. Renan estava determinado a fazer o possível para que ela se sentisse assim.