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          ADENTREI MEU APARTAMENTO EM passos lentos. Meus ombros pesavam com as revelações do dia anterior e pela noite mal dormida. Meus passos ecoavam pelo corredor, contrastando com a quietude que envolvia o prédio naquela manhã ensolarada.

Meu apartamento também estaav silencioso. O que era estranho considerando o horário. Ao entrar na cozinha, porém, encontrei minha mãe preparando o café da manhã, mas seus pensamentos pareciam estar longe dali.

Assim que cheguei na bancada, mamãe virou-se para mim, e imediatamente percebi a tensão em seus olhos.

— Querida! O que aconteceu? Onde você estava?

Forcei um sorriso, tentando disfarçar minha agitação.

— Eu estou bem, mãe. Mas... termine o café primeiro, nós precisamos conversar.

Ela não pareceu convencida, mas decidiu não me pressionar. Em vez disso, ela continuou preparando o café da manhã, enquanto eu me se sentava à mesa, perdida em meus próprios pensamentos.

Depois de um momento de silêncio tenso, minha mãe quebrou o gelo.

— Pronto, agora você pode me contar o que aconteceu, Delphine?

Respirei fundo, sentindo o peso das palavras prestes a sair de minha boca.

— Mãe... eu preciso te contar algo, mas é difícil de explicar.

Mamãe parou em minha frente, do lado oposto do balcão. Seus olhos se fixando nos meus com uma mistura de preocupação e curiosidade.

— O que foi, querida? Você pode me contar qualquer coisa.

Olhei para minhas mãos, tentando encontrar as palavras certas.

— Eu... eu sou uma semideusa. Filha de Poseidon. — Levantei a cabeça bem a tempo de ver minha mãe engolir em seco. — Mas você já sabia disso...

Tombei a cabeça para o lado, surpresa e indignada com aquilo. Will havia me contado que algumas vezes os deuses não revelavam sua natureza divina aos mortais com quais se relacionavam.

Aparentemente não era o caso.

— Você já sabia?! E escondeu isso de mim esse tempo todo?! — Levantei o tom de voz, chocada.

— Delphine Preston, não me importa o que ache sobre isso ou sobre mim, abaixe esse tom. Eu ainda sou sua mãe. — Ela repreendeu.

— Então aja como tal!

— Delphine!

— Eu caí em meio a uma batalha maluca entre os deuses e um titã morto-vivo que quis dar uma de Voldemort e assumiu um corpo de um semideus adolescente! — Me exaltei, levantando da cadeira. — Completamente despreparada! Eu tive que matar um gigante ontem à noite, mãe! E eu mal sei segurar uma espada!

O rosto de minha mãe estava pálido, seus olhos refletiam a angústia e a culpa que eu mesma sentia. Ela respirou fundo, tentando manter a calma diante da minha explosão de emoções.

— Delphine, eu sei que não fui completamente honesta com você sobre sua origem. E por isso, peço desculpas. Eu queria protegê-la, querida. Eu queria mantê-la segura, longe dessas batalhas e perigos.

Meu rosto estava contorcido em frustração, mas suas palavras começaram a penetrar na minha raiva. Ela estava tentando proteger-me, como sempre fez.

— Eu sei que parece injusto, Delphine. E talvez seja. Mas eu nunca quis mentir para você. Eu só queria que você tivesse uma vida normal, longe dos perigos do mundo dos deuses.

𝐓𝐇𝐄 𝐋𝐎𝐒𝐓 𝐃𝐀𝐔𝐆𝐇𝐓𝐄𝐑 - 𝐏𝐉𝐎Onde histórias criam vida. Descubra agora