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(Any)

Os meses morando com Josh passaram voando. A cada dia ele me surpreendia com sua capacidade de me fazer rir quando eu tinha uma crise de choro, tudo por conta dos hormônios. Assim que descobrimos o sexo do bebê, ele fez questão de dar à sua sobrinha um quarto. Ele propôs desmontar a academia para isso, mas é claro que eu fui contra e tivemos nossa primeira briga.

Eu não planejava morar em seu apartamento para sempre, por isso fui contra ter um quarto só para a bebê. Concordei que ele colocasse um berço em meu quarto e a presenteasse com alguns presentes. Apesar de não concordar, ele aceitou e fizemos as pazes.

Nas semanas seguintes, Josh adquiriu um humor que não era habitual dele. Havia dias que chegava com a cara fechada e embora tentasse esconder, eu sabia que tinha algo errado e sempre que eu questionava, ele respondia que era seu projeto, mas algo me dizia que não era isso.

Para tentar amenizar, eu preparava seu prato preferido sempre que ele chegava sério. Sentávamos no sofá e eu contava como tinha sido meu dia e como eu estava conseguindo lidar com o falatório no campus. Quando minha barriga começou a ficar visível, algumas pessoas começaram a questionar se a gravidez tinha sido o estopim para o cancelamento do casamento. E o falatório só aumentou quando perceberam quem estava me levando para a faculdade todos os dias.

No início escondi isso de Josh, mas ele acabou ouvindo minha conversa com Sina e intensificou sua preocupação. Quando entrei no quinto mês, Josh começou a me acompanhar nas consultas e foi em uma delas que descobrimos que minha pressão estava instável. Com nova prescrição médica, Josh passou a ter cuidado em dobro com tudo o que fazia e o que comia.

Seu humor voltou ao que era antes, acredito que o quer que ele estivesse lidando tinha sido concluído. Foi bom ter ele de volta.

Com a chegado do sexto mês, meu corpo começou a dar sinais de cansaço. Fazíamos passeios no parque da cidade, caminhada sempre que ele conseguia chegar cedo e muitas idas ao cinema. Josh fazia questão de andar de mãos dadas comigo onde quer que fossemos. No início achei meio perturbador, éramos amigos, mas as pessoas que nos víamos sempre nos parabenizavam pelo casal bonito que formávamos e eu ficava constrangida quando explicava que ele era o tio de Victória.

Sim, minha filha já tinha nome. Foi Josh quem escolheu por seu significado: alguém valente, forte e cheio de saúde. Segundo ele, Victória seria minha força quando tudo parecesse difícil. Como ir contra quando ele sempre tinha a última palavra?

Josh estava comigo em todos os momentos, nas consultas médicas, nas reuniões de pais e bebês. Quando chegamos a fase de como cuidar de um recém-nascido, ele esteve comigo, foi ele que deu o primeiro banho no bebê de silicone, me fazendo passar vergonha quando deixei o boneco cair na banheira.

Ele tinha jeito com bebê, parecia que tinha nascido para ser pai e aos poucos, algo foi despertando em mim. Eu não conseguia mais vê-lo como meu amigo. Passei a ter sonhos com ele, andando de mãos dadas com Victória. No início, achei que estivesse imaginando coisas, estava em uma fase sensível e qualquer coisa que me acontecia, lá estava ele. Josh era minha âncora.

Sina- Então você acha que está apaixonada pelo seu ex-cunhado? (a menção do adjetivo ao Josh me chutou para a realidade)

Eu- Primeiro: Josh não é meu ex-cunhado. Quantas vezes vou ter que falar isso? E segundo, não sei se estou apaixonada...

Sina- Por tudo que me contou agora, não tenho dúvidas que está, mas e ele?

Eu- O que tem ele?

Sina- O amor é uma via de mão dupla, certo? Será que ele sente o mesmo?

Eu- Ele gosta de mim...

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