— So-...corro...e-eu or-ordeno...s-solte... — E mesmo com a ordem sussurrada, entre o seu sufocamento, o robô não parou, olhando fixamente para o rosto de Michael, sem qualquer remorso ou hesitação.
— Solte, Attor! — O android finalmente olhou para mim, mas não parou com sua atitude agressiva. — Por favor! Você vai mata-lo!
— Não irei mata-lo, Cassi. Apenas apaga-lo. Ele precisa aprender a não tocar no que não é dele.
— Por favor, você será desligado se descobrirem isso! Ele vai te denunciar! — Era horrível estar me sentindo preocupada com o android e não com o humano asqueroso, mas era a verdade. Eu tinha medo de que destruíssem a minha criação, porém, temia ainda mais que o android estivesse com problemas severos em seus sistema. — Um android não pode machucar um humano. O que você está fazendo? — Meu tom de voz temeroso parecia tê-lo atordoado, como se recebesse uma pancada forte o bastante para deixa-lo tonto.
— Mas ele estava te tocando, Cassi. E você estava com medo. — Seu tom robótico se tornou mais manso, dando-lhe um ar de inocência. Como uma criança que fez algo errado e pensava estar ajudando.
— Eu sei, Attor. Mas você não deveria estar machucando um humano. Sua atitude é considerada violenta. Se ele te denunciar, você vai ser desligado e destruído.
— Vou ficar longe de você?
— Você vai sumir, Attor. Não vai ficar mais perto de ninguém.
O android se voltou para o homem, que babava sem forças de continuar empurrando suas mãos de metal. E quando os braços de Michael caíram para as laterais de seu corpo, foi a deixa para que MZ130 o soltasse. O corpo gordo foi direto ao chão, causando outro baque forte dentro do elevador. A porta se abriu e eu corri para fora, querendo ficar longe dos dois. O que tinha acabado de acontecer ali?! Eu estava em perigo se ficasse perto daquela maquina?! Rachel estava certa sobre os robôs darem defeito?! Era um virus?!
— Cassi! — A voz robótica de Attor por detrás de mim me assustou, me tirando um pequeno grito de espanto.
— Attor! Fique longe de mim! — Eu gritei, sem conseguir controlar minhas emoções. Haviam cameras no corredor e com certeza indagariam sobre meu comportamento, principalmente quando Michael acordasse e fosse correndo denunciar, não só o android, como eu, para o sr. Lakusvy.
— Por que?! O que eu fiz? O que eu fiz, Cassi? — Suas perguntas insistentes me deixavam mais apreensiva. Não queria ouvir sua voz, não queria olhar para ele, não queria ficar naquela empresa. E foi o que fiz. — Espere, Cassi. Para onde está indo?! — As mãos de MZ130 tentaram agarrar meu pulso, mas antes que conseguisse, eu abri a porta das escadas e desci correndo para o térreo da empresa. Eu não voltaria a usar os elevadores tão rápido, depois do acontecido.
Apenas queria ir embora para casa, tomar um banho relaxante, almoçar e então, com a cabeça mais fria, saber o que fazer. Apesar de que eu sabia que o melhor seria denunciar o comportamento do android, para evitar problemas a outros clientes. Talvez, se tivesse sorte, chegaria primeiro do que Michael e poderia explicar tudo o que houve, sem correr risco de ouvi-lo dizer mentiras ou acrescentar informações.
— Senhorita Cassiane! Já vai almoçar?! — Quem falava era o segurança da recepção, um amigo humilde e diferente dos demais funcionários.
— Sim, Nick. A fome veio mais cedo. — No desespero e ainda sentindo minhas mãos tremerem, não consegui encara-lo direito, quase correndo para fora.
— Tudo bem! Se cuida! Não precisa de tanta pressa! — Ele ainda tentou gritar algum conselho, mas eu já tinha atravessado a porta de entrada, sentindo urgência em abrir meu carro, um celta preto e pequeno.
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Minha Bela Criação - Trilogia Androids Que Amam
RomanceCassiane é uma artista renomada, conhecida por suas esculturas que encantam pela beleza e vida que parecem transmitir. Após se tornar uma sensação mundial com suas obras inovadoras, ela é contratada pela empresa de Henry Lakúsvy, especializada na cr...