Capítulo 05

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Era impressionante como já se faziam 6 meses desde que fizera aquela promessa e mesmo após tanto tempo, o android se lembrava claramente dela. Tudo bem que seu sistema de memoria avançado o ajudava, mas...ele havia decidido que se tratava  de uma informação importante para ser guardada. 

— Attor, você não me machucaria, não é? — Minha voz estava ofegante com o pensamento de ter meus ossos quebrados pela força esmagadora do android.

— Nunca lhe causaria dor, minha Cassi. O que eu quero fazer vai ser muito bom. — Seus olhos azuis pareciam brilhar de uma maneira tão intensa quanto as chamas de uma fogueira no escuro da floresta, incendiando-me com sensações estranhas. 

 — Se foi porque tive de corta-lo, juro que não sabia sobre os sinalizadores. Se soubesse que estava sentindo dor, nunca teria feito daquela maneira.  Minhas costas finalmente bateram na parede de concreto cinza escuro.

— Calma, minha Cassi. Está fugindo como um rato encurralado pelo gato. Ouço seus batimentos cardíacos. — Seus olhos se fixaram em meu peito, devagar dando a volta pela mesa, com passos lentos e silenciosos. 

Aquela foi minha deixa para correr e gritar, batendo com minhas mãos fechadas na porta de metal fechada. Minha ideia foi acordar o sistema para que percebesse meu pavor e abrisse a porta. 

— Socorro! Por favor, abra a porta! — Meu grito soou pela sala, ficando acima do som da TV.

 — Olá! Senhorita Cassiane. Já a alertei sobre os problemas que estamos enfrentando, para sua segurança, a porta será mantida fechada. 

— Eu estou sendo atacada por um android, seu computador idiota! — Gritei, frustrada pelo o que estava havendo! O sistema era cego?!

— Acho que você não está entendendo, senhorita Cassiane. Eu não vou abrir as portas até ordens maiores. 

— Mas que droga! Tem um android nessa sala! Ligado! E descontrolado.

— O único android do qual estou detectando é MZ130, novo protótipo da Renovull. Ele não apresenta ameaça. Sem virus em sua programação.

Mas ele...por favor, abra a porta! — Gritei pela ultima vez, batendo com os dois punhos na porta de metal, com força o bastante para senti-los doer. — Ai, droga. — Reclamei, massageando as mãos.

— Por favor, minha Cassi, não se machuque. — Eu senti o peito duro de Attor, quando dei passos para trás, na esperança de me virar e correr para outra parte da sala. — Acalme-se.  — Não tinha saído como um pedido. Era uma ordem, clara e objetiva. 

— Me deixa em paz. — Sussurrei, me encolhendo perante os golpes que eu sabia que viriam. Talvez morrer não fosse tão demorado, talvez não doesse tanto. 

— Não posso fazer isso, porque você é a minha paz, Cassi. Só você consegue fazer a dor parar. — Seus braços fortes rodearam minha cintura, com uma delicadeza surpreendente. Demorei para perceber que MZ130 me abraçava carinhosamente por trás. 

— Você está sentindo dor, Attor? — Minha voz estava baixa, tentando segurar o medo e as demais emoções que se acumulavam naquele momento. 

Sempre

Sua revelação me chocou, foi só então que tive uma ideia estranha. Talvez o android quisesse alguém como papel materno, já que era sempre ensinado a constituição de uma família. Com isso em mente, levantei minha mão e comecei a acariciar seus cabelos grossos e macios, sem olhar ou virar minha cabeça para ele. 

— Ah...Cassi, se você soubesse o quanto eu te desejo. — O android murmurou, enquanto apoiava o queixo por cima de minha cabeça. Seu aperto continuou o mesmo, mas seus dedos começaram a rodar em minha camiseta, alisando-me sutilmente na cintura. 

Minha Bela Criação - Trilogia Androids Que AmamOnde histórias criam vida. Descubra agora