Capítulo 13

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Quando eu acordei, percebi que estava novamente trocada, com chinelos pretos e simples. O meu conforto ali era grande, principalmente naquela cama bem acolchoada. Julguei que fosse noite, quando olhei para fora da janela e não vi nuvens ou o sol. Não era do meu feitio trocar o dia pela noite, mas depois que as memorias da minha fuga mal sucedida voltaram, não pude reclamar. 

Assim que me levantei senti uma pequena pressão na cabeça, e para aguenta-la, fiz uma sútil expressão de dor, colocando a mão na cabeça. Em questão de poucos segundos, dedos de aço pegaram nos meus, com delicadeza e uma grande mão se enrolou em minha cintura.

— Olá, dorminhoca. — Os olhos azuis me encararam, como o céu límpido. Não percebi Attor no canto escuro do quarto, graças a falta de iluminação da janela e a lâmpada do quarto desligada. — Você está bem, minha Cassi?

— Um pouco de dor de cabeça, nada muito sério. — Se fosse outro momento, eu teria o empurrado depressa, principalmente por não saber o que ele faria comigo ao descobrir sobre minha fuga. Mas depois de tanta coisa, apenas aceitei seu aperto e deitei sobre seu peito.

 — O estresse no seu corpo está em 74%, deveria continuar deitada. 

— Se eu ficar deitada, vou enlouquecer.  — Ficar sem fazer nada era horrivel para alguém tão acostumada com trabalho, como eu.

— Se você ficar doente, sou eu quem irá enlouquecer.  — Os lábios de Attor estavam muito próximos do meu rosto, e ao sussurrarem tais palavras, percebi nossa muito pouca distância.

— Oh...você não tem a minima ideia de como posso interpretar suas palavras, não é?

 — Tenho uma base. Espero que esteja dando certo. — Ele piscou para mim, me tirando um sorriso completamente espontâneo. Me sentei de volta na cama, com a ajuda dele, e me cobri com a fina manta que estava sobre mim. 

— Quando quis me jogar você estava aqui e agora também está. 

— Você estava querendo se jogar? — Os olhos de Attor se arregalaram, com preocupação. — Naquele dia presumi que bolaria algum plano para escapar, mas não que desejava isso. 

— É brincadeira. — Eu ri, colocando minha mão sobre a dele, que descansava ao meu lado, na cama. — Foi apenas modo de dizer. Nas duas vezes não te percebi aqui dentro.

— Por favor, não brinque com isso. Me senti de mãos atadas.  — Ele realmente parecia afetado pelas minhas palavras, o que eu achei muito fofo. 

— Me desculpe, senhor ninja.

— Nós androids não fazemos sons. Temos isolantes sonoros nos pés, para não atrapalharmos nossos donos, enquanto dormem. 

— Seus donos?  — E aquela foi a primeira vez que senti uma inquietação em meu coração, ums pontada de...ciúmes. Quem teria recebido Attor, se tanta coisa não tivesse acontecido? Talvez uma mulher bonitona, de alto status. 

— No caso, agora você é a minha dona, Cassi. A dona do meu coração.  — Minha boca ficou aberta, e minhas bochechas esquentaram muito rápido. Tive de virar o rosto para disfarçar minha reação. — E se for para não atrapalhar seu sono, fico feliz te ter passado pela dor dos isolantes. 

— Dor?  — Aquilo me chamou a atenção, suficiente para esquecer as sensações. 

— Não é necessário saber disso, agora. 

— Por favor, Attor. 

— Durma, minha Cassi. 

— Tudo bem. — Eu desisti, momentaneamente, de tentar arrancar alguma resposta dele. — Mas só ficarei deitada se você...— Os olhos dele se abriram mais, ansiosos para o que eu diria. —...me trouxer uma tela e tinta. — Sua expressão murchou e eu quis novamente rir. O que ele esperava que eu dissesse?

Minha Bela Criação - Trilogia Androids Que AmamOnde histórias criam vida. Descubra agora