Capítulo 01

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— E como tem lidado com tudo? — Minha amiga Rachel, não parava de me encher de perguntas, conforme eu andava pelos corredores da empresa Renovull. 

— Já disse que estou bem, Rachel.

— Desculpa, amiga. É que faz tanto tempo que não nos vemos. Sinto que tem se dedicado demais ao trabalho. Isso pode te sobrecarregar, não acha?

— Eu sei, eu sei. Peço desculpas. Mas o sr. Lakusv me fez prometer que terminaria o prototipo até o final dessa semana. Estou muito perto de terminar tudo.

 — Ele deve ser um pé no saco. Mas se isso lhe trouxer uma boa grana, então ta bom! Só não ultrapassa o seu limite, viu? Não quero saber de te encontrar em um hospital com crise de ansiedade! 

— Calma, Rachel. Isso não vai acontecer. Te prometo. — Eu achava muito fofo e carinhoso a forma como a mulher se importava com minha saúde, mesmo que estivéssemos longe. Também sabia que se eu passasse mal, não importa onde estivesse, a menina viria correndo para me ajudar. Era uma ótima amiga, daquelas que se encontra uma ou outra vez na vida.

— É bom mesmo! Nem sei o tamanho do seu sofrimento, tendo de ficar com uma criatura tão asquerosa quanto um robô.  — O tom desdenhoso demonstrava o quanto a mulher era contra os androids. Rachel achava que as maquinas iriam superar a inteligência humana e tomar o controle do mundo a qualquer momento. Eu ainda tentava convence-la de que era algo impossível, mas quando a mulher enfiava algo na cabeça, ninguém tirava.

— Não estou sendo torturada, Quel.

— Mas pode ser. De todo jeito, toma cuidado. Nunca fique sozinha com um monstro desses. 

— Os androids obedecem os comandos humanos, não tem perigo.

— Todo cuidado é pouco. Maquinas quebram. Ele pode se descontrolar e acabar te machucando! Fica esperta, amiga!  — O som alto de uma porta se abrindo no telefone me chamou a atenção.  — Vou ter que sair aqui, meu namorado chegou. 

— Manda um beijo para o Marlon.

— Mando sim, amiga. E toma cuidado! Fica com uma jarra de agua por perto, qualquer coisa, é só jogar no robo.

— Os androids são a prova de água.

— Aff! Assim como vamos nos defender quando precisarmos?!

— É porque não precisamos, Quel. 

— Precisamos sim! Ragna é a prova.  — Aquele era o nome do android de seu vizinho, que Rachel jurava observa-la o tempo inteiro. — Ontem a noite o sr. Johnson disse que ele pediu para fazerem uma visita para mim. Acredita nisso? Agora o android dele está querendo entrar na minha casa! Vê se pode? 

— Os androids são construídos para ajudar no bem estar dos seres humanos. Ele deve ter percebido que você anda muito sozinha com o trabalho novo de Marlon e quis ajuda-la a ter mais contato com outros humanos. Eles sabem que a socialização é importante para a nossa mente.

—  Mas se ele percebeu, significa que anda me observando! Viu? Nem você pode negar. — É...aquilo era um fato. 

— Não se preocupe, Quel, qualquer coisa, é melhor denunciar o sr. Johnson. Ele é o único que pode estar programando o android para ficar de olho em você. Esse velho é viúvo, não é? Tem motivo de sobra para agir como um pervertido.  

— Eu prefiro acreditar que o android escolheu fazer isso sozinho, imaginar o sr. Johnson é...— A mulher fez um som como se estivesse vomitando. —...nojento. 

— Senhorita Cassiane?  — Eu me virei para encarar uma mulher de jaleco branco, com cabelos escuros e presos em um coque apertado. Seus olhos azuis eram sérios e insistentes. — Poderia me acompanhar?

Minha Bela Criação - Trilogia Androids Que AmamOnde histórias criam vida. Descubra agora