Capítulo Nove

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Remamos de volta para o cais, o sol já está começando a ir embora. Não podemos demorar mais, se não ficará escuro demais para andarmos de bicicleta.

Subimos o gramado e voltamos para a recepção, Vitor ainda está lá, com os cabelos engrenhados e colados na testa por causa do suor.

─ Já vai? ─ Ele levanta o olhar quando me vê.

─ Aham. Estamos de bike.

─ Ah, entendo. Podemos nos ver qualquer dia desses?

─ Claro, podemos sim. ─ Eu sorrio surpresa, não esperava por isso.

─ Você pode vir aqui para a gente tomar algo juntos e trocar uma ideia.

─ Vai ser ótimo! Temos um combinado então.

─ Perfeito. ─ Ele sorri e escora na bancada. ─ Até mais.

─ Até. ─ Aceno para eles e nos afastamos.

─ Interessante como ele simplesmente ignorou a minha existência, é como se ele só enxergasse você no meio de tudo. ─ Caroline diz um pouco irritada.

─ Não seja exagerada. ─ Eu sorrio. ─ Você deixou ele desconcertado lá no cais. ─ Tiro o cadeado da bicicleta e a tiro do suporte. Caroline faz o mesmo.

─ Que seja, não me importo.

Começamos a fazer o percurso de volta, em silêncio, mas estou me acostumando a isso. Acostumando a ficar em silêncio na companhia de alguém. Na companhia de Caroline.

─ Você ainda quer me ajudar a completar a lista? ─ Ela diz quando nos aproximamos da casa dos seus avós.

─ Sim, me desculpe pelo modo como agi, mas por que você se irritou tanto?

─ É que não gostei muito daquele garoto, e aí vocês estavam meio de paquera e achei bleh.

─ Ah. ─ Digo meio confusa.

─ Podemos fazer uma festa do pijama amanhã à noite? E aí a gente pode fazer bolos e decorá-los. ─ Ela diz e desce da bicicleta.

─ Pode ser, posso chamar o Tom?

─ Ah. ─ Caroline parece pensativa. ─ Pode.

─ Por que parou para pensar? Vocês se dão bem. ─ Também desço da bicicleta e a deixo na garagem.

─ Não tinha pensado nele antes, só isso.

─ Então até amanhã. ─ Aceno e começo a me afastar. Ela também acena e vou correndo para a casa da minha tia, tio Diego ainda está no quintal mexendo com algumas coisas, cumprimento ele e entro em casa.

─ Oi, sumida. ─ Tom diz quando me vê, ele está no sofá da sala jogando palavras cruzadas. E agora posso constatar, Tom passa a maior parte dentro de casa no sofá.

─ Oi, priminho.

─ Agora não adianta negar que não é amiga da Carol, vocês ficaram juntas a tarde toda. ─ Ele vai direto ao ponto e me pega de surpresa.

─ Não foi a tarde toda, foi desde duas e pouca.

─ Agora já são quase sete da noite.

─ Ah não, Tom. Não exagera, a gente não se dá tão bem assim.

─ Por que isso? Acho que já passou da hora de você me dizer, perguntei a ela outro dia e ela não me disse. Agora estou curioso.

─ Ah, Tomas. ─ Suspiro e me sento ao seu lado. ─ Aconteceu algo no início do ano quando as aulas começaram, sabe?

O Verão DepoisOnde histórias criam vida. Descubra agora