AS HORAS SEGUINTES SE tornariam uma lembrança que eu nunca esqueceria, e não era num bom sentido.
Lutei como nunca havia lutado antes — o que realmente não era muito.
Investi contra dracaenaes ao lado de Annabeth, derrubei alguns demônios aquáticos com Percy, destrui empousais e nocauteei semideuses inimigos. Isso tudo me rendendo muito ferimentos, muitos mesmo.
Mas independentemente de quantos nós derrotassemos, outros tomavam seu lugar.
Nós três corremos de quarteirão em quarteirão, tentando auxiliar nossas próprias defesas. Muitos semideuses jaziam caídos nas ruas, feridos. Muitos estavam desaparecidos.
À medida que a noite transcorria e a lua ficava mais alta no céu, fomos empurrados para trás metro a metro, até estarmos a apenas uma quadra do Empire State Building.
Num momento, Grover estava perto de nós, batendo na cabeça de mulheres cobras com seu porrete. Então ele desaparecia na multidão, e era Thalia aparecia, fazendo os monstros recuarem com o poder de seu escudo mágico.
A sra. O'Leary surgiu saltitando do nada, pegou um gigante lestrigão na boca e lançou-o no ar como um frisbee. Annabeth usava seu boné de invisibilidade — o qual fiquei chocada ai descibrir que existia — para passar sorrateiramente por trás das linhas inimigas. Sempre que um monstro se desintegrava sem nenhuma razão aparente e com uma expressão de surpresa na cara, eu sabia que Annabeth passara por ali.
Mas ainda não era suficiente.
— Mantenham as posições! — gritou uma semideusa chamada Katie Gardner de algum ponto à minha esquerda. Havia a conhecido na cozinha mais cedo.
O problema é que havia bem poucos de nós para manter qualquer coisa. A entrada para o Olimpo estava uns sete metros atrás de nós. Um círculo de bravos semideuses, Caçadoras e espíritos da natureza guardavam as portas.
Percy brandia a espada e golpeava, destruindo tudo em seu caminho, mas mesmo ele parecia cansado. Além do mais, ele não podia estar em todos os lugares ao mesmo tempo.
Na retaguarda das tropas inimigas, algumas quadras para leste, uma luz brilhante começou a reluzir. Pensei que fosse o sol nascente. Então percebi que o tal titã chefe, Cronos, vinha em nossa direção em uma carruagem dourada.
Uma dúzia de gigantes lestrigões carregava tochas diante dele. Dois hiperbóreos carregavam suas bandeiras pretas e roxas. O Senhor dos Titãs parecia bem-disposto e descansado, imaginava que seus poderes estavam na capacidade máxima.
Annabeth apareceu ao nosso lado.
— Precisamos recuar para a entrada. Defendê-la a todo custo!
Ela tinha razão. Percy parecia prestes a ordenar uma retirada quando ouvimos a trompa de caça.
O som atravessava o ruído da batalha como um alarme de incêndio. Um coro de trompas respondeu, ecoando por todo canto nos edifícios de Manhattan.
Olhei para Thalia, mas ela simplesmente franziu a testa.
— Não são as Caçadoras — assegurou. — Estamos todas aqui. — Então, quem?
As trompas soaram mais alto. Eu não sabia dizer de onde estavam vindo por causa do eco, mas parecia que um exército inteiro se aproximava.
Eu receava que fossem mais inimigos, mas as tropas de Cronos pareciam tão confusas quanto nós. Gigantes baixavam seus porretes. Dracaenae silvavam. Até mesmo a guarda de honra de Cronos parecia inquieta.
Então, à nossa esquerda, uma centena de monstros gritou ao mesmo tempo. O flanco norte de Cronos inteiro avançou. Pensei que estivéssemos mortos, mas eles não atacaram. Correram, passando por nós, e foram de encontro a seus aliados do sul.
Uma nova explosão de trompas sacudiu a noite. O ar tremulava. Em um movimento indistinto, toda uma cavalaria surgiu como se caísse do céu na velocidade da luz.
— É, benzinho! — gemeu uma voz. — É HORA DA FESTA!
Arregalei os olhos quando uma chuva de flechas voou sobre nossas cabeças, caindo sobre os inimigos e pulverizando centenas de demônios. Mas não eram flechas comuns. Eram flechas que assoviavam ao voar, fazendo um som parecido com "UÍÍÍÍÍÍ!". Algumas tinham cata-ventos presos a elas. Outras tinham luvas de boxe no lugar da ponta.
— Centauros! — gritou Annabeth.
— Ai meu deus! — Um trovão soou, me assustando.
Um exército de centauros vestidos com camisetas dizendo "Pôneis de Festa" explodiu entre nós num tumulto de cores: camisas com estampas tie-dye, perucas afro multicoloridas, enormes óculos de sol e rostos com pintura de guerra. Alguns tinham slogans rabiscados em seus flancos, como CAVALOS ARRASAM ou CRONOS É UM BOBALHÃO. Não aguentei segurar a risada diante desse.
Centenas deles tomaram a quadra. Meu cérebro não conseguia processar tudo o que eu via, mas eu sabia que se eu fosse o inimigo, estaria correndo.
— Percy! — gritou um centauro acima do mar de centauros selvagens. Ele estava vestido com armadura da cintura para cima, o arco na mão, e sorria de satisfação. — Desculpe por chegarmos tarde!
— CARA! — gritou outro centauro. — Deixe a conversa para depois. ACABE COM OS MONSTROS AGORA!
Ele carregou uma pistola de paintball de cano duplo e disparou contra um cão infernal inimigo, tingindo-o de rosa-pink. A tinta deveria estar misturada a pó de bronze celestial ou algo semelhante, porque assim que ela atingiu e se espalhou pelo cão infernal, o monstro gritou e se dissolveu em uma poça rosa e preta.
— CARA! Eu PRECISO ser amiga deles! — Gritei por cima do barulho, maravilhada.
Isso me rendeu um olhar estranho dos mais próximos, que eu carinhosamente ignorei.
— PÔNEIS DE FESTA! — gritou um centauro. — SUL DA FLÓRIDA!
Em algum ponto do outro lado do campo de batalha, uma voz fanhosa gritou de volta:
— DIVISÃO CORAÇÃO DO TEXAS!
— O HAVAÍ ARRASA! — gritou uma terceira.
Era simplesmente a coisa mais linda que eu já vira. O exército inteiro do titã fez meia-volta e fugiu, empurrado por uma enchente de bolas de tinta, flechas, espadas e tacos de beisebol de borracha. Os centauros pisoteavam tudo em seu caminho.
— Parem de correr, seu bando de tolos! — gritou Cronos. — Fiquem e AJAAAMM!
Esta última parte foi por causa de um gigante hiperbóreo em pânico que tropeçou para trás e caiu sentado em cima dele. O Senhor do Tempo desapareceu sob um traseiro azul gigante. Gargalhei da visão, segurando a espada com mais força.
Nós os fizemos recuar várias quadras até que o mesmo centauro que cumprimentou Percy gritou:
— PAREM! Vocês prometeram. PAREM!
Não foi fácil, mas por fim a ordem foi transmitida pelas fileiras de centauros, e eles começaram a voltar, deixando o inimigo fugir.
— Quíron é esperto — disse Annabeth, enxugando o suor do rosto. — Se os perseguirmos, ficaremos dispersos demais. Precisamos nos reagrupar.
— Mas o inimigo...
— Eles não estão derrotados — concordou ela. — Mas a aurora está chegando. Pelo menos ganhamos algum tempo.
Eu agradecia a ideia de recuar, sentia que podia desmaiar de exaustão a qualquer momento. Observei os últimos monstros fugindo precipitadamente na direção do Rio East.
Então, agradecida, fiz meia-volta e segui na direção do Empire State Building.
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𝐓𝐇𝐄 𝐋𝐎𝐒𝐓 𝐃𝐀𝐔𝐆𝐇𝐓𝐄𝐑 - 𝐏𝐉𝐎
FanfictionDelphine Preston costumava ser uma garota normal com uma vida normal, pais comuns, amigos comuns e hobbies comuns. Até que... não era mais. Em uma tarde que turbulenta, Delphine descobre que sua vida está longe de ser comum. Ela é nada menos que uma...