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          MEU OLHAR FOCOU NA bandeira branca erguida ao longe. Era enorme, facilmente batia um campo de futebol, mas não havia sido exatamente o tamanho da bandeira que me chamou atenção, e sim quem a segurava.

Um gigante de, pelo menos, dez metros a carregava. Ele era azul brilhante, mas seus cabelos eram tão claros quanto a neve poderia ser.

— Que...? — Meu queixo caiu ao olhar a cena.

— Um hiperbóreo — disse Thalia. — Os gigantes do norte. É mau sinal que tenham ficado do lado de Cronos. Em geral, eles são pacíficos.

— Você já os encontrou antes?

— Gigantes do norte?

Percy e eu perguntamos simultaneamente.

— Hã-hã. Há uma grande colônia deles em Alberta. Você não ia querer brincar de guerra de neve com esses caras. — Thalia respondeu.

À medida que tal gigante se aproximava pude ver três figuras do tamanho de humanos o acompanhando: um usava armadura, uma empousa parecida com a que havia me machucado e um homem alto de smoking. A empousa segurava o braço do cara de smoking, ambos pareciam um casal de atores famosos entrando na estreia do próprio filme em Hollywood — isso se desconsiderarmos as presas dela.

O grupo caminhava calmamente em direção ao Heckscher Playground. Os balanços e as quadras estavam vazios. O único ruído era o da fonte na Umpire Rock.

Olhei para Percy quando o mesmo tornou a falar.

— O cara de smoking é o titã?

Grover assentiu, nervoso.

— Parece um mágico. Eu detesto mágicos. Eles costumam ter coelhos.

Lancei ao sátiro — nome que eu havia descoberto ser dado a espécie dele — um olhar de pura incredulidade.

— Você tem medo de coelhos? — Perguntei, arregalando os olhos com a informação.

— Bé-é-é! Eles são valentões. Estão sempre roubando aipo de sátiros indefesos! — Grover deu de ombros, estremecendo.

A lider das caçadoras tossiu.

— O que foi? — perguntou Grover.

— Vamos ter de trabalhar sua fobia de coelhos mais tarde — disse Percy. — Aqui estão eles.

Quando o homem de smoking deu um passo à frente eu me senti tentada a dar um passo atrás, mas a mão de Perfy nas minhas costas era um aviso claro: Não o deixe perceber que está com medo.

Pensei em responder avisando que já era tarde demais e que meu rosto demonstrava medo, mas segurei a língua. Não queria chamar mais atenção.

Quando parei e observei melhor, pude perceber que ele era  mais alto do que a média dos humanos — cerca de dois metros. Os cabelos pretos estavam presos em um rabo de cavalo. Óculos escuros redondos escondiam seus olhos, mas o que de fato me chamou a atenção foi a pele de seu rosto. Era coberta de arranhões, como se ele tivesse sido atacado por um animal pequeno — talvez um gato de rua muito, muito furioso.

— Percy Jackson — disse ele, numa voz de seda. — É uma grande honra. E, ah... — ele mirou os olhos em mim. — Vejo que trouxe a adorável Delphine consigo...

A empousa sibilou para mim. Ela provavelmente ficara sabendo que a irmã morreu ao tentar me matar.

— Minha querida — disse o arrumadinho. — Por que você não se acomoda melhor ali, hein?

Ela soltou o braço dele e dirigiu-se a um banco do parque.

Olhei para o garoto de armadura atrás do arrumadinho. Eu não o reconhecia, mas pelo olhar que nos lançava pude perceber que não era o primeiro encontro dele com Percy. Isso não fez com que eu me sentisse melhor.

𝐓𝐇𝐄 𝐋𝐎𝐒𝐓 𝐃𝐀𝐔𝐆𝐇𝐓𝐄𝐑 - 𝐏𝐉𝐎Onde histórias criam vida. Descubra agora