Capítulo Seis

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Vou junto com Caroline até a casa dos seus avós, ela é bem grande e bonita, mas não como a casa da tia Bete.
Subimos uma escadinha de madeira que dá acesso ao sótão, a princípio fico sem entender o porquê, mas então me dou de cara com um lindo quarto. Ele é todo claro, há duas claraboias no teto e uma janela redonda que dá para o quintal. O teto é meio curvado em forma de v e as paredes são brancas, no centro do quarto há uma cama de casal com alguns ursinhos, e no canto um guarda-roupa pequeno e uma penteadeira vintage com vários cosméticos.

Vou para perto da janela e olho a vista, daqui tudo é ainda mais bonito e verde.

─ Então? ─ Pergunto e encaro Caroline, ela está mexendo em umas gavetas da penteadeira.

─ Achei. ─ Ela pega um papel dobrado e me entrega. É uma lista com alguns tópicos.

13 coisas para fazer em um verão inesquecível :
♡ - acampar
♡ - andar de barco
♡ - assar marshmellows em uma fogueira
♡ - dançar na chuva
♡ - decorar um bolo
♡ - fazer uma cápsula do tempo
♡ - fazer uma festa do pijama
♡ - fazer um piquenique
♡ - fazer uma trilha
♡ - ir a um museu de arte
♡ - ir ao cinema com os amigos
♡ - mergulhar em uma cachoeira
♡ - ver o céu estrelado

─ Fiz essa lista com meu pai, no início do ensino médio, mas nos afastamos um pouco por conta do trabalho dele e nunca mais toquei nela, até o acidente. ─ Ela diz e me analisa para ver minha reação.

─ Poxa, eu sinto muito. Você quer fazê-la? ─ Tento raciocinar o mais rápido possível, ela não me mostrou isso atoa.

─ Sim. ─ Caroline senta na cama. ─ Acho que ele gostaria que eu fizesse essa lista e também acho que amenizaria minha dor. Quando fizemos isso, ele me disse que o melhor verão dele foi quando tinha dezesseis anos... ─ Ela dá uma pausa e sorri de leve. ─ Quando conheceu a minha mãe.

─ Eu entendo e isso é lindo. ─ Assinto compreensiva, tenho vontade de perguntá-la como o acidente aconteceu, mas me contenho, não quero ser invasiva, aliás, não somos tão próximas assim, praticamente nada. ─ E onde eu entro nessa história?

─ Na verdade, eu tenho uma proposta. ─ Ela diz e eu a encaro confusa. ─ Não vai te prejudicar, relaxa. Consiste numa ajuda mútua.

─ Você vai me ajudar em quê?

─ Tomas me disse que você veio para cá para descansar a mente, acho que pode ser legal você se distrair me ajudando a cumprir a lista. Que tal?

─ É por que você não tem outra pessoa para ajudá-la, não é? Você deve estar sem amigos, assim como eu. ─ Digo e ela muda sua feição, ela deve estar me odiando por raciocinar tão rápido.

─ Esqueci que você é inteligente. Realmente, afastei praticamente quase todas as pessoas com quem tinha contato. Mas e aí? Você topa?

─ Não sei, Caroline.

─ Eu te deixo pensar, mas antes quero que saiba que nunca foi minha intenção te atacar daquela forma. Matias estava enchendo a minha cabeça e por pressão fiz o que veio na minha mente maluca, só não pensei no quanto você era legal, Estela. No quanto você era inteligente e divertida. Desde o incidente do baile coloquei você como uma vilã, porque eu me sentiria pior, se parasse para pensar no quão você era incrível. Quando afetei você eu também me afetei, eu sinto muito e entendo que se sinta receosa de me ter ao seu lado, mas não sou aquela Carol da escola.

─ É difícil para mim me apegar a essa ideia, mas vou me esforçar para isso. ─ Sorrio fraco. Não vou mentir que não tenho raiva dela por tudo que me fez passar, não há como eu simplesmente virar amiga de alguém que odiei o ano todo. Um dia não vai mudar todos os meus sentimentos, a vida não funciona dessa forma, mas posso me esforçar para reverter isso. ─ Obrigada por me compartilhar isso. Acho que posso tentar te ajudar com a lista, se é importante para você.

O Verão DepoisOnde histórias criam vida. Descubra agora