AGOSTO PARECIA UM BOM mês para se tirar uma soneca tranquila, mas como eu poderia saber disso? Bem, todos em Manhattan pareciam compartilhar dessa ideia naquele exato momento, inclusive a minha família.
Minha respiração se encontrava entalada na minha garganta enquanto eu corria pelo prédio, conferindo todas as pessoas possíveis, e chegando à mesma conclusão: todos estavam dormindo. Até mesmo o porteiro, Gilliard, estava desmaiado para fora da cadeira.
Um soluço escapou dos meus lábios.
Eu não conseguia entender o que estava acontecendo. Mesmo tendo me mudado para Nova York há apenas dois meses, vindo do Brasil, eu tinha certeza de que "Dormir na Rua" não era uma tradição da cidade. Minha intuição me dizia que algo estava profundamente errado. Meus instintos me aconselhavam a correr dali o mais rápido possível, mas eu estava praticamente paralisada pelo medo.
O desespero que apenas crescia cada vez mais em meu peito se transformou em lágrimas frenéticas que rolavam pelo meu rosto.
Eu simplesmente não conseguia me mover para nenhum outro lugar que não fosse em direção ao Empire State Building. Algo me puxava naquela direção, algo grande, assustador e definitivamente algo que eu não estava nem um pouco ansiosa para encontrar.
Peguei uma garrafa de vodka qualquer que encontrei perto de um poste enquanto vagava pelas ruas silenciosas de Manhattan. A visão de uma cidade geralmente movimentada agora tão pacífica era surreal. Caminhei em direção ao enorme arranha-céu que se destacava no horizonte.
A jornada até o Empire State Building não era longa. Bastava virar na Quinta Avenida, perto de onde eu estava, para chegar lá. A cidade estava tão silenciosa que eu podia ouvir ruídos distantes e abafados, indicando que pelo menos alguém além de mim deveria estar acordado.
Eu me perguntava como essas pessoas se sentiam. Estariam assustadas? E se fossem crianças? E se fosse a pessoa que causou essa situação? Não, era difícil acreditar que alguém fosse capaz de causar isso tudo.
A cada ruído mínimo, eu saltava de susto, mal conseguindo dar cinco passos sem olhar ansiosamente para trás ou me esconder nas lojas fechadas e escuras antes de continuar. No entanto, nunca havia nada atrás de mim.
Finalmente, parei em frente a uma loja fechada, e senti algo vibrando no meu shorts. Apertei a garrafa de vodka pela metade, embora soubesse que não seria eficaz em uma luta, e com a mão livre, peguei meu celular do bolso.
— Alô? — Murmurei, olhando em volta enquanto ouvia um burburinho cada vez maior.
— 𝘋𝘦𝘭𝘱𝘩𝘪𝘯𝘦? 𝘖𝘯𝘥𝘦 𝘷𝘰𝘤𝘦̂ 𝘦𝘴𝘵𝘢́? — A voz de Rachel soou abafada do outro lado da linha.
— Rach? Estou em Manhattan. Que tipo de pergunta é essa? — Ri nervosamente, abaixando o olhar para meus tênis.
Odiava mentir, mas se eu dissesse a verdade, ela insistiria em vir até aqui, e eu não queria que ela ficasse presa no que quer que isso fosse. Ficamos em silêncio por um momento, durante o qual aproveitei para secar minhas lágrimas.
— 𝘚𝘰́ 𝘧𝘪𝘲𝘶𝘦𝘪 𝘱𝘳𝘦𝘰𝘤𝘶𝘱𝘢𝘥𝘢 𝘱𝘰𝘳𝘲𝘶𝘦... 𝘯𝘦𝘯𝘩𝘶𝘮 𝘥𝘰𝘴 𝘯𝘰𝘴𝘴𝘰𝘴 𝘤𝘰𝘭𝘦𝘨𝘢𝘴 𝘥𝘢 𝘎𝘰𝘰𝘥𝘦 𝘮𝘦 𝘢𝘵𝘦𝘯𝘥𝘦. — A voz de Rachel tremeu um pouco.
— Sim... É... Eles estão meio que dormindo. — Tentei soar calma.
— 𝘛𝘰𝘥𝘰𝘴?! — Rachel exclamou. — 𝘊𝘰𝘮𝘰 𝘦́ 𝘱𝘰𝘴𝘴𝘪́𝘷𝘦𝘭?
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𝐓𝐇𝐄 𝐋𝐎𝐒𝐓 𝐃𝐀𝐔𝐆𝐇𝐓𝐄𝐑 - 𝐏𝐉𝐎
FanfictionDelphine Preston costumava ser uma garota normal com uma vida normal, pais comuns, amigos comuns e hobbies comuns. Até que... não era mais. Em uma tarde que turbulenta, Delphine descobre que sua vida está longe de ser comum. Ela é nada menos que uma...