O Assunto

803 56 27
                                    

Albus não sabia explicar qual era a sensação que sentia desde a reunião pavorosa entre ele e seus pais para discutir o "assunto" desconfortável que havia acontecido há, mais ou menos, 2 dias atrás. Após a reunião, ele arrumou suas malas e seu baú e ele e Scorpius foram levados para um quarto separado.
Era um pouco acima dos dormitórios, Melucine Zabini havia comentado que era um quarto desativado de monitores, já que agora eles tinham mais regalias do que os outros alunos. Cada monitor tinha uma espécie de vantagem dependendo da sua casa, a da Sonserina eram os quartos privados e passagens secretas que podiam acessar para chegarem mais rápido em salas de aula-este benefício que dividiam com os monitores da Corvinal-, mas, devido a alguns problemas com festas, alguns poucos monitores podiam ter quartos separados agora, em geral, somente os chefes.

Era legal dividir um quarto com Scorpius, ele era gentil e muito organizado, gostava de ler livros sentado a beirada de uma janela mediana que havia no quarto, a janela mágica refletia diretamente para as águas do lago negro, havia uma longa cortina para tapar aquela janela, mas  enquanto a luz do sol batesse na superfície e refletisse nas profundezas do lago, ela estaria aberta.

Naquele sábado, Albus estava fazendo um trabalho de poções, Scorpius havia perguntado se ele gostaria de ajuda, mas o moreno negou e disse que queria tentar fazer sozinho. Foi uma péssima ideia, porque, o neurônio que era a sua voz da razão e lógica pertencia a Scorp e não a ele mesmo.
Quer dizer, poções era um verdadeiro pé no saco, podia passar horas olhando para aquelas fórmulas "químicas" e mágicas que nada nunca entraria de primeira em seu cérebro.

– o pergaminho não vai te machucar, não precisa ficar olhando para ele com cara feia– a voz do garoto loiro ressou pelo quarto, ele estava sentado na janela e lia um livro, ao se virar, Albus pode notar em como seus cabelos loiros ficavam lindos ao serem refletidos pela luz que batia no vidro da janela e pela coloração esverdeada do lago.
Os olhos azuis ainda estavam fixos nas páginas do livro que ficava sob suas pernas que estavam também sob a janela.

– não estou fazendo cara feia...– resmungou baixinho e Scorpius soltou uma risada nasalada.

– você está a mais de 5 minutos parado olhando para o pergaminho como se fosse algo de outro mundo– Scorpius comentou e só então, virou o rosto para olhar o namorado– quer ajuda, Al?–

– quantas vezes preciso dizer que não gosto que me chame assim– Albus se virou, voltando a se debruçar sob o pergaminho e a escrivaninha cheia de livros abertos– lembra meu pai–

Ah sim. O assunto "Harry Potter" havia virado um tabu ainda maior para Albus durante aqueles dias, era como se todo o mal que existisse no mundo estivesse concentrado em uma pessoa só: Harry Potter. E a resposta para resolver todos os problemas era fingir que ele não existia e...evitar transar com Scorpius. Severus não sabia bem se o loiro havia notado ou não, mas estava evitando que o clima pendesse para algo mais sexual nos últimos dias, dentro de sí havia uma certa culpa pelos acontecimentos e ele se sentia o causador do perigo próximo de ser enviado para outra escola e ficar longe do garoto que amava e seus amigos.

Scorpius suspirou baixinho e soltou o livro, o fechando em um baque baixo e surdo, o garoto se levantou e caminhou até o Potter, passando os braços por seus ombros e o abraçando por trás da cadeira.

– desculpe– Scorp murmurou baixinho e depositou um beijo no topo dos cabelos de Albus– é que...sabe, geralmente casais tem apelidos–

– nós temos apelidos– Albus respondeu rapidamente.

– temos alguns, mas...por exemplo, minha mãe chamava meu pai de "amor", ou "querido"– explicou calmamente– sei que você sempre criticou apelidos "fofos" mas...eu adoraria te chamar de "amor" também–

DelicateOnde histórias criam vida. Descubra agora